A pergunta é legitimada pelos últimos emails divulgados, num dos quais ficamos a saber que no Benfica-FC Porto, em Abril de 2015, a polícia divulgou ter apreendido 150 artigos pirotécnicos a adeptos dos dois clubes, mas… nunca revelou que 149 pertenceriam às claques dos encarnados.

«O jogo terminou empatado no campo (0-0) e nas apreensões às claques do Benfica e do FC Porto». Esta foi, pelo menos, a versão oficial difundida no final do jogo pelo comissário Rui Costa. Segundo este oficial, a polícia apreendeu 150 artigos pirotécnicos “pertencentes aos adeptos dos dois clubes”. Porém, novos emails revelados pelo blogue “mercadodebenficapolvo. wordpress.com” revelam, afinal, que 99% dos artigos foram apreendidos às claques dos encarnados, mas a polícia decidiu encobrir este facto.

Num email enviado por Rui Pereira, chefe de segurança do Estádio da Luz, para Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD, a 27 de abril de 2015 (um dia após o derby), o primeiro queixou-se que a “situação” com as claques estava a tornar-se “insustentável”. E relatou a sua versão dos acontecimentos do dia anterior, começando por dizer que a “a PSP descobriu ontem”, 26 de Abril de 2015, “um verdadeiro arsenal no interior de um WC, que serve de depósito/arrecadação de artigos pirotécnicos para todos os jogos… sem terem de ser sujeitos a revista nas portas. Há quanto tempo existe este esquema?”

Na mesma comunicação, Rui Pereira afirmou mesmo existir “há muito” um “esquema montado”, o qual teria “de envolver pessoal interno e que anda a prejudicar gravemente a posição e imagem do SL Benfica”. “Apesar de tudo, como pode”, continuou Rui Pereira, a “PSP dividiu a ‘captura’ dos 150 artefactos entre adeptos SLB e FCP, omitindo à opinião pública que o resultado foi de 149-1!!!”.

Tudo isto se comprova no seguimento da partida. Em declarações aos jornalistas, o comissário Rui Costa afirmou: “Fora a detenção e a apreensão dos 150 artigos pirotécnicos, pertencentes aos adeptos dos dois clubes, não houve incidentes a registar. Dois adeptos do F. C. Porto foram detetados com mais de 1,2 gramas de álcool e abandonaram do Estádio da Luz. A saída dos adeptos do F. C. Porto decorreu dentro da normalidade”.

O mesmo email para Domingos Soares de Oliveira, contém uma segunda comunicação entre Rui Pereira e o subintendente da PSP Pedro Pinho, na qual, após fazer referência às declarações públicas sobre a apreensão de artefactos pirotécnicos, o director de segurança da Luz concluiu: “Devo-lhe um agradecimento e apreço especial a si, por sentir estar implícito e notório nesta noticia um reconhecimento do trabalho e colaboração à estrutura de segurança do SLB.

Ainda assim, o director de segurança do Estádio da Luz informou o administrador da SAD que a polícia já o tinha informado ter sido aberto “um processo que refere o assunto mais pormenorizadamente, como determina a lei, ao contrário da mensagem para os OCS, pelo que certamente iremos ter problemas com as autoridades (Diretor de Segurança/Administração/ Presidente)”. Os novos emails revelam ainda documentação relativa a um processo de contraordenação instaurado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude ao Benfica relativamente ao jogo de 26 de Abril com o FC Porto, mas a descoberta de material pirotécnico não é referida.

Ainda bem que o Vieira nunca soube que o benfic@ tinha claques…

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