Ainda sem acesso à entrevista que Bruno Fernandes dá, hoje, à Bola, deixo-vos alguns dos destaques que já vão rodando na web. E o maior, claro, é este: «Voltei pelos mesmos valores. Estou muito tranquilo para falar sobre esse assunto, as pessoas que me são mais próximas sabem que eu não ganhei um euro em voltar para o Sporting, e neste momento podia estar com os bolsos cheios, não só ao voltar para o Sporting como em ir para outro clube qualquer».

E adiantou que não gostou da comissão que o empresário ganhou com o regresso a Alvalade. «Foi uma das coisas pelas quais tive uma discussão com o meu agente porque eu não sabia dessa comissão e confrontei-o com isso. Confrontei-o porque o meu objetivo, e ele sabia que o meu foco a vir para o Sporting seria vir com o mesmo salário, vir com as mesmas condições e quando chegasse a nova direção, se achasse por bem renovar-me o contrato, renovaria», acrescentou.

«Por tudo aquilo que o Sporting me deu, por toda a oportunidade que eu tive e que por todo aquele acolhimento dado pela maioria dos adeptos, pelo carinho que me deram desde o momento que cheguei até esse momento da minha decisão, achei por bem voltar. Também pelo bem da minha carreira obviamente, para poder continuar num clube no qual os objetivos eram os mesmos que os meus», disse o médio em entrevista ao jornal «A Bola».
«O Sporting apostou em mim, pagou 8,5 milhões por mim. Para um clube português é muito dinheiro e eu sentia-me, e sinto-me, também um bocadinho em dívida», adiantou, explicando que, após a rescisão, fez um balanço da época.

Para Bruno Fernandes, o ataque à academia foi «um momento negativo num ano inteiro, um momento que ninguém esperava», mas frisou que nesse ano também teve «muitas coisas boas». «Foi o melhor ano da minha carreira», acrescentou, dizendo que ainda não tinha concluido os seus objetivos no Sporting e que essa foi outra das razões para ter voltado.

O médio explicou ainda que a saída não teve a ver com Bruno de Carvalho: «Não rescindi o contrato por causa do presidente, mas sim por causa do que aconteceu na academia».

Bruno Fernandes disse ainda que o ataque à academia é um assunto «que não é fácil de falar» e contou que os primeiros dias de regresso a Alcochete «foram difíceis», tendo a situação melhorado após alguns alterações nas instalações «que fizeram com que os jogadores sentissem menos o que aconteceu».

O jogador disse ainda que não participou no vídeo de Natal, em que o Sporting faz uma reconstituição do ataque, com crianças, por não se sentir à vontade «para reviver certos momentos», apesar de dizer que, depois de ver o resultado final, lhe pareceu ter sido «uma ideia muito boa».

Olhando para trás, Bruno Fernandes falou da instabilidade do início da época. «A equipa podia não estar a jogar bem, as ideias podiam não ser as melhores, os resultados também, mas o mister José Peseiro fez de treinador, diretor, delegado e tudo mais», afirmou. «Acho que o papel de Peseiro, e que pouca gente deu valor, foi muito importante e o nosso foco esteve só no futebol».

Sobre o novo momento da equipa com Marcel Keizer, o médio diz que «é normal que, quando as coisas estão bem e o futebol sai tão fluído, as pessoas estejam mais felizes».

Bruno Fernandes diz que Keizer é «frontal» e «não esconde o que tem a dizer» e lembrou que a equipa estava habituada «a um treinador direto», que era Jorge Jesus, embora admita que o holandês é mais tranquilo do que era o técnico português e recordou: «Os laterais e extremos passavam um bocadinho mal… mas eu jogava mais no meio era mais difícil a voz dele lá chegar…»

«É um treinador a quem agradeço tudo o que fez por mim, ajudou-me a crescer muito. Obviamente agora vai gabar-se disso», disse ainda Bruno Fernandes sobre Jesus, dizendo que foi o técnico quem fez com que a sua vinda para o Sporting fosse possível.