Perante todas as adversidades, os sportinguistas disseram sempre presente. E se durante todos estes anos são poucos os títulos de que nos podemos orgulhar e se o nosso museu pouco ou nada cresceu desde que conquistámos dois campeonatos nacionais em três temporadas, a verdade é que mostrámos sempre ser um grupo de adeptos diferente, presente, empenhado e movido pela devoção ao Sporting (muito mais do que pela devoção do Sporting a todos nós).

Os nossos rivais nunca admitiriam tal coisa, mas era com surpresa que olhavam para o Estádio de Alvalade tão cheio, tão alegre e tão vivo. Era com inveja que nos viam nunca desistir de todas as lutas, mesmo sabendo que em Maio pouco teríamos para celebrar. E por isso é que lhes dá tanto prazer vencer-nos e calar-nos, porque se espantam como é que alguém que não ganha há tanto tempo consegue ser tão chato.

Hoje, temo que o Sporting enfrenta uma espécie de morte lenta, um coma profundo de que não quer acordar e que cada vez mais afasta as suas gentes das suas bancadas e da sua vida activa.

Preocupante a todos os níveis a falta de adeptos no estádio, a falta de mobilização dos sportinguistas para acompanhar a equipa para todo o lado, preocupantes as cadeiras vazias no João Rocha, a apatia geral que parece ter-se abatido sobre um clube habituado a guerrilhas internas, mas que entre todas as tempestades teve uma massa associativa que nunca permitiu a queda do gigante.

panoramica-alvalade

O Sporting fora do terreno de jogo deixou de existir (e parece que nem a possibilidade de conquistar um troféu oficial frente aos adversários directos abana este estado de coisas). Os adeptos sentem-se desligados da forma de comunicar do clube, sentem-se frustados com o Jornal e Canal oficiais, sentem que não conhecem as pessoas que dirigem, apanham os cacos de um Verão terrível e simplesmente deixaram de aparecer. Porque existem limites ao sacrifício e à motivação que podemos pedir a alguém.

Os sportinguistas estão a dizer “chega”. Chega de sacrificar tanto por tão pouco, chega de irritação e discussão, chega de apoiar cegamente sem a ligação emocional obrigatória quando falamos de um clube futebol. Não adoramos nem odiamos este grupo de jogadores, sabemos que eles existem e torcemos por eles, mas se estiver muito frio ficamos por casa. E o mesmo para qualquer Assembleia Geral e o mesmo para qualquer partida no João Rocha. O Sporting que conhecemos a nossa vida toda, apoiado por um bando de loucos capazes de quase tudo pelo seu clube, está a morrer. Uma simples ida a Alvalade e constatamos esse triste facto, por muito que o tentemos negar.

Cabe a quem comanda os nossos destinos e aos nossos ídolos recuperar essa ligação emocional cada vez mais perdida. Porque não, nunca vou compreender que tenhamos meia dúzia de pessoas numa meia final frente ao Braga, que ao estarmos na luta pelo campeonato (e depois de uma sequência de goleadas) não tenhamos sequer 30 mil pessoas no estádio. O Sporting que adoro ilude-se desmedidamente por qualquer treinador que consiga meter os jogadores a praticar bom futebol, exagera o valor dos seus craques, faz conta a toda a hora para vermos o que precisamos para ser campeões e nunca (mesmo nunca) desiste!

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa