Escrevo-te como pai. Escrevo-te como Sportinguista. Escrevo-te como alguém que se recusa a abdicar da máxima #ZeroÍdolosOCaray. Escrevo-te como um adulto que se recusa a deixar de olhar para o desporto e para o futebol, em particular, com o olhar de uma criança. Escrevo-te para dizer-te “obrigado”, em nome de todos estes eu.

Por esta altura já terás tido acesso às imagens que te mostram o que significou para a minha filha teres respondido à sua carta, intitulada Foste a minha primeira Taça, foste o meu primeiro autógrafo. Não imaginas a quantidade de vezes que ela me perguntou se tu a tinhas lido. E o ar que fez quando lhe disse que, sim, já te tinham mostrado as suas palavras. A partir dessa data, dia sim dia não, pergunta-me “o Nani já respondeu?”. E, felizmente, tu foste capaz de perceber o quão importante era responderes.

A tua camisola passou a fazer parte da decoração do quarto. O teu gesto passou a fazer parte das memórias de uma menina que sonha ser jogadora de futebol. De uma menina que respira Sporting e não hesita em demonstrá-lo, seja onde for. A tua mensagem tornou-a mais próxima do Sporting dela, do meu Sporting, do teu Sporting. Nosso. É do caraças poder dizê-lo…

E a tua camisola passou, também, a fazer parte do meu dia a dia. A mexer com as minhas memórias. Porque, invariavelmente, quando a vejo, ali, em destaque, me recordo do autógrafo do Douglas que andava colado a mim até desaparecer depois de esquecido no bolso das calças, antes da lavagem. Porque, invariavelmente, quando a vejo, consigo ver todos os craques a sair da 10A, rumo ao campo de treino, e consigo escutar o som dos pitons de alumínio a virem lá de dentro antes de mudarem o ritmo sobre o alcatrão. E eu, a caminhar a seu lado, entre a vergonha e o entusiasmo, sonhando ser como eles, nem que para isso tivesse que dormir com a verde e branca vestida.

É este sentimento que lhe passo, mesmo sabendo que, quando os ídolos partem, o sofrimento é maior. Chama-lhe romantismo, utopia, o que quiseres. Olhar para vocês, jogadores, como a extensão dos nossos sonhos. Como um de nós, de Rampante ao peito, mas com a sorte de estar em campo a defendê-lo. Vocês lá dentro, nós cá fora. Unidos por esse algo tão maior chamado Sporting. Não sei viver o futebol de outra forma. Não quero viver o futebol de outra forma. E é assim que quero ensiná-lo à minha filha. Obrigado pela ajuda, Nani!

p.s. – o dia 22 de Abril, data em que foi realizada a surpresa, foi oficialmente designado como dia #ZeroÍdolosOCaray