Numa tarde memorável, o Sporting recuperou saudosos tempos dos Cinco Violinos e aplicou oito golos a um Belenenses SAD completamente atarantado perante o que estava a acontecer-lhe. No regresso ao Jamor, os Leões caçaram fantasmas e recuperam sorrisos que há demasiado tempo andam arredados dos seus rostos

Raphinha (10′), Luiz Phellype (45+1′), Gudelj (65′), Bruno Fernandes (70′, g.p., 75′ e 84′), Bas Dost (77′) e Doumbia (90′). Pelo meio, Licá (61′) ainda reduziu para o Belenenses, mas são estes os nomes a ficarem gravados numa incrível goleada do Sporting ao Belenenses, que transforma esta equipa de Keizer no melhor ataque do Sporting das últimas três épocas, a três golos de ser o melhor ataque dos últimos 45 anos dos leões em todas as competições.

Estes e o de Muriel, guarda redes que tem sido uma das figuras do Belenenses e que, ontem, teve uma tarde desgraçada, oferecendo o golo inaugural a Raphinha (demonstração de classe do extremo, no aproveitamento do erro do redes) e sendo expulso pouco depois dos 20 minutos, por saída temerária que derrubou o mesmo camisola 21 quando este seguia rumo ao 2-0, após passe Magic Johnson de Bruno Fernandes.

Mas antes desse desnorte do irmão de Alisson Becker, já o Sporting podia ter marcado, logo aos três minutos, quando uma perda de bola azul à entrada da sua área deu a oportunidade a Gudelj atirar para uma baliza onde apareceu Cleylton a salvar em cima da linha de golo. Na resposta, o Belém ameaçou por Licá, num remate às malhas laterais. O jogo era de parada e resposta, entre duas equipas com possibilidade de jogar para o espectáculo, algo para o qual contribui a vontade de começar a construir desde trás, uma das imagens de marca do Belenenses, e que resultaria num passe falhado e no primeiro golo do Sporting.

Depois a expulsão e de Silas a abdicar do seu trio de defesas para passar a jogar numa espécie de 4-4-1, o Sporting foi competente e soube gerir da melhor forma a vantagem numérica com circulação de bola, alcançando uns incríveis 94% de eficácia de passe na primeira parte algo que, diz a estatística, se tornou no recorde da Liga até ao momento. As oportunidades iam aparecendo, mas só no tempo de descontos dos primeiros 45 minutos a bola voltou a entrar, depois de um remate forte e rasteiro de Luiz Phellype a que Guilherme, redes suplente dos pastéis, não se opôs com a devida eficácia.

O Sporting reentrou bem, esteve perto de fazer o 1-3, mas baixou o ritmo e permitiu ao Belenenses chegar à sua área e aproveitar dez minutos de quase ausência dos Leões do relvado do Jamor. No primeiro ameaço Renan defendeu, ao segundo voltou a defender, mas não o suficiente para afastar a bola da recarga de Licá. A crença azul durou até um remate de Gudelj bater nas costas de um jogador azul e enganar completamente o guarda redes, a 25 minutos do final.

Só que, em vez de gerir a vantagem, o Sporting carregou no acelerador e ofereceu aos seus adeptos uma tarde de sorrisos no estádio onde há menos de um ano tantas lágrimas ficaram. Deu para um hat-trick de Bruno Fernandes, agora, sim, o médio mais goleador de sempre em Campeonatos Europeus ao longo de uma única época. Deu para Doumbia se estrear a marcar de Leão ao peito e deu para, depois de quase dois meses ausente, Bas Dost regressar e iluminar a tarde com aquele sorriso do qual é impossível não ter saudades.