A semana passada tinha decidido que estaria na altura de irmos falando dos nossos reforços. Começámos pelo Francisco Pombeiro e agora a Daniela Loureiro. Os mais atentos, com razão, sabem que a Daniela já fazia parte da nossa equipa na época passada. No entanto, no início da época teve uma lesão gravíssima que a retirou de todos os jogos. Aos meus olhos parece-me que este é um novo começo, do zero mesmo, por isso vamos espreitar quem é a Daniela Loureiro.

Esta jogadora foi aparecendo no banco de suplente ao longo da época. Umas vezes como extensão da equipa com o treinador e noutras tantas ocasiões como extensão do treinador com as jogadoras. Começo por vos mostrar a Daniela, tal e qual como eu a vi neste último ano. Espreitem este pedaço do jogo importante com o CD Aves, que acabámos por vencer. Reparem como o Sá Pinto, oh desculpem, a Daniela festejou esta vitória. Esta jogadora aparece ao segundo 10, no canto inferior esquerdo da imagem, de polo todo verde e calção preto. Apreciem!

Muitas são as vezes que podemos, devemos e utilizamos palavras de outros pela perfeição das mesmas. Posso usar as palavras do Miguel Esteves Cardoso para falar da Daniela Loureiro? É que parece um vestido feito à sua medida. Nascida no país do voleibol, Espinho, tem genes que conheço bem. Gostava de falar neles citando o autor que destaquei anteriormente. “As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos impossíveis. Têm o ar de quem pertence a si própria. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer.”

A Daniela Loureiro anda pelo voleibol há muitos anos. Mais de 20. Temos, por isso, no nosso clube alguém com anos suficientes para ter a maturidade e experiência que precisamos. Ao mesmo tempo, por ter nascido apenas em 1987, dá-nos futuro. Não sei se se tornará um símbolo do Sporting Clube de Portugal, mas foi um símbolo do CF “Os Belenenses” pelo que lá viveu e venceu. Como líbero dessa equipa colecionou internacionalizações na nossa seleção nacional. Foram muitos os jogos que lhe conferiram um estatuto de craque. Fazer bem uma tarefa não é suficiente. A Daniela é, também, uma excelente treinadora de formação, tendo estado, consecutivamente, em finais nacionais disputando, com as suas equipas, o campeonato nacional. A Beatriz Rodrigues, nossa distribuidora, pode atestar a competência da sua colega e ex-treinador. Nem imagino como será ser colega da treinadora de muitos anos. ­­­­

Imaginar como é a personalidade de alguém pode ser moldado pela forma como essa pessoa escreve. Acontece-nos a todos. Se nós já achamos que conhecemos alguém só de olhar, imagino quando a lemos. Encontrei umas palavras muito interessantes da Daniela Loureiro quando a nossa seleção obteve a classificação histórica para o Europeu. “Quando um grupo se junta por um objetivo e no caminho conquista tantas memórias boas do processo, significa que valeram a pena todas as semanas, dias, horas e minutos dedicados aquilo que tanto adoramos!” Lemos aqui alguém com: foco, persistência, capacidade de trabalho, dedicação, determinação, espírito coletivo e vontade de vencer.

O objetivo de vida de todos, imagino eu, é ser feliz. Uns fazem mais por isso que outros. Há uma pergunta que nos podemos fazer, no final de cada dia, para saber se estamos a trabalhar para esse objetivo. “Foste um bom robot hoje?” A pergunta encontrei-a num texto antigo de um amigo, quando fazia umas arrumações. “Na vida é fundamental «criar hábitos» porque ser Pessoa não é uma tarefa que se improvisa. Mas, «criar hábitos» é diferente de «habituar-se» a viver como se os dias passassem diante de nós como numa linha de montagem em que se vão repetindo movimentos e ações sem perguntar «porquê» nem «para quê»”. Sim, continuo a falar da nossa jogadora porque ela está longe de ser um robot.

Resta-me terminar com uma pergunta para a Daniela Loureiro e faço-o em discurso direto. Como sabes, nós somos da raça que nunca se vergará. O capitão do hóquei João Pinto, em tempos, definia por palavras quem nós somos. Envio-as diretamente para ti. Ele dizia que TODOS têm de contar connosco. “Nós dentro de campo trabalhamos muito, nós somos do Sporting Clube de Portugal. Somos da raça que nunca se vergará. Para nos vergarem têm de trabalhar muito!” Depois da lesão que tiveste, há muitos sportinguistas à tua espera. Tenho a certeza de que estás pronta e com fome de começar agora a valer, esta aventura chamada Sporting Clube de Portugal. Eu estou contigo, a Tasca está contigo, os sportinguistas estão contigo.

Vamos recomeçar juntos?
Força Daniela! Força Voleibol! Viva o Sporting!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)