Humilhado na Turquia, o Sporting chega a Fevereiro e fica sem objectivos, restando-lhe disputar um terceiro lugar com Braga, Rio Ave, Famalicão e qualquer um que lhe queira fazer cócegas. Mas pior do que essa pobreza franciscana é a forma como os culpados por tudo isto vão convidado os Sportinguistas a afastarem-se do clube

Coates-Basaksehir

«Fomos superiores no conjunto das duas mãos». As palavras são de Emanuel Ferro e mostram bem a ausência de noção da realidade que norteia o nosso clube. Parte da direcção, obviamente, esse bando de incompetentes que diz não ser autistas e estar a fazer o fantástico trabalho invisível, e alastra ao resto da estrutura.

Emanuel, que até estava a fazer um belíssimo trabalho nos sub23, acabava de levar 4-1 de uns turcos quaisquer que andam nesta coisas dos jogos europeus à quatro ou cinco anos. Emanuel tinha visto a sua equipa desperdiçar uma vantagem de 3-1 trazida de Lisboa, fazendo uma primeira parte a roçar o patético (salvaram-se duas iniciativas individuais de Acuña) muito por culpa de uma estratégia de equipa pequenina, baixando linhas para esperar o adversário e tentar o golo fatal em contra ataque.

E, sim, é verdade que o Emanuel apenas dá a cara e berra no banco, que a estratégia, essa, é pensada por Silas. E Silas, que desde cedo disse que o problema do Sporting era a quantidade de golos que sofria, voltou a fazer o mesmo erro que acumula semana após semana: pedir à equipa para defender com linhas baixas. Foda-se, ó Silas, bastava recordares a primeira mão! A ganhar 3-0 diminuímos a pressão alta e o que aconteceu? Fizemos merda, uma, duas, três vezes. E sofremos um golo.

E, ontem, além de termos tido que levar com um Bolasie que já se está completamente a cagar para tudo isto e que no final da época vai à vida dele no lugar do Plata, levámos com a equipa a defender em bloco baixo. Resultado? 2-0 ao intervalo, exibindo nós uns orgulhosos 39% de posse de bola.

Foi preciso esperar dez minutos e quase levar o terceiro para Silas resolver meter Plata em campo. Menos de dez minutos volvidos, o equatoriano foi à ala canhota e meteu a bola em Acuña, para o inconformado ovo fazer o cruzamento perfeito para a cabeçada perfeita de Vietto. O Sporting voltava à vida e ficava na frente da eliminatória.

Os turcos ficaram abananados e o Sporting teve o seu melhor período do jogo. 20 minutos onde podia ter sentenciado a eliminatória, não fossem os falhanços de Sporar, Battaglia e Doumbia, entretanto lançado para segurar um miolo que foi sempre ausente. Battaglia tirou uma bola em cima da linha assim que o Sporting voltou a baixar linhas e alguém resolveu fazer uma substituição já para lá da hora, quando estava a ser preparado um canto contra o Sporting. Sempre me ensinaram que substituições em cantos, só quando somos nós a atacar. Será subjectivo dizer que houve consequência dessa mexida, mas a verdade é que o Sporting acabou a levar um golo onde é inacreditável como não há quem dê apoio a Ristovsky numa situação de 1×1.

E pronto, prolongamento, com uma equipa toda borrada, sem ser capaz de sair a jogar e entregando tudo nos pés de um puto que devia ter jogado de início e que, no final, deu uma lição a tudo e todos na flash. Ah, falta dizer-vos o que já sabem: Vietto fez penalti no último minuto do prolongamento e fomos eliminados, ficando com três meses para andar a jogar para o terceiro lugar com Braga, Rio Ave, Famalicão e qualquer outro que resolva vir fazer cócegas a este Leão descalço de pés e de alma.

Ficha de jogo
Basaksehir-Sporting, 4-1 (5-4 no conjunto das duas mãos)
Segunda mão dos 16 avos de final da Liga Europa
Fatih Terim Stadium, em Istambul, Turquia
Árbitro: Mateu Lahoz (Espanha)

Basaksehir: Mert Gunok, Júnior Caiçara, Skrtel, Epureanu, Clichy, Aleksic, Okechukwu (Ozcan, 77′), Irfan Can Kahveci (Robinho, 89′), Visca (Ponck, 120′), Elia (Gulbrandsen, 85′) Demba Ba
Suplentes não utilizados: Volkan Babacan, Tekdemir, Ugur Uçar
Treinador: Okan Buruk

Sporting: Maximiano, Ristovski, Coates, Ilori, Acuña, Battaglia, Wendel (Eduardo, 90+1′), Bolasie (Plata, 60′), Vietto, Jovane (Doumbia, 72′), Sporar (Pedro Mendes, 108′)
Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Rosier, Borja
Treinador: Silas

Golos: Skrtel (31′), Aleksic (45′), Vietto (68′), Visca (90+2′ e 119′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Wendel (34′), a Aleksic (37′), a Vietto (43′), a Clichy (71′), a Epureanu (74′), a Kahveci (81′)