Vem este post a propósito da antecipação de mais algumas movimentações de “notáveis” sportinguistas no sentido de alterar o modus vivendi do associativismo leonino que está plasmado nos Estatutos do Clube.

Convém começar por referir que esse modus vivendi é, neste momento, uma mera figura da retórica esatutária e do discernimento histórico do Universo Leonino o qual continua a percepcionar, na sua maioria, que o Sporting é um Clube que vive democraticamente (alguns pensam até que vive democraticamente demais, insinuando a existência de um superavit de “projectos” e/ou de “sistemas ideológicos” que se apresentam coma panaceia para todas as doenças de que padece o Clube).

Tal percepção “optimista” não se adequa de todo à dura realidade Associativa recente que decorre da praxis dos actuais dirigentes (o PMAG Rogério Alves à cabeça, mas também vários dos “responsáveis” Directivos, como Frederico Varandas, Salgado Zenha, Rahim Ahamad ou André Bernardo, entre outros), praxis essa que revela um menosprezo elitista ao potencial criativo latente numa maior participação dos associados nas decisões sobre o presente e o futuro do Clube, menosprezo consubstanciado por:

Os tiques ditatoriais de Rogério Alves [os Estatutos serão a interpretação que o PMAG fizer deles; as votações não necessitam de ser precedidas de qualquer debate ou esclarecimento das matérias a ser votadas; as actas não necessitam de leitura na AG seguinte (ou na própria, já agora); os documentos estruturantes a ser apresentados em AGs não necessitam de ser do conhecimento de TODOS os Associados e muito menos em tempo útil; as interpretações pessoais que o PMAG faz dos mesmos pontos Estatutos ou dos idênticos procedimentos normativos da vida associativa podem variar conforme as situações beneficiem ou não o satus quo vigente; os Estatutos Associativos que para um PMAG devem ser Letra de Ouro, para Rogério Alves são Letra Morta];

O desprezo elitista de Varandas e Zenha pelo comum associado [atitudes provocatórias e vexatórias em AGs como bocejar ostensivamente, comer displicentemente amendoíns ou lançar beijos de desprezo aos associados; atitudes persecutórias de conjuntos de sócios como modelo de atribuição dos males ou condicionalismos do Clube (vide C.I. de Janeiro de 2019, para falar que “a culpa é da pesada herança”, 1º bode expiatório de desculpabilização da sua incompetência que culmina na expulsão de sócios do anterior Presidente Bruno de Carvalho); classificação de sócios e adeptos como “burros”, “malucos”, “escumalha”, “(es)tristes”; o tratamento dado aos elementos – TODOS – de 2 claques que ousaram contestar publicamente o seu trabalho (“a culpa é das claques” – 2º bode expiatório de desculpabilização da sua incompetência que culmina com a denúncia do Protocolo que assinara com as claques apenas 2 meses antes); o tratamento vexatório alargado a todo o Sector Sul do Estádio José Alvalade, obrigando a revistas descriminatórias e abusivas; a comunicação via órgãos “privilegiados” de comunicação social de vários factos relevantes da vida do Clube e sempre insistindo que o que corre mal – que é quase tudo – tem origem em elementos e factores alienígenas à divina e incomensurável capacidade directiva do elenco Varandista (a culpa é da Covid-19, 3º bode expiatório de desculpabilização da sua incompetência, que culmina com despedimentos, reduções drásticas de salários, lay-off e justificação temporalmente desfasada para o incumprimento de obrigaçoes pecuniárias contratualmente acordadas com terceiros); a ausência de qualquer defesa específica aos NOSSOS que têm sido bárbara e cobardemente atacados por hordas de OUTROS numa estratégia de política de alianças não explícitas (até isto é encapotado) com um dos nossos rivais, precisamente aquele que em campanha tinha sido ameaçado de revelação dos seus reiterados actos de corrupção desportiva];

A afinação pelo mesmo diapasão vinda recorrentemente de outros elementos do CD [o já demissionário Rahim Ahamad que quase todas as semanas nos brindava com verdadeiras pérolas de TOTAL desconhecimento da História e dos Valores do Clube no Editoriais que publicava no novo Pravda leonino que tão incompetentemente dirigia; ou o novel André Bernardo, que é responsável por um documento “Estratégico” (???) para o “Futuro do Sporting” (que era suposto vigorar dois anos, mas que apenas durou 2 dias) onde comete a desfaçatez de considerar que “O principal ativo do Sporting CP são os seus atletas e os seus colaboradores” (deixaram de ser os Sócios o principal activo de uma Associação!!!; passaram a ser os atletas e os colaboradors PAGOS por essa associação – pelos Sócios, portanto) e que é também responsável por afirmar (no “Sporting” que antes se chamava Jornal) ou ainda de afirmar que “alienar a maioria da SAD é uma decisão que cabe aos sócios”.]

Resumindo, e sendo claro:
HISTORICAMENTE, o Sporting Clube de Portugal é um Clube essencialmente DEMOCRÁTICO que consubstancia nos seus Estatutos que o Poder Maior emana dos Sócios e se expressa nas Assembleias Gerais Ordinárias e Extraordinárias, sendo os Órgãos Sociais REPRESENTANTES desses sócios democraticamente sufragados em Assembleias Gerais Eleitorais (na realidade 2 “entulhos Estatutários” desvirtuam a verdadeira DEMOCRACIA HISTÓRICA do SCP – a desproporcionalidade dos votos dos associados e a limitação geográfica das AGs que confinam em Lisboa um Clube com a expressão Orgânica e Associativa de dimensão Nacional e mesmo Internacional como o Sporting; mas isso ainda são outros contos);

CONJUNTURALMENTE, no actual Status Quo, o Sporting Clube de Portugal é uma agravada ilusão de democracia, em que aos Sócios são repetida e conscientemente coartados ou limitados os seus direitos e em que o seu REAL Poder Associativo está transformado numa caricatura pavloviana de sujeição à Voz do Dono. O “agora já está, já está!” ou “não aplico algumas das normas dos Estatutos porque não as considero de bom senso” são a expressão mais descarada desse nepotismo Rogeriano.

Quando, nos últimos 2 anos, nenhuma AG do SCP para Discussão e Votação das Contas do Exercício findo e Orçamento e Plano de Actividades para o Exercício seguinte, se realizou dentro do prazo estatutariamente OBRIGATÓRIO e caminhamos alegremente para o terceiro ano consecutivo de adopção dessa prática anti-estatutária, sem que pareça que isso incomode o CD e ainda menos o PMAG, muito fica dito sobre o estado real da vivência associativa no Clube. Quando a esse incumprimento acresce o de se fazer a convocatória dessas AG sem ainda ter disponibilizados a TODOS os associados a integralidade dos documentos a debate, mais ainda percebemos o quanto esta gente preza a informação dos sócios.

Na última AG Ordinária do SCP, para os efeitos atrás descritos, os Sócios só puderam aceder ao Relatório e Contas e ao Orçamento e Plano de Actividades, com 48 horas de antecedência, e apenas ao documento físico, nas instalações administrativas do Clube e sem direito a fotocopiar (era à vez e “tirando apontamentos com bloco notas e canetinha na orelha” como testemunhou o Malcolm); isso diz tudo sobre quanto estes dirigentes temem os sócios informados. Nessa mesma AG, com todas esss condicionantes, a votação foi aberta, ainda falavam os elementos do CD e ainda nem tinha sido lido o Relatório com o Parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar: dá para perceber que a maior parte dos votos foram verdadeiros autos de fé; isso diz bastante sobre como estes dirigentes prezam o debate, a clarificação de ideias, factos ou dúvidas e sobre o quanto pugnam por um voto esclarecido.

Ora é nestas condições de enfraquecmento democrático que deparamos com, no mínimo, 3 situações que deveriam alertar todos os sportinguistas que queiram realmente que o Clube paute a sua vida associativa pela informação esclarecida, pela transparência das suas práticas e pelo debate livre, aberto e salutar (condições essenciais para que o Poder se mantenha nos Sócios e, consequentemente, para que o suceso do Sporting seja mais atingível).

A primeira situação de alerta, foi uma ideia peregrina propagada por Miguel Poiares Maduro e Samuel de Almeida e prontamente secundada pelo “democrata” e aventalista da Loja Convergência do Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa. Consistia essa ideia em substituir as actuais Assembleias Gerais de Sócios do SCP por Assembleias de Delegados: uma espécie de Senado de “Experts” eleitos – nunca explicaram muito bem como – os quais passariam a validar ou invalidar as grandes decisões do Clube. Ou seja, o ressurgimento do Conselho Leonino mas com todos os poderes e sem a “chatice” das Assembleias Gerais.

Foi esse tipo de “delegação” que ditou a patética venda de Património do Clube por 50M€ património que deveria, mesmo à época, valer mais do dobro disso (pelo menos a sua construção parece que terá ultrapassado essa verba 5 anos antes; mas também parece que os pneus da construção eram slicks e derrapavam muito, que o diga o responsável, Engº Godinho Lopes). Retomemos o “episódio”: em 2 AGs, Soares Franco não obteve os necessários 2/3 de votos para aprovar a venda (ainda não deveria haver acordos com transportadoras para prestar serviço aos sócios mais antigos); no final da 2ª AG, a altas horas da noite, o PMAG teve a ideia de a AG delegar a decisão de venda nas mãos do Conselho Leonino; para decidir essa delegação de poderes o PMAG deliberou que só seria necessária maioria simples dos votos dos resistentes na AG; quem era o PMAG na altura? Esse mesmo: Rogério Alves! Que, assim, consumou um atropelo a uma decisão uma hora antes tomada pelos Sócios, conforme os Estatutos. Já então, o advogado ex-bastonário da Corporação da Classe exercia a sua magistartura leonina com uma muito estrita (a sua) latitude interpretativa dos Estatutos, que deveria cumprir e fazer cumprir.

A segunda situação de alerta para os Sportinguistas está na forma como (des)respeitam um órgão consultivo alargado do Universo Sportinguista que deveria ser o Congresso Leonino. Convocado e desconvocado duas vezes (e mais uma vez ultrapassando os prazos Estatutários para o realizar), só 2 motivações podem “explicar” a sua não efectivação: ou a total inépcia da Comissão Organizativa em levar a cabo algo que sempre foi sem dificuldade inultrapassável; ou a intenção dessa Comissão de transformar um Congresso de debate de idéias num mero exercício eucarístico para tecer e cantar loas ao Status quo dirigente. Qualquer dos 2 hipotéticos motivos deveriam ser suficientes para um PMAG que o seja de facto questionar a competência dessa Comissão e solicitar ao C.D. a sua substituição ou a exigência de condições para a realização efectiva do já tão adiado Congresso.
Parece que, no entanto, os situacionistas já “resolveram” a questão: toca de fazer um “Diz que é uma espécie de Congresso”, mascarado de produto 2 em 1. Anunciam para Junho e Julho 7 sessões macónicas .. perdão … 7 Mesas Redondas (ou Ovais, ou Quadradas) sob a forma de “Ciclo de Debates” que dizem abertos aos sócios (mas não explicam bem QUAIS nem COMO; aliás nem sequer dizem ONDE e a primeira é já dia 16).

E por que digo que funciona como 2 em 1? Porque estes “debates” são uma forma de mitigar o incumprimento (mais um) do estatutos ao não convocarem o Congresso Leonino nos prazos definidos; e porque são também uma forma de disfarçar a incapacidade de organizar eventos tão impactantes quanto o foram os Congressos The Future of Football, nas Direcções anteriores. Não deixa de ser curioso como anunciam com tamanha pompa e circunstância este ciclo de “debates” mas ainda não se conheça a data da AG de Contas e Orçamento. Mais curiosos ainda, são os temas e os “debatentes” escolhidos.

Das 7 sessões, as duas primeiras são para discutir “Governance” : confere → quando se trata de se governarem, o tema necessita do dobro das Sessões e dos intervenientes “institucionais” (vulgo “notáveis”), entre os quais se contam representantes da nobreza leonina como ngelo Correia, Jorge Coelho, João Duque Luis Filipe Meneses, Miguel Relvas e Samuel Almeida (vá-se lá saber quem mais aparece no item “abertas aos sócios”).

Depois temos o tema Revisão Estatutária: confere → logo a seguir a debater como se governam … perdão … “Governance”, convém fazer o respectivo “enquadramento jurídico estatutário”; nada melhor para isso que contar com a experiência de gente como Alexandre Mestre, José Eugénio Dias Ferreira, Sérgio Abrantes Mendes e, claro, Rogério ‘Língua de Prata’ Alves.

Na 4ª sessão o Tema é Sustentabilidade Financeira: confere → de que serve Governance, mesmo que sustentada Estatutariamente se não for também sustentada financeiramente? Como se iriam sustentar os que se querem governar? E aí as escolhas foram ainda mais “assertivas”. Desde logo escolheram para moderador o moderado incendiário Henrique Monteiro (por falar em incendiário, nem sei como se esqueceram de convidar o mignon Bombeiro para a Revisão Estatutária; vai-se a ver e está na lista de convidados, no tal item “aberto aos sócios”). Mas os convidados também auguram um debate muito assertivo e de enorme qualidade: Agostinho Abade, Carlos Vieira, Sérgio Cintra e (cereja no topo do bolo) Miguel Frasquilho. Esta lista faz-me reclamar da imperdoável ausência do Lourenço dos defaults e dos défices positivos (se calhar estou outra vez a ser injusto e a sua presença também estará garantida através do item “aberto aos Sócios”; bem … se não aparecer foi porque … entrou em default).

Na 5ª Sessão vai-se falar de Futebol e Modalidades: confere → existe maior garante de sustentabilidade financeira que o Futebol e as Modalidades com esta Direcção? Para moderador escolheram o yes man .. perdão … o “jornalista” e “comunicador” Rui Miguel Mendonça. Acredito que vá ter um trabalhão do caraças para sacar alguma ideia de jeito sobre Futebol ou outras Modalidades ao Luis Natário, ao Marco Caneira, ao Ricardo Pereira ou ao Bessone Basto.
A 6ª sessão promete, pois vai-se falar de Estratégia Institucional e Segurança, Perguntam-me vocês: e isso quer dizer o quê? Pois: confere → basta “atentar” à lista de ilustres para perceber que é bom não se perceber antecipadamente do que vão tratar. Carlos Anjos, Miguel Salema Garção, Tomás Froes e Miguel Poiares Maduro; ora aqui se perfila mais uma lista de “notáveis” cheios de ideias para a liquidação … perdão .. para a “salvação” do Sporting Clube de Portugal. No meio deles está o Rui Calafate … pode ser que faça faísca!

Por fim, discute-se a Marca e Comunicação. A lista deixou de ser de “notáveis”. Modera o Vitor Cândido, entre os que debatem vemos um Carlos Miguel, um Francisco Louro, um Nuno Saraiva, um Pedro Paulino: confere → após 6 sessões a explicar o que fazer com os restos de um Clube, nada melhor que Comunicar a extinção da Marca … e para isso não se usam os “notáveis”.

Este exercício (decerto sem custos para o Clube) de confecção de gelataria leonina, pode ter todos estes vícios, mas, falando sem ironia, entendo que devemos estar todos atentos para o que lá se vai CONGEMINAR, particularmente nas Sessões 3, 4 e 6. E que deveríamos usar o espaço democrático da Tasca para comentar livremente (como é apanágio da mesma) e sem preconceitos (aí já o apanágio se dilui um pouco) as opiniões que aí se expressarem.

Não podemos é permitir que o debate sobre o Clube passe a ser um privilégio exclusivo de uma minoria elitista. Até porque suspeito que alguns dos assuntos a poder suscitar maior fervor argumentativo venham a ser a equalização do Voto e o I-Vote nas AGs.

Mas isso, que constitui a terceira situação de alerta aos Sócios, será tema exclusivo para para outro post, dentro de poucos dias.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Álvaro Dias Antunes
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