Persiste em muitos tasqueiros a ideia de que o Futebol Feminino é uma seca, de fraca qualidade e com muito poucas possibilidades de se tornar um desporto de massas ou, no mínimo, comercialmente sustentável. Convém esclarecer que essa ideia parte de um pressuposto assente numa realidade que já não vinga em muitos dos países que se tornaram os mais evoluídos no desenvolvimento deste desporto no feminino. É, por isso, um preconceito que, embora cada vez menos se sustente na observação dos factos, ainda encontra eco na realidade retrógrada que se vive em muitos países.
Há cerca de 2 décadas que nos Estados Unidos e no Canadá, nos países nórdicos europeus (em que incluo a Alemanha) ou no Brasil, na China e no Japão o Futebol Feminino se vem afirmando como um Deporto em franco crescimento. Nos últimos anos, por força de uma muito maior afirmação do papel da Mulher nas sociedades modernas, outros países reconheceram ao Futebol Feminino um enorme potencial de crescimento e investiram no seu desenvolvimento. Foi assim na França, na Holanda, na Inglaterra, na Itália e em Espanha. Um processo similar acontece na América do Sul e Central onde países como o México e a Argentina iniciam uma maior aposta na vertente feminina do Futebol.
Todos estes últimos países são nações com uma forte tradição no futebol Masculino. De facto, entre eles apenas o México não conquistou uma grande competição de seleções nacionais, mas já hospedou por 2 vezes a fase final do Mundial. Em quase todos eles a opção foi apostar na profissionalização dos principais campeonatos dos seus países. Vejamos alguns dos exemplos mais notórios de desenvolvimento do profissionalismo no Futebol Feminino.
1 – INGLATERRA (55,98 Milhões de habitantes)
existem 2 campeonatos: Barclay’s WSL (Women Super League), primeira “divisão” em que todos os Clubes têm de obter licenciamento profissionals, patrocinada pelo Banco Barclay’s neste ano e nos 4 seguintes. É uma competição a 2 voltas, em que competem 12 equipas, boa parte delas dos maiores Clubes da Premiereship Masculina (Arsenal, Chelsea, Manchester United, Manchester City, Tottenham, Everton, West Ham, Brighton, Reading, Aston Villa, Birmingham e Bristol); Clubes como o Lecester e o Liverpool estão a competir na divisão secundária, onde não existe obrigatoriedade de completa profissionalização e que junta a estas mais 9 equipas (Sheffield United, Durham, London City Lionesses, Londons Bees, Lewes, Blackburn Rovers, Charlton, Crystal Palace e Coventry United). Existem ainda como competições: a Taça da Liga, patrocinada pela Continental Tyres, em que participam as 23 equipas das duas principais divisões, numa 1ª fase em 5 grupos de 4 equipas e um 6º de 3, que apura para os quartos de final e sucessivamente; e a Taça de Inglaterra, por eliminatórias em que participam as equipas seniores das 3 divisões nacionais, patrocinada pela Emirates. Mesmo antes do grande boom de Clubes, a FA (Football Association), Federação Inglesa, a mais antiga no mundo do futebol, garantia condições excepcionais de financiamento das competições através do aliciamento de grandes sponsors. A criação de quadros competitivos equilibrados com regras de licenciamento dos Clubes profissionais e semi-profissionais muito claras, ajudaram ao resto; mas aí não tiveram que inventar quase nada … bastou-lhes inspirarem-se nos modelos já há muito adotados nos E.U.A país onde o Futebol Feminino está mais implantado e desenvolvido.
2 – FRANÇA (66,99 Milhões de habitantes)
Também com 2 Campeonatos profissionais ou semi-profissionais, em que a Division 1, patrocinada pela Arkema, conta com 12 equipas, com destaque para o Lyon e o PSG, mas onde também militam Bordéus, Montpellier, Guingamp, Fleury 91, Paris FC, Dijon, Stade de Reims, Soyaux, Issy e Le Havre. Na Division 2, militam, entre outros, clubes como o Brest, o Lille, o Metz ou o Nantes no Grupo A e o Saint-Étienne, o Olimpique Marseille ou o Nice no Grupo B. Atestando a qualidade dos campeonatos franceses, o Lyon (Olympique Lyonnais) é, atualmente o penta campeão europeu de Clubes. A maior aposta da Federação francesa foi no apoio aos Clubes para a criação de infraestruturas e condições de Formação.
3 – HOLANDA (17,28 Milhões de habitantes)
a Eredivisie feminina holandesa (o principal campeonato) é disputado por 8 Clubes a 2 voltas (Ajax, PSV, AZ Alkmaar, Twente, Heerenveen, Dan Haag, PEC Zwolle e Excelsior). A seleção da Holanda é, presentemente, a campeã europeia e a vice-campeã mundial.
4 – ESPANHA (46,94 Milhões de habitantes)
Em Espanha o principal campeonato é disputado a 16 equipas e os maiores Clubes da La Liga masculina fazem-se representar: Atletic Madrid, Barcelona, Real Madrid, Atleti Bilbao, Rayo Vallecano, Espanyol, Sevilha, Eibar, Deportivo La Coruña, Levante, Betis, Beal Sociedad, Logroño, Valencia, Huelva e Santa Teresa. Desde há 3 anos, o Barcelona destaca-se e é atualmente o lider incontestado (16 jogos 16 vitórias) e detém o título de vice-campeão europeu de clubes.
5 – ITÁLIA (60,36 Milhões de habitantes)
Em Itália a Serie A Feminina é disputada por 12 equipas a 2 voltas. Nela participam boa parte dos principais clubes do futebol Masculino italiano. Juventus, AC Milan, Fiorentina, Sassuolo, AS Roma, Empoli, Inter Mil., Florentia F, Verona, Napoli, Bari e San Marino.
6 – ALEMANHA (83,02 Milhões de habitantes)
A Alemanha é historicamente uma das potências do Futebol Feminino. A sua seleção já conquistou 2 mundiais. A Bundesliga Feminina é jogada por 12 equipas a 2 voltas e, mais uma vez, alguns dos principais Clubes da Bundesliga Masculina estão representados: Bayern Munich, Wolfsburg, Hoffenheim, Potsdam, Bayer Leverkusen, Eintracht Frankfurt, Freiburg, Essen, Bremen, Meppen, Sand e Duisburg.
7 – E.U.A. (328,2 Milhões de habitantes)
No país onde o Futebol Feminino está mais desenvolvido (4 Títulos de campeãs mundiais por seleções) o campeonato profissional é disputado por 9 equipas (de 9 diferentes Estados) a 3 voltas. Além do Campeonato Nacional profissional, existem campeonatos universitários que se jogam, numa primeira fase, a nível Estadual e, numa segunda fase, a nível nacional. Estes campeonatos universitários constituem o principal viveiro que alimenta o campeonato profissional.
Em Portugal, país com cerca de 10,28 milhões de habitantes, o principal campeonato de Futebol Feminino joga-se a 20 (!!) equipas. A competitividade e o desenvolvimento (ou falta deles) começa por aqui. Torna-se claro que com este quadro “competitivo” aquilo que menos se promove é a competitividade e, assim sendo, também não se estará a promover a atratividade do espetáculo e dificilmente se cativarão públicos e investidores.
Não é esse o entendimento da F.P.F.. A sua responsável directiva para o FF, Mónica Jorge, em artigo de opinião para a rubrica “A Bola é minha” no jornal A Bola de 20 de Junho de 2020, afirma, entre outras preciosidades, que «(…) A FPF decidiu, face ao período extremamente delicado que atravessamos, introduzir diversas mudanças nos regulamentos das provas que organiza. Mudanças nos formatos e nos regulamentos. O objetivo é sempre o mesmo: tornar a competição melhor, mais equilibrada, e assim potenciar o desenvolvimento de jogadores, treinadores e clubes.(…)» e explicita «(…) O campeonato feminino é um desses casos. A FPF decidiu introduzir um limite para o número de inscritas por plantel, para que os clubes mais poderosos financeiramente não possam limitar a circulação de jogadoras, mantendo-as no plantel mas com pouca utilização.(…)» ou «(…)A FPF aumentou o número de jogadoras formadas localmente na ficha de jogo, para garantir que existe espaço para as jogadoras da formação(…)» ou «(…)a FPF alargou o número de clubes na primeira divisão e alterou o modelo competitivo para garantir maior equlíbrio entre as equipas e mais apoio para as jogadoras (…)» ou «(…) é estabelecido o limite máximo de 550 000 euros para a massa salarial das jogadoras inscritas para a temporada 2020/2021. Entende-se por massa salarial do plantel a soma dos salários e/ou subsídios declarados nos contratos das jogadoras. Como resulta claro, não existe qualquer teto salarial. Nem podia existir. Os clubes são livres de fazer os contratos que entenderem com as jogadoras.(…)»
A hipocrisia no seu expoente máximo. O limite do número de inscritas não impede que os Clubes “mais poderosos” retenham jogadoras impedindo a sua circulação por outros clubes. Basta terem equipas B, como têm o Sporting e o Valadares. E isso não é para impedir circulação por outros clubes, mas sim para oferecer um quadro competitivo mais exigentes para as suas jogadoras da formação. Algo que deveria preocupar muito mais a responsável da FPF num período em que, precisamente, não existe competição nos escalões de formação.
O aumento do número das jogadoras formadas localmente nas fichas de jogo é outra falácia quando isso permite que estejam inscritas 10 estrangeiras e todas elas possam fazer parte do onze inicial. Ou quando passam a contar como “jogadoras formadas localmente” cabo verdianas com 3 anos de morada em Portugal ou ucranianas que vieram para Portugal há 5 anos mas passaram os últimos 4 a jogar no … país de Gales.
O cúmulo de incoerência é justificar o aumento para 20 equipas no quadro competitivo principal como medida para «garantir maior equilíbrio entre as equipas e mais apoio para as jogadoras». As Federações dos sete países apontados anteriormente que aprendam. Se querem ter campeonatos competitivos deveria aumentar o número de equipas para 30, 40 ou mesmo 50 equipas. Afinal, a FPF, arauta das boas práticas, acaba de aumentar de 12 para 14 e de 14 para 20 o número de equipas do seu quadro competitivo principal e isto num país com cerca de metade a 23 avos das populações desses países. Em plena pandemia! Aprendam!
Finalmente, impor um limite à massa salarial das equipas e dizer que daí «resulta claro não haver qualquer teto salarial» e que «os clubes são livres de fazer com as jogadoras os contratos que entenderem» é chamar-nos de burros. Primeiro porque qualquer limitação à massa salarial, dê a senhora as piruetas que quiser, é sempre uma limitação à contratação. Depois, porque essa limtação de massa salarial só tenderá a reduzir o salário das jogadoras formadas localmente, uma vez que atrair outras implica NORMALMENTE maiores custos e reduz a margem para os salários restantes; com a massa salarial limitada essa margem apenas tenderá a diminuir. Só para terem uma ideia, um plantel de 25 jogadoras dá um ordenado médio bruto de 1.628€ (sobre o qual incidem, no mínimo, 40% de impostos). Por força deste “apoio às jogadoras” as mesmas desenvolveram nas redes sociais e no seu sindicato um movimento que levou a FPF a retirar esta medida. Só para reforçar a ideia do que seria esse disparate, refira-se que no mesmo período em que a Diretora Mónica Jorga escrevia este churrilho de barbaridades n’A Bola, o Chelsea acabava de celebrar com o Wolfsburgo um acordo para contratar a avançada holandesa Pernille Harder por 350.000 euros, o que serve para mostrar como iriam ficar as possibilidades de qualquer competitividade internacional das melhores equipas nacionais.
Enfim, com estas condições, tem cabido a alguns Clubes, APESAR DA F.P.F. E DA L.P.F.P., o papel mais ativo no desenvolvimento do Futebol Feminino. Sporting e Braga primeiro, Benfica depois e mais recentemente Famalicão, são os clubes que mais procuram promover o salto qualitativo no Futebol herdado pelo perseverante esforço de dirigentes e atletas de históricos do FF como o Boavista, o 1º de Dezembro, o Futebol Benfica, o Valadares Gaia ou o Albergaria. E, sejamos justos, o relevante trabalho desenvolvido no apoio competitivo aos escalões de formação por Associações de Futebol a de Aveiro e, sobretudo, a de Braga também constituem bons exemplos.
Mas, sejamos também claros, é à Federação e à Liga que compete apresentar propostas que não só aliciem mas também comprometam as SADs e SDUQs dos Clubes que competem nas 2 Ligas Profissionais Masculinas a formar equipas de Futebol Feminino. A “entrada” de equipas de Clubes como Académica, Tondela, Chaves, Portimonense e, sobretudo, Guimarães e Porto iriam chamar mais público, contribuir para alargar a base nacional de formação e recrutamento de novas atletas, aumentar a competividade e tornar cada vez mais apetecível o “produto” Futebol Feminino. Só que, para isso é preciso demonstrar que o Futebol Feminino tem condições para ser MUITO mais atrativo do que está a ser em Portugal. E é também à F.P.F. e à L.P.F.P. que compete, após criadas essas condições de competitividade, de atratividade e de promoção do espetáculo, negociar bons sponsors para as competições e bons contratos centralizados de direitos televisivos, para, desse modo, ainda potenciar mais e tornar mais sustentável o desenvolvimento do Futebol Feminino.
* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!
16 Fevereiro, 2021 at 19:36
Uma grande questão, mas muito bom e parabéns Álvaro! Tão importante falar do futebol feminino! Grande petisco
16 Fevereiro, 2021 at 20:15
Em Portugal nem o futebol masculino é grande produto, quanto mais o feminino.
16 Fevereiro, 2021 at 21:13
Não é grande produto e mobiliza centenas de Milhões de euros por ano. Vai-me dizer quantas atividades em Portugal têm esse ratio por empresa.
A questão de essas empresas gerarem ou não lucros tem muito mais que ver com inabilidade de gestão do que com o potencial de negócio.
SL
16 Fevereiro, 2021 at 21:49
Centenas de milhões? Esses números…
De qualquer modo, em Portugal o futebol não movimenta esses valores, mas sim Sporting, Benfica e Porto.
16 Fevereiro, 2021 at 22:19
Se só esses 3 movimentam centenas de milhões, junte os outros 15. E o que quer dizer com «De qualquer modo, em Portugal o futebol não movimenta esses valores, mas sim Sporting, Benfica e Porto.»? Por acaso as SADs de Sporting, Benfica e Porto não pertencem ao futebol em Portugal?
Por vezes, o Nuno arranja uns argumento algo estapafúrdios para defender alguns chavões que escreve como «Em Portugal nem o futebol masculino é grande produto, quanto mais o feminino.»
SL
17 Fevereiro, 2021 at 6:14
Não quer perceber (ou admitir), tudo bem.
Valores de direitos televisivos, transferências, espectadores no estádio, audiência televisiva, tudo enorme no futebol português para lá dos 3 grandes. O argumento modalidade que não tenha grandes ter interesse residual também é falacioso
Portugal tem zero cultura desportiva, poucos gostam de futebol, gostam é dos clubes (ou odeiam), e os 3 têm quase monopólio do interesse popular.
Se o futebol português fosse assim um produto tão apreciado, vendia-se e comprava-se futebol, e não tempo de antena de tricas entre supostos notáveis dos três.
17 Fevereiro, 2021 at 12:22
O Nuno é que parece não querer admitir que o Futebol Masculino gera mihões .
é por vender “tempo de antena de tricas entre os 3 grandes” (devo dizer-lhe que nem falava desses “Milhões indiretos” porque são gerados pelo Futebol mas não entram para o Futebol),se é por se vender e comprar jogadores acima do seu valor, se é por se hiper valorizarem contratos de direitos televisivos, se é por os bilhetes para bola serem muito caros, se é por haver muito dinheiro a circular para lavagem, se é porque há empresas a sponsorizar em excesso, não sei, nem é isso que releva (até porque a maior parte desses fatores também se observam e em escala ainda maior no Futebol de países como a Inglaterra, a Espanha, a França, a Alemanha e a Itália, onde o Futebol é “um produto apreciado”).
De qualquer modo, pouco me interessa, para este caso, debater o que gera o Futebol Masculino português. O post é sobre o Futebol Feminino português e esse está a gerar muito abaixo daquilo que pode e deve.
SL
16 Fevereiro, 2021 at 20:25
Que trabalho aqui do Álvaro.
Para reler.
16 Fevereiro, 2021 at 21:05
Excelente trabalho
16 Fevereiro, 2021 at 21:09
Excelente como sempre, mas os burros somos todos nós. Toda a gente sabe que quantas mais equipas num campeonato fraco maior a probabilidade de desenvolvimento rápido e sustentado. Está na lei da física e nos livros 🙂
Por hoje deixo a sugestão de um filme que se vê bem: “Deixem as mulheres jogar”.
16 Fevereiro, 2021 at 21:32
Pois é Pavel. O mais grave é a desfaçatez com que os/as (ir)responsáveis da F.”P”.”F”. expõem argumentos para justificar essas suas alarvidades.
E como é possível terem engendrado um modelo competitivo onde competem 20 equipas à partida na 1ªdivisão e as principais 8 apenas façam 23 jogos em toda a época e 8 das outras 12 fazem apenas 19 jogos e as outras 4 fazem 21 jogos (2) e 22 jogos (as outras 2)?
Tudo isto numa salgalhada de pontuações que pouca justiça propicia.
E jogando desde 27 de Setembro a 6 de Junho.
São 23 jogos em 34 fins de semana e já com interrupções para Natal, passagem de ano e Páscoa, sendo que chamar de competição à maioria desses jogos é um eufemismo de péssimo gosto.
Um abraço e saudações leoninas
16 Fevereiro, 2021 at 21:35
Muito bom, Álvaro!!!!
Mais uma vez tiro o chapéu a mais este belo texto sobre o FF.
Sabes o que te propunha?
Que viesses cá ao Continente – a este onde vivo e não onde faço compras, às vezes! 🙂 – e esfregasses na tromba dessa gente da FPF, a começar pela mulher Mónica, isto que escreveste.
Ou existem interesses que nem são visíveis, nem conhecidos, ou esta gente, a começar por essa Mónica, é de uma incompetência atroz.
Se numa Alemanha, com 80M de habitantes, se faz um campeonato a 2 voltas com 12 equipas, em Portugal não pode haver mais de 8 – que eu até acho pouco! Mas um campeonato a 8, a 4 voltas, ou um campeonato a 12 a 2 voltas mais duas séries de 6 a 2 voltas – uma para definir o campeão e outra para definir quem desce, com os pontos sempre a somar, ou seja, no fim seriam 32 jornadas para definir um campeão, já fazia sentido – para mim a melhor opção seria esta ultima, ainda que a outra teria a vantagem de concentrar em menos equipas mais dinheiro e melhores jogadoras.
Um campeonato a 8 ou a 12, só a 2 voltas resulta em poucos jogos – quando comparado com o masculino é até um absurdo! E faz-me confusão que uma Holanda faça um campeonato que se resume 14 jornadas (!) ou uma Alemanha ou uma Inglaterra, e até uma França, se limitem a 22 jornadas, que é praticamente metade dos jogos que as Ligas masculinas têm.
O desenvolvimento, a nível geral, na minha opinião, passa por mais jogos e maior equilíbrio. É jogando mais, com maior competitividade, que as mulheres vão evoluir.
Portanto, e ainda na minha opinião, isto faz-se aumentando o nº de voltas ou naquele que é o meu sistema favorito, uma 1ª fase de 22 jornadas e uma 2ª fase de 10 jornadas.
Em cima disto, fazerem mais provas europeias e não só a CL.
É preciso aproximar muito o que se faz no FF ao que se faz no FM e, na minha opinião, não o estão a fazer, ou estão a fazê-lo com uma lentidão que nem parece estarem a fazê-lo.
A UEFA já disse que ia obrigar as equipas que disputam as suas provas a terem FF. Passaram 2 anos e nada foi feito nesse sentido. Portanto, falam, falam, falam mas eu não os vejo a fazer nada… Mas antes isso, do que a aberração que fizeram por cá!
16 Fevereiro, 2021 at 21:42
Mónica?
Estás a falar da Mónica Jorge?
16 Fevereiro, 2021 at 21:46
Já vi que estás.
17 Fevereiro, 2021 at 11:34
É um absurdo, para mim, que uma ex-jogadora fomente a merda que se fez este ano e venha “mandar areia para os olhos das pessoas” para o justificar. É bom lembrar que originalmente até estava um tecto orçamental para cada equipa – que até podia haver mas nunca naquele valor que seria sempre castrar a já pouca qualidade que há!
Eu compreenderia que houvesse um idiota – homem – a fazer tamanha estupidez numa modalidade feminina. Nunca que a pessoa idiota fosse uma mulher e ainda por cima ex-jogadora. Isto leva a idiotice a um nível estratosférico!
17 Fevereiro, 2021 at 11:56
Foi lá parar abaixo, mas era aqui. Ex Halterofilista. A Mónica Jorge nunca foi jogadora, começou logo como treinadora.
16 Fevereiro, 2021 at 23:02
Obrigado Miguel.
Permita-me pegar numa parte do seu comentário (com o qual concordo) para procurar explicar o que acho que esteja na base de uma aparente discrepância: «Um campeonato a 8 ou a 12, só a 2 voltas resulta em poucos jogos – quando comparado com o masculino é até um absurdo! E faz-me confusão que uma Holanda faça um campeonato que se resume 14 jornadas (!) ou uma Alemanha ou uma Inglaterra, e até uma França, se limitem a 22 jornadas, que é praticamente metade dos jogos que as Ligas masculinas têm.»
Em primeiro lugar temos de aceitar que a realidade competitiva dos Masculinos está cada vez mais “sobre-capacitada” em função dos “rendimentos” televisivos (a verdade é que a Federação Europeia de Adeptos se queixa da sobrecarga de jogos implicar uma sobrecarga financeira para os adeptos e contribuir para aumentar a disparidade competitiva entre as 5 Ligas “ricas ” e as outras Ligas “pobres” da Europa, para aumentar a disparidade entre clubes “ricos” e clubes “pobres” em cada Liga e para fomentar os exageros de “sobreaquecimento artificial” da economia do Futebol, com pagamentos obscenos a jogadores e empresários); depois temos também de aceitar que a realidade do Futebol Feminino não pode suportar a carga de jogos do Futebol Feminino.
Dito isto, acho que o que se passa em Inglaterra é a existência de 3 competições com um equilíbrio e competitividade muito razoáveis (Liga, Taça da liga e Taça de Inglaterra), o que se traduz em cargas muito maiores do que o nosso campeonato de 20 equipas (cujo modelo leva a que as 8 que disputam o apuramento de campeão apenas façam 23 jogos, menos 3 que na última época, que teve 14 equipas); isto porque desses 23 jogos, para as 4 melhores equipas, apenas 7 são de “exigência máxima”, mais 2 ou 3 obrigam a algum esforço e o resto são passeios.
Depois é preciso ver quando começam e acabam as respetivas Ligas.
A nossa vai de 27 de Setembro a 6 de Junho; 37 fins de semana!!; parecem datas de Liga Masculina com 18 equipas e 34 jogos.
A Inglesa ou a Francesa ou a Alemã (ou mesmo a Italiana e a Espanhola) jogam-se num período ligeiramente mais curto e tem em conta, além dos compromissos de seleções as competições europeias (onde Chelsea, Lyon, PSG, Bayern, Wolfsburg e Barcelona têm sobrecargas razoáveis e o mesmo tende a acontecer com Juventus e Ajax).
As Ligas desses países já estão “formatadas” para uma maior competitividade e para um melhor aproveitamento na competições internacionais (embora também considere “estranho” o caso da Liga Holandesa).
Finalmente, também estou de acordo com o que propõe: seria mais “produtivo”, atrativo e “vendável” ter inicialmente uma espécie de Super-Liga a 8 equipas a 3 voltas que pudesse evoluir (com a entrada de outros Clubes para o FM (Porto, Guimarães, Académica, Portimonense, Chaves, Tondela) para uma Liga principal de 10 equipas a 2 voltas e depois para o modelo que propõe para 12 equipas.
A F.”P”.””. optou por começar a sua reforma com uma liga exagerada em número e miserabilista em qualidade para ir eliminando as “gorduras” até chegar aos 10 Clubes na Liga principal. Nos 4 anos anos que vai demorar a atingir esse desiderato, a redução de “gorduras” foi sempre deixando outras gorduras atrás que só podem provocar mau colestrol nos 10 que ficarem.
Em vez de optarem por começar a “reforma” com um formato magro (de país subdesenvolvido) que se ia engordando à medida do desenvolvimento geral até obter um corpo saudável, equilibrado e energizado.
Mais uma vez, obrigado pelo comentário, porque aduz qualidade ao debate que gosto que cada post possa suscitar.
Um abraço e saudações leoninas
17 Fevereiro, 2021 at 11:27
Concordo que o FM está a exagerar o número de jogos anuais a que sujeita os jogadores – entre as competições nacionais e internacionais de clubes e as competições de selecções.
Por isso acho um absurdo haver tão poucos jogos – comparativamente! – no FF.
Acho que se devia rever tudo isto e procurar um maior equilíbrio – mas é só a minha opinião.
Campeonatos internos com 16 clubes. Competições internas com campeonato, Taça do País, Taça da Liga e Supertaça.
Provas Europeias com rendimentos mais equilibrados e mais divididas. Liga dos Campeões com o máximo de 2 participantes por país (eventualmente 3 se um tiver ganho a LC anterior). Liga Europa com o máximo de 3 participantes por país eventualmente mais 1 se fosse o vencedor anterior). Regresso da Taça da Taças onde poderiam entrar os vecendores da Taça do País e da Taça da Liga – portanto 2 equipas por país.
Estamos assim a falar de (normalmente) 7 equipas as competições europeias por país, com dinheiros melhor distribuídos, o que fomentaria o equilíbrio e, logo, a competitividade.
O Clubes focam-se muito no dinheiro… para alguns. Ora isso só vai fazer com que esses clubes pague mais aos melhores jogadores. Não haverá melhores jogadores por causa disso. Ganharão é mais porque os clubes terão mais dinheiro para lhes pagar.
20 ou 30 M€ de diferença nos orçamentos das equipas não garantem vitórias mas 150 ou 200 M€ só não garantem se quem tem os maiores orçamentos for completamente incompetente.
Portanto, no FM, o que eu acho que era necessário era diminuir o número de jogos internos e equilibrar receitas das provas europeias.
No FF é preciso aumentar os número de jogos, quer internos, quer a nível das provas europeias, e começar a canalizar receitas para a modalidade, dando-lhe mais visibilidade e mais qualidade. E obrigando, mesmo, os clubes que vão às provas europeias masculinas a terem equipas femininas.
Há tanto trabalho que se podia fazer em prol da modalidade, se mudassem alguma mentalidade e pensassem mais no global e menos no umbigo.
17 Fevereiro, 2021 at 22:19
Pegando só no FF, no nosso caso, sou mais partidário de:
Um CAMPEONATO PRINCIPAL (organizada pela F.P.F.) a 10 equipas e 2 Fases: uma 1ª com 2 voltas, todos contra todos (18 jornadas) e uma 2ª Fase com os 4 primeiros a disputar o Grupo de Apuramento de Campeão e os outros 6 a disputar o Grupo de Manutenção também a 2 voltas e somando os pontos da 1ª Fase. Negociação de bolo de direitos televisivos de 2M€ a ser distribuídos 100.000€ para os 2 Clubes que subirem da 2ª divisão; 50.000€ para os 2 que descerem; 75.000€ para 7º e 8º; 125.000 para 5º e 6º; 200.000€ para 4º; 250.000€ para 3º; 350.000€ para 2º e 500.000€ para 1º.
Entre as 2 Fases, os 8 primeiros da primeira disputariam a TAÇA DA LIGA (organizada pela L.P.F.P.) em eliminatórias a 1 jogo (Quartos de final: A – 8º contra 1º; B – 7º contra 2º; C – 6º contra 3º; e D – 5º contra 4º. Meias finais D contra A; C contra B. Final). Todos os jogos a ser disputados em pouco mais de uma semana: quartos-de-final com as piores classificadas a jogar em casa; meias finais 4ª e 5ª Fª e Final Domingo sendo esses jogos disputados numa cidade diferente em cada ano, começando em Braga e depois Aveiro,para premiar serem as Associações com mais competições oficiais de Formação. Prémio monetário de 100.000€ para vencedor, 50.000€ para 2º e 25.000€ para 3º e 4º (total de 200.000€ de prémios).
Com este tipo de modelo competitivo e com estes incentivos estariam criadas as condições para um desenvolvimento DECISIVO do Futebol Feminino em Portugal e para, a curto prazo, haver equipas lusas com maior capacidade de competir internacionalmente.
A UEFA, neste momento, deve preocupar-se em garantir a solidificação da Champions (apenas com equipas campeãs nos respetivos países e o país com o Clube campeão a poder levar mais uma equipa) com 8 grupos de 4 equipas tendo entrada direta o Campeão em título e os 10 campeões dos países com melhor ranking UEFA de Clubes e os outros 21 a sair de pré eliminatórias entre os campeões dos restantes 43 países membro
A partir de 2024/2025 anos promover uma outra competição (Liga Europa Ladies) com 2 equipas de cada país nos primeiros 5 do ranking Europeu Feminino, obtido através das pontuações da Champions (nVx3p+nEx1p : nº clubes) nos anteriores 5 anos e 1 equipa dos restantes 50 países afiliados em 12 grupos de 5, apurando os 2 1ºs (24) e os 8 3ºs de cada grupo da Liga dos Campeões para os 16 avos de final. A partir desse ano, as pontuações da Liga Europa Ladies somariam aos rankings por países. Garantir que não exista disparidade nas pontuações de cada competição. Garantir que não haja uma diferença de prémios entre as 2 competições que ultrapasse o dobro dos prémios da outra.
Isso ajudaria a desenvolver outros campeonatos e a promover uma competitividade e uma equidade muito maior do que a injusta desproporção existente nos masculinos.
Um abraço e saudações leoninas
17 Fevereiro, 2021 at 12:00
O modelo ideal, seria o Belga. É um país semelhante ao nosso. 10 equipas numa primeira fase 18 jogos. Depois dividem em grupo de campeão e grupo de manutenção cada qual com 5 equipas e 8 jogos. Total 26 jogos.
17 Fevereiro, 2021 at 12:35
Suponho que venha a ser este o Modelo Português quando atingirem as 10 equipas que dizem almejar.
O problema está em começarem com 20 para irem reduzir 4 no primeiro ano e depois 2 em cada ano. Se já estavam em 14 porque não reduzir a partir daí? Que vantagem houve em introduzir artificialmente no processo equipas que deveriam estar na 2ª divisão e marcar passo mais 2 anos que o necessário (ainda por cima com uma decisão destas em plena época de pandemia, em Julho de 2020)?
Um abraço e saudações leoninas
17 Fevereiro, 2021 at 12:35
Suponho que venha a ser este o Modelo Português quando atingirem as 10 equipas que dizem almejar.
O problema está em começarem com 20 para irem reduzir 4 no primeiro ano e depois 2 em cada ano. Se já estavam em 14 porque não reduzir a partir daí? Que vantagem houve em introduzir artificialmente no processo equipas que deveriam estar na 2ª divisão e marcar passo mais 2 anos que o necessário (ainda por cima com uma decisão destas em plena época de pandemia, em Julho de 2020)?
Um abraço e saudações leoninas
17 Fevereiro, 2021 at 17:23
Eu defendo isso mas com 12 e depois 2 grupos de 6 – 32 jogos no total.
E sempre a somar. Contam os 32 jogos.
16 Fevereiro, 2021 at 22:44
Boa Álvaro. Excelente explicação sobre o futebol feminino. Uma liga Portuguesa com 20 clubes só empobrece o futebol feminino pois isto é nivelar por baixo, e nem os mais fortes tiram benefícios pela goleadas que pregam às equipas mais fracas. Também não entendo porque não se cria um limite para as jogadoras estrangeiras; isto sim, levaria a uma aposta maior nas jogadoras nacionais. Mas como isto está tudo pensado para os DDT ganharem alguma coisa.
S.L.
16 Fevereiro, 2021 at 23:27
Obrigado, caro Jota Esse.
Quanto à limitação de estrangeiras, confesso que me divido entre uma regulação mais restritiva à sua contratação ou deixar que seja o “mercado” a restabelecer o”equilíbrio” ou bom-senso.
A verdade é que, em última análise, se trata sobretudo de uma questão de boa ou má gestão. O A-dos-Francos tinha 10 estrangeiras e ficou no último lugar da Série Sul da 1ª fase; o Atlético Ouriense e o Valadares Gaia, na Série Norte da mesma fase, não se qualificaram para o grupo de apuramento de Campeão e tinham respetivamente 10 e 9 estrangeiras nos seus plantéis.
Este ano essa má gestão até poderá nem ser tão “visível” (desde que não venham a descer de divisão) porque perder os jogos em casa com Sporting, Benfica, Braga e Famalicão não os faz perder receita uma vez que não há público (diminui talvez a receita de direitos televisivos).
Mas estamos a falar de números de receita ainda residuais (até para o grandes) no nosso “mercadinho de chacha” ainda por cima tão mal trabalhado pela FPF (e ainda pior pela maioria dos Clubes).
Ou seja, tendencialmente os Clubes de menor dimensão deixarão de cometer essas loucuras, até porque mostraram, em termos de resultados, terem sido autênticos disparates em completo contraste com Marítimo, Condeixa e Clube de Albergaria que estão a disputar o grupo restrito de apuramento de campeãs com apenas 3 estrangeiras nos seus plantéis. Ou o Sporting que com 5 estrangeiras no plantel foi ganhar fora ao carnide-sul que tinha, nessa altura, 8 estrangeiras (mais uma naturalizada) e foi contratar mais 2 em Janeiro.
Um abraço e saudações leoninas
17 Fevereiro, 2021 at 4:30
O nosso campeonato parece mais um incentivo à prática do desporto no feminino, para se poder dizer que jogaram “na primeira ” do que realmente uma competição intensiva e exaustiva como se espera de um campeonato “profissional”…
Bons pontos de discussão, bons pontos de partida, deveria caber aos Clubes debater sobre isto.
SL
17 Fevereiro, 2021 at 10:28
boa posta!
17 Fevereiro, 2021 at 11:55
Ex Halterofilista. A Mónica Jorge nunca foi jogadora, começou logo como treinadora.
17 Fevereiro, 2021 at 17:28
Pensava que era ex-jogadora!
Bem, para o caso é indiferente pois sendo treinadora vai dar ao mesmo. Não faz realmente grande diferença.
17 Fevereiro, 2021 at 17:39
https://fans-joaobenedito.webnode.pt/perfil-de-monica-jorge/