O Sporting venceu a 2ª Taça de Portugal esta época, embora a 1ª conquista tenha sido referente à época anterior.

Para as meias-finais apuraram-se as 4 melhores equipas do campeonato: Benfica e Imortal, que se defrontavam na 1ª meia-final, e Sporting e Porto, que se defrontavam na 2ª meia-final. Quando entrámos em campo frente ao FC Porto, já sabíamos que íamos defrontar o Imortal na Final, após uma excelente vitória dos algarvios frente ao nosso velho rival. Tal como tinha referido na semana passada, o Benfica teria que defender, e bem, para levar de vencida o Imortal e foi precisamente esse défice defensivo, sobretudo no 4º período, que lhes custou a derrota na meia-final.

A Meia-Final: Sporting 85 – 77 FC Porto
O Sporting entrou em campo com o seu 5 inicial habitual: Ventura, Ellisor, Travante, João Fernandes e Fields. O Porto inovou um pouco, tentando jogar com os encaixes individuais, à semelhança do que fez na Taça Hugo dos Santos, e começou com Jalen Riley, Francisco Amarante, Larry Gordon, Tanner Mcgrew e Miguel Queiroz.

Este jogo foi uma boa réplica dos outros confrontos anteriores: muito xadrez tático, com os treinadores a tentarem desencaixar as equipas e as parelhas que se iam criando. Moncho começou com Amarante a encaixar em Ellisor e com Miguel Queiroz encaixado em Fields, de forma desemparelhar Eric Anderson do poste americano do Sporting. Desta forma, quando começassem as rotações de ambas as equipas, Eric Anderson seria chamado a jogo e seria Claúdio Fonseca a marcá-lo. Chegámos a ver uma formação do Porto com Tanner Mcgrew a poste, emparelhado com João Fernandes, também ele a jogar na posição 5. Verdade seja dita, o treinador do Porto tentou de tudo (4 dos 5 suplentes utilizados tiveram mais de 10 minutos cada, ao contrário de apenas 2 do lado do Sporting), mas, sempre que ganhava um ligeiro ascendente na partida, Luís Magalhães respondia da melhor maneira. Chegou-se ao cúmulo de haver quase 5 substituições praticamente em simultâneo, em que, quando uma equipa colocava um jogador em campo, a outra respondia no imediato!

O Sporting, diga-se, esteve quase sempre muito bem em termos defensivos. Sempre a contestar os lançamentos do Porto e sempre com muitas ajudas vindas do lado contrário. Fields foi fundamental no lado do campo onde costuma ser menos exuberante – a defesa. Várias foram as vezes, sobretudo no 1º período, onde o americano surgia na ajuda vinda do lado contrário e abafava os adversários quando estes já contavam com o cesto. Isso limitou, daí para a frente, a capacidade do Porto em entrar na área pintada e pensar que teria concretizações fáceis. Fields terminou o jogo com 5 desarmes de lançamento ou, traduzindo por miúdos, evitou 10 pontos certos do FC Porto.

Defensivamente, Travante Williams ficou encarregue de marcar Jalen Riley e, quando Travante está focado e tem a ajuda dos restantes companheiros, é difícil ao jogador adversário conseguir uma boa prestação. Riley, que terminou com apenas 6 pontos e 2/11 de lançamentos de 3 pontos, nunca conseguiu desequilibrar no 1×1 nem ganhar ritmo de lançamento, acabando por passar muito tempo no banco. No restante, Ventura marcava o outro base, Ellisor ficava com Larry Gordon e por aí fora… Dependia sempre dos 10 jogadores que estavam em campo e, tal como referi atrás, foi um autêntico jogo de xadrez. Importante em termos defensivos foi também o facto de Travante Williams ter-se conseguido manter em campo muito tempo sem ter problemas de faltas (só fez a 3ª a cerca de metade do 3º período). Em abono da verdade, no 3º período é onde muitas vezes se ganham jogos, e o Porto passou praticamente 10 minutos sem atacar o cesto! Faziam as suas jogadas, trocavam a bola, procuravam lançamentos, mas sem nunca atacar o cesto, coisa fundamental no basquetebol e isso permitiu-nos estar mais confortáveis no jogo.

Ofensivamente, o Sporting esteve sempre muito sereno. Tirando a parte final do 1º período e início do 2º, o Sporting não mais deixou de estar na liderança, sendo que a diferença se cifrou quase sempre nos 6/8/10 pontos, tendo chegado a ser de 15. Na realidade, o FC Porto nunca mostrou de forma efectiva que conseguiria parar o Sporting em termos ofensivos; ora deixavam João Fernandes aberto para lançar de 3 (que foi planeado), ora não conseguiam parar Travante e Ellisor quando estes tentavam tirar partido das vantagens que tinham sobre os seus adversários directos, ora deixavam Ventura só muitas vezes, porque preocupavam-se muito em fechar a zona interior a Fields. E tudo isto trouxe muita serenidade ao ataque do Sporting, tendo sido fundamental para a forma como se geriram os minutos finais da partida.

A melhor forma para se ganhar um jogo que está mais ou menos equilibrado quando se aproxima do final e em que se está à frente do marcador, é marcar pontos gastando tempo. O Sporting conseguiu ambas! Em algumas jogadas, gastou tempo e concretizou, noutras, em que o Porto fez pressão a campo inteiro, atacou a profundidade e as costas da defesa e concretizou de forma fácil. Qualquer semelhança entre a forma como gerimos a parte final deste jogo e o último jogo no Dragão, para o campeonato, é pura ficção!

Travante foi o MVP da Partida com 22 pontos, 12 ressaltos, 4 assistências e 9 faltas sofridas (mais do dobro de Riley e Ventura que sofreram 4 cada)! De facto, ninguém jogou mal e a equipa nem sentiu a falta de Micah Downs que, ao que parece, fez uma fractura de esforço no pé e estará de fora, quiçá, até à parte final dos playoffs, isto se não terminar já a época, porque, na NBA, este tipo de fracturas costumam significar isso mesmo.

A Final: Imortal 59 – 83 Sporting
A final foi um jogo praticamente sem história. O Imortal ficou sem os seus dois principais jogadores interiores, Jalen Jenkins e Tyere Marshall, que se lesionaram na meia-final frente ao Benfica, e isso obrigou-os a dois coisas: 1) Alterar o seu habitual plano de jogo e 2) Gerir uma rotação de banco ainda mais curta.

O Imortal é uma equipa que pratica um basquetebol rápido e intenso e faz muito uso do seu lançamento exterior. Ora, sem grande presença interior, a equipa de Albufeira usou e abusou do seu jogo exterior, terminando o encontro com 41 lançamentos (!) para lá da linha dos 3 pontos. Quanto à intensidade, começaram o jogo como habitualmente o fazem: grande pressão defensiva e rapidez no ataque. O Sporting começou mais moderado e, quando o Imortal se começou a distanciar no marcador, foi a nossa vez de aumentar o ritmo.

Para mim, esteve aqui a chave do jogo: o facto de o Imortal ter começado a partida com um ritmo elevadíssimo matou todas as hipóteses que teriam de ganhá-la, pois seria quase impossível manter esse ritmo durante muito tempo. Faz-me lembrar aquela história do sapo: se colocares um sapo numa tigela de água a ferver, ele salta logo de lá para fora, porque a água está demasiado quente. Agora, se o colocares numa tigela de água fria e fores lentamente aquecendo a água, o sapo fica quietinho e morre cozido (Nota: Nenhum sapo foi magoado para relatar esta história). Se o Imortal tivesse começado com um ritmo mais lento e fossem-no subindo lentamente, tinham oportunidade de gerir melhor o seu esforço e talvez tivessem mais hipóteses de se manterem em jogo, pois o Sporting era bem capaz de se deixar levar nessa lenga-lenga. Porém, tal não aconteceu e o Imortal começou a morrer fisicamente a meio do 2º período. A partir daí, o Sporting começou a cavar um diferença que se tornou inultrapassável. Deu até para, no 3º período, baixar o ritmo do jogo, e para, no 4º período, colocar em campo Embaló, Manjate e Afonso Guedes, jovens que habitualmente não têm hipóteses de ter minutos numa final de uma competição.

Neste jogo atípico para uma final, Shakir Smith levou o justíssimo prémio de MVP, com uma belíssima exibição dentro daquilo onde ele é realmente muito bom: lançar de 2 ou 3 quando sai do drible através da sua mão direita e entrar para finalizar próximo do cesto. 24 pontos, com 82% de eficácia de lançamento de 2 pontos, 3 triplos, 4 assistências e 3 roubos de bola.
Travante, para mim o MVP desta Final Four, voltou a fazer um duplo duplo, com 15 pontos, 10 ressaltos e 3 abafos, Fields fez 9 pontos e 9 ressaltos, Ellisor 12 pontos e 7 ressaltos e por aí fora…
Do lado do Imortal, apenas 1 jogador marcou mais de 10 pontos: António Monteiro, que terminou com 21 pontos, 6 ressaltos e 5 em 12 de lançamentos da linha dos 3 pontos. Esclarecedor!

A Taça é nossa!

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45 anos depois, voltamos a fazer a dobradinha na Taça de Portugal e, já que muito se tem falado da melhoria dos conteúdos feitos pelo Sporting, este que podem ver abaixo é dos melhores! Da escolha das imagens, à forma como as mesmas estão sincronizadas com a música, está simplesmente fantástico! Não me canso de ver! (cliquem aqui se ficaram com vontade de ver ou rever)

Noutras notas, este fim-de-semana encerramos o campeonato com um jogo em Oliveira de Azeméis e que nada conta para nós. Para mim, e visto que tivemos uma final four este fim de semana, o resultado pouco importa e está criada aqui uma oportunidade para dar minutos a jogadores menos utilizados, dando, assim, descanso aos principais jogadores e preparando já os playoffs que se avizinham.

Por falar em playoffs, enganei-me na crónica da semana passada quando me referi ao emparelhamento da fase final. Se não houver surpresas na 1ª ronda, será o Porto a ficar emparelhado com o Benfica nas meias-finais e não o Sporting. Assim sendo, nós defrontaremos o vencedor do escaldante Imortal-Oliveirense. Sinceramente, não fica mais fácil desta forma…

*quando o nosso Basquetebol entra na quadra, o Tigas dispara um petisco a saber a cesto de vitória sobre a sineta