O Sporting perdeu dois pontos frente ao fcp, num jogo onde foi quase sempre superior. O desperdício da primeira parte, o acerto do redes adversário, a arbitragem patética e as substituições que pouco ou nada acrescentaram ajudam a explicar este empate de sabor amargo

nuno santos porto

O Sporting sai do primeiro clássico da época em modo Jorge Coroado: cheio de azia. Aquilo que fez ao longo dos 90 minutos mais dez de descontos (6+4, que de pouco ou nada valeram tendo em conta o facto do jogo estar consecutivamente parado), deveria ter sido mais do que suficiente para levar de vencida um fcp que só pode sair de Alvalade felicíssimo com o empate.

Na primeira parte, então, a diferença foi esmagadora. Havia uma equipa a jogar, a dar amplitude a todos os seus movimentos, a variar as saídas entre a esquerda e a direita, a atacar a profundidade e a ser fortíssima na pressão. Do outro lado, os queixinhas limitavam-se a dar sinal de vida sempre que havia um erro do adversário, como as duas saídas de bola (desculpa, Feddal, acho que foste tu em ambas) que colocaram em frenesim a defensiva leonina.

Amorim engoliu Conceição ao longo dos primeiros 45 minutos e aquele 1-0 que se registava no marcador era efectivamente mentiroso. Nuno Santos abriu o activo aos 16, desviando de mansinho aquele cruzamento perfeito de Porro (que jogador, meus amigos e minhas amigas, que jo-ga-dor!) e seria o mesmo Nuno Santos a deixar-nos a todos com o grito de golo na garganta mais duas vezes e com o what a waste, dos Sonic Youth, a martelar-nos o cérebro. Na primeira, lançado por Jovane, fez tudo bem menos os 30 centímetros que faltaram para desviar a bola da perna esticada do redes; na segunda, depois de recuperação de bola de Matheus Nunes (outro dos monstros da noite), arrancou embalado pelo espírito de Acosta, mas a canhota não teve a arte que a direita do argentino mostrou na hora de fazer o 2-0 da nossa felicidade.

Do outro lado, uma cabeçada de Corona num daqueles lances por perda de bola nossa e uma quantidade de faltas e faltinhas, de gritos e gritinho e só faltou o filho do parvalhão para termos mais azuis escuros espalhados pelo chão, conversa na qual o rapaz do apito ia facilmente, com a conivência do VAR que até deixaria passar dois penaltis claros, um por agressão de Pepe (um nojo, um tão grande nojo) a Coates, outro por pisão de Diogo Costa a Porro. E a incapacidade da equipa era tal, tanto para criar como para reagir, que ainda durante a primeira parte Bruno Costa e Marcano deram lugar a Sérgio Oliveira e Wilson Manafá.

O Sporting entraria muito forte no segundo tempo e teria dez minutos onde cheirava a um segundo golo que não viria a aparecer. Aos poucos, o fcp foi equilibrando, foi conseguindo que Otávio tivesse bola, mas seria através de um lance individual daquele que todos sabemos ser o desequilibrador nato da equipa, Luiz Diaz, que chegaria ao empate. Grande golo do extremo, numa altura em que Sarabia já estava em campo por troca com Jovane (na total ausência de entrosamento com os companheiros, ficram as pinceladas de classe em vários movimentos do espanhol) e em que Amorim tinha revolucionado a ala esquerda, mandando Feddal e Vinagre para o banho e lançando Matheus Reis (desculpem, mas não dá…) e Esgaio (muita vontade, zero acerto). O técnico leonino ainda meteu Tabata no lugar de Porro, passando Esgaio para a direita e entregando o lado esquerdo da defesa a Nuno Santos, mas nem o camisola 7 leonino acrescentou o que fosse à partida, como a deslocação de Sarabia para a esquerda eclipsou a estreia do reforço.

E assim o jogo foi definhando na muita vontade sem arte do Sporting e no acomodar-se ao empate do Porto, que ao longo de toda a partida não conseguiu encher uma mão de jogadas de ataque organizado a partir do seu último reduto. Tudo isto com o alto patrocínio do sôr Nuno Almeida, empenhado em concluir à noite a jornada vergonhosa de arbitragem iniciada à tarde, nos Açores, onde um tal de Rui Costa tornou a ronda cinco num momento muito “engraçado” para quem estiver atento ao circo.