Vitória justíssima do Sporting em Vizela, num 0-2 que podia ter duplicado o placard não fosse o desperdício. Potter encontrou em Bragança um parceiro para espalhar magia, o menino Esteves saltou do banco para reclamar a titularidade e os Leões ficaram mais confortáveis no papel de únicos perseguidores ao líder fcp

 

Mudaram-se muitos dos protagonistas, mas o jogo quase começou a papel químico da visita do Vizela a Alvalade, na primeira jornada: o Sporting a entrar estranhamente intranquilo, sem conseguir estabilizar o meio-campo e a permitir aos minhotos ganharem as costas da defensiva leonina em saídas rápidas. Numa delas, ainda o jogo se espreguiçava, Francis Cann foi por ali fora e disparou para a primeira e única defesa de Adán e para o primeiro de dois remates realmente perigosos do Arouca (ou segundo aconteceria já na segunda parte, num disparo de fora da área que passou um pouco acima da trave).

Estava este que vos escreve a rebobinar esse filme na memória, quando se dá novo momento remake. Em Alvalade não havia Sarabia para receber a bola recuperada por Paulinho numa infantil saída de bola adversária, mas havia Peter Potter a surgir na área, em pezinhos de lá, e a puxar da varinha para fazer a bola entrar com classe na baliza adversária. Golaço do 28 por volta dos 28 minutos, pondo fim à seca de festejos. Como não há duas sem três, também Paulinho fez questão de não marcar o golo que já todos gritavam, algo já visto nessa citada primeira jornada. Com mérito do redes, diga-se, que na mancha teve o reflexo de ir sacar a bola que fazia o movimento contrário ao seu.

O Sporting tinha pegado completamente no jogo, com Palhinha a ser cimento, Bragança a fazer girar toda a equipa (vocês já viram a quantidade de linhas de passe que o puto oferece?) e Matheus Reis a ser aquele cisne negro que embala por ali fora, qual interior, dando cabo das dinâmicas defensivas adversárias. Depois, a classe dos protagonistas faz o resto, como fez a cerca de cinco minutos do final da primeira parte, com Sarabia a encontrar Nuno Santos no interior da área e este a dizer a Daniel Bragança para rematar. O que, normalmente, seria uma bomba, foi transformado num remate em jeito ao qual o pé de um defesa adversário deu a curva que faltava para a bola entrar redondinha onde o redes não chegava.

It’s all smooth sailing
From here on out
I’m gon’ do the damage
That needs getting done

O futebol do Sporting ia para o intervalo em modo de uma das canções mais divertidas dos Queens of the Stone Age e regressava com a mesma felicidade, à procura do terceiro golo. Potter, por duas vezes, Esgaio, por uma, tiveram nos pés o remate que mataria o jogo, mas entre a defesa do redes e a falta de pontaria ficou o tempo para o Sporting acalmar o ímpeto, chegar a desleixar-se e permitir ao Vizela acreditar que podia chatear. Coates, por duas vezes, tentou complicar lá atrás e dar alguma emoção à coisa. Nuno Santos foi mais longe e reza a lenda que respondeu aos adeptos do Vizela que já tinham passado mais de 70 minutos a insultar quem estava no banco do Sporting. O momento “quentinho”, serviu para percebermos que um adversário que aperte o pescoço a um jogador do Sporting apenas vê amarelo (e que fácil voltou a ser dar amarelos aos Leões) e para ouvirmos os adeptos adversários a gritar “porto, porto, porto”. Fantástico.

Face a toda esta turbulência, Amorim meteu Ugarte e Gonçalo Esteves lá para dentro. O uruguaio ajudou a voltar a meter o meio campo no bolso, o puto voltou a entrar com vontade de conquistar o mundo e deu a última pincelada de pinta no jogo, arrancando por ali fora, deixando dois adversários para trás e servindo com uma classe maior um Sarabia que averia de desperdiçar mais uma oportunidade de golo.

No final, vitória justíssima dos Leões, que ficaram mais confortáveis no outro lugar que dá acesso à Champios e que são, cada vez mais, os únicos perseguidores ao líder fcp, num jogo a jogo que promete animar a época até final.