Frente a um benfica que chegou a ser confrangedor na tentativa de levar o jogo para penáltis, o Sporting foi infinitamente superior dentro e fora do relvado e só faltaram mais golos para carimbar uma tão grande diferença que valeu a conquista da Taça da Liga
Um gajo deita-se a sorrir e acorda a sorrir. Afinal, um dérbi é sempre um dérbi, e este até trazia diversas nuances que podiam e podem ter um enorme peso nos quatro meses que faltam para terminar esta época.
O Sporting, vindo de duas derrotas em três jogos a contar para o campeonato, havia chegado a esta final parecendo desconfiar de si mesmo e das capacidades que lhe permitiram ser campeão nacional. Pode inclusivamente dizer-se, que a última grande exibição dos Leões foi no início de dezembro, precisamente na Luz, frente ao benfica. Do lado dos encarnados, com o campeonato praticamente perdido, fora da Taça de Portugal e a Champions como um milagre em que nem a mulher do Damásio acredita quando vai à capela, restava a possibilidade de conquistar esta Taça da Liga como alimento motivacional para lutar pelo acesso directo à Champions até final.
I, I’m a one way motorway
I’m the one that drives away
Then follows you back home
I, I’m a street light shining
I’m a wild light blinding bright
Burning off and on
Ah-ah-ahh
O primeiro sinal dos diferentes estados de espírito entre verdes e vermelhos, veio das bancadas. Desde o aquecimento das equipas, que os adeptos leoninos literalmente esmagaram e abafaram as toupeiras que se deslocaram a Leiria. Jogamos sempre em casa, é uma grande verdade e um elefante que aqueles que diziam que o Sporting havia sido campeão porque o covid tinha retirado os adeptos das bancadas, têm que engolir.
O segundo sinal foi dado no relvado. O Sporting entrou a mandar e a empurrar o seu adversário para o meio campo, ao ponto do benfica conseguir passar pela primeira vez da divisória com a bola dominada já o relógio apontava aos dez minutos de jogo. Foi uma primeira parte de sentido único, mas que terminou com o benfica em vantagem, fruto de um bom trabalho individual de Cebolinha, após uma das poucas falhas defensivas que o Sporting teve ao longo dos 90 minutos.
O golo surgiu mais ou menos a meio de uma primeira parte, onde o lance mais perigoso dos Leões veio de uma cabeçada aviso de Gonçalo Inácio (também houve uma buja de Sarabia à barra, mas estava fora de jogo). No resto do tempo, o Sporting teve bola e teve espaço de sobra para que os laterais, Matheus Reis e Esgaio, galgassem metros e chegassem ao último terço. A ansiedade (e a bela primeira parte de Vertonghen), quando próximos da área, ia traindo os verde e brancos, que insistiam recorrentemente nos mesmos movimentos diagonais de Sarabia e Potter ou nos cruzamentos mal medidos.
O quadro estava pintado: as águias defendiam e mal como podiam, os Leões tinham bola, mas não tinham as setas pelas alas que, estava à vista de todos, ajudariam soprar aquela defesa de papel encarnada. Foi, por isso, com estranheza, que, no regresso ao relvado, Porro e Nuno Santos continuaram no banco.
E estava este que vos escreve, furioso com essa não mexida na equipa, quando Sarabia e Gonçalo Inácio voltaram a ensaiar o movimento que tinha proporcionado uma defesa ao redes grego. Acontece que, desta vez, o arco de Sarabia teve como resposta uma cabeçada perfeita, com a bola a fugir de tudo e todos para beijar a rede que a esperava de braços abertos.
Aos 49′ o Sporting colocava meia justiça no marcador e embalava para uma segunda parte onde engoliu ainda mais o benfica (o que me ri a ouvir o mister Veríissimo, rapaz que viu um jogo dividido e disputado, com oportunidades nas duas balizas, sem que alguém lhe dissesse que Adán fez a primeira defesa já nos descontos, segurando uma bufa do Pizzi que despediu o JJ).
Se o Sporting havia sido dominador, o Sporting, era, agora, um ameaço de rolo compressor, com Palhinha a limpar tudo, Matheus Nunes em modo frenético (o passe que o gajo faz, na primeira parte, ali entre os 15 e os 20, é candidato a passe do ano) e os cruzamentos precipitados transformados em tabelas em passes rasteiros a pedir emendas no coração da área. O ponto final no jogo, esse, veio com a entrada de Porro (Esgaio encostou ao meio, no lugar do amarelado Neto), esse lateral que é um craque dos pés à cabeça e, por saber o que faz em cada movimento que faz, transforma o Sporting numa equipa muito mais equipa, nomeadamente a atacar.
Lázaro já andava aos papéis na direita da defesa toupeira, mas, ainda assim, agradecia aos céus por ter que ser Grimaldo a levar com o a avalancha Porro. Foi desse lado que veio o passe para a bomba de Paulinho à barra, foi desse lado que veio o passe brutal, na diagonal, num diálogo em castelhano entre a direita de Porro e a canhota de Sarabia, com o 17 a dominar na passada e a metê-la toda lá dentro, cariño. Um golaço a colocar justiça no marcador e a entregar mais uma Taça da Liga ao Sporting, que até final soube defender e bem a vantagem, pese as picardias e os momentos de teatro ensaiados pelos jogadores adversários.
No final, entre sorrisos, mais do que a felicidade de conquistar mais um troféu, ainda por cima frente ao rival de sempre, fica a esperança que, tal como há um ano, esta vitória embale a equipa para uma segunda metade da época capaz de conduzir a outras conquistas. O primeiro boost de confiança foi alcançado ontem, com o extra de trazer um primeiro reforço de inverno, daqueles que fazem toda a diferença.
I’m a brand new sky
To hang the stars upon tonightAh-ah-ahh
It’s times like these you give and give again
Foo Fighters – Times Like These (Live at Glastonbury Festival 2017) – YouTube
30 Janeiro, 2022 at 17:27
Coates leva 7 títulos pelo Sporting. Para a geração que cresceu na travessia do deserto até ao Jamor do Iordanov, são tempos quase inimagináveis. E ontem, ganhar de reviravolta, no estádio, com golos na ‘nossa’ baliza, ao lado do pai e da filha mais velha. Não está mal.
Sporting sempre melhor e com mais coragem, muito mais coragem do que o Benfica, o resultado é justíssimo e peca por escasso.
Matheus Nunes e Palhinha garantiram-nos o controlo das operações, Sarabia é de outra classe e matou o adversário, pelo meio o Porro, que também é de outra classe, dinamitou tudo pela frente até a vitória do Sporting se tornar inevitável.
Mesmo com um Benfica destroçado e refém de um balneário em cacos, muito mérito para os nossos jogadores e para o Amorim. Mais uma vez.
Por outro lado, Paulinho não serve. Vai marcar golos, tem lugar no plantel, mas nunca, em tempo algum, pode ser titular em 30 ou 40 jogos na mesma época, muito menos pode ser inquestionável. E Neto, jogando menos, também não…. não podemos chegar a uma final com Feddal, Neto e Esgaio no onze inicial.
30 Janeiro, 2022 at 18:18
Queria deixar aqui o que o Marco dos LEITÕES Caneira, dizia no final da 1a parte… Benfica muito bem a fazer um grande jogo defensivo…embrulha Ó PORCO!