No dia 11 de Fevereiro de 2022, o futebol português regressou à década de 90. O Dragão virou Antas, o árbitro borrou-se todo e ofereceu o empate ao Porto, numa partida onde Ugarte foi um monstro e Matheus Reis o seu amigo e de onde o Sporting sai ainda mais equipa

 

O que se vinha passando ao longo desta época, já indiciava que a visita ao Dragão seria um desafio extra. Não tanto por aquilo que o fcp joga, que é bem menos sem Luiz Diaz, mas pela forma como o som do apito tem resolvido várias partidas complicadas para os azuis e brancos. E assim foi.

O fcp entrou com as esperadas ganas e colocou Adán à prova logo no primeiro minuto, com o redes leonino a fazer duas defesas. Logo a seguir, Matheus Reis viu amarelo por entrada impetuosa às costas de Fábio Vieira. Estávamos no primeiro minuto de jogo, mas, com toda a sinceridade, aceito esse amarelo desde que indiciasse o critério a seguir pelo árbitro. Puto engano. Basta recordar a entrada de Pepe às costas de Sarabia, em cima da linha de meio campo, na qual o cartão ficou no bolso. Também por isso, Pepe sentiu-se à vontade para mandar uma palmada no peito de Matheus Reis, já com a bola fora de campo, naquele que seria o segundo amarelo. Tal como em Alvalade, na primeira volta, num jogo em que agrediu Coates dentro da área, a soco, aquele que é naturalmente olhado como um orgulho para o clube do porto ficou em campo até ao fim.

Esta “brincadeira” dos cartões é um capítulo fundamental desta partida. A dado momento, tínhamos 6 amarelos para 10 faltas (Sporting) vs 2 amarelos para 13 faltas (fcp). Bem mais grave, Coates seria expulso por acumulação, em dois lances em que não faz falta: no primeiro, a meio da primeira parte, leva uma entrada de sola de Taremi (tipo as que deram expulsão de Tabata e de Bragança há não muito tempo) e é o nosso capitão quem leva amarelo por só cortar a bola; no segundo, o VAR assobia para o lado (outra vez) e finge que houve puxão de Coates a Evanilson.

 

Aos 4 minutos da segunda parte o Sporting ficava reduzido a dez, para defender a vantagem de 2-1 no marcador. Depois da entrada entusiasmada do fcp, os Leões espreguiçaram-se, com o primeiro aviso a ser dado por Paulinho, sacando a bola a Vitinha na pressão alta e rematando para defesa fácil do redes azul. Na segunda tentativa, o camisola 21 mostrou os dentes com toda a classe: Matheus Reis foi lá acima, recebeu a bola como se fosse volei de praia e cruzou-a como se não pudesse deixá-la cair no chão; Paulinho, com leitura perfeita, atacou o espaço entre Mbemba e Pepe, cabeceando de forma inapelável para o fundo das redes.

Depressa os azuis e brancos começaram a atirar-se para o chão dentro da área (só num lance berraram duas vezes e ainda nem o pequenito Conceição estava em campo), tentando dar corpo a uma posse de bola que se traduzia na incapacidade de superar o posicionamento defensivo do Sporting. Matheus Nunes, qual Conan o Rapaz do Futuro, enfrentava três e quatro adversários com a bola no pé, Ugarte ia começando a construir uma exibição tão grande que por momentos foi possível ver Douglas e Duscher a correr a seu lado. Depois, Sarabia, dizendo ao mundo que cruza tão bem com o direito como com o esquerdo, num primeiro aviso que a defesa safou a tempo, depois numa assistência para Nuno Santos concluir uma jogada de futebol champanhe.

 

Pena foi que, três minutos volvidos, o Sporting tenha desligado por momentos a ficha da concentração em processo defensivo, atacando à maluca a zona onde estava a bola e abrindo espaço à entrada da área, onde apareceu Fábio Vieira a fazer o 1-2 com um remate colocado e colocando um ponto final futebolístico na primeira parte, pois até ao intervalo nada mais se viu a não ser picardias, sempre com Otávio e Pepe metidos ao barulho, esses bons rapazes que até são chamados à selecção portuguesa e que nos ajudaram a assistir a um momento para guardar: João Pinheiro a dar mais um minuto de desconto depois de pressionado pelas gentes de azul e branco vestido (era isso ou começar a correr como um José Pratas, compreende-se).

E voltamos, então, ao minuto 49, quando Coates é expulso. O Sporting rearrumou-se rapidamente com Esgaio, Matheus Reis, Feddal, Inácio e Nuno Santos na defesa, entrando Palhinha para o lugar de Sarabia, e não demorou dez minutos para Amorim acertar definitivamente o desenho, lançando Neto para o lugar de Nuno Santos e arrumando a defesa com Esgaio, Neto, Inácio, Feddal e Matheus Reis, rapaz que voltou a fazer um jogo tão grande que só não foi o melhor em campo porque estava lá um rapaz uruguaio chamado Ugarte, dotado da capacidade de estar em todo o lado, para cortar, para proteger ou para tentar esticar. A verdade é que até ao golo de Taremi, o fcp, em superioridade numérica, só conseguiu criar perigo quando Zaidu se lembrou que era sexta feira e se lembrou de jogar no euromilhões, quase marcando o golo de uma vida numa sapatada que esbarrou no poste.

A 12 minutos do final o jogo ficava empatado. Conceição lançava avançados e extremos à maluca, o Sporting já tinha Slimani no lugar do amarelado Paulinho, mas o argelino estava sozinho lá na frente, até porque os elásticos Sarabia e Nuno Santos já não estavam em campo para fazer a ligação. Foi tempo de cerrar os dentes, de tempo de Neto ir ao chão e bloquear um remate, de Adán defender o último remate do jogo quando Feddal estava fora e o Sporting com 9 (e que defesa), foi hora de lembrar que onde vai um, vão todos, mesmo que seja para ir a uma viagem no tempo e aterrar num estádio que, com nome diferente, voltou a mostrar o que acontecia nos célebres anos 90 de que tanto se orgulham os adeptos framboesa.

 

 

Beastie Beastie Boys gettin’ live on the spot
Puttin’ all kinds of shame in the game you got
We keep the party movin’ to the broad day light
G-E-T-L-I-V-E alright