Apesar de considerar que o crescimento de um/uma atleta em contexto vitorioso, influencia a sua vivência competitiva quando chegar a senior, tenho feito um esforço para aceitar o que está actualmente definido pelo Sporting no contexto da formação. O objectivo passa totalmente pela colocação de atletas diferenciados na equipa principal, parecendo ser esse o patamar em que, integrados num plantel com hábitos ganhadores, os mais novos levam esse banho de competitividade e passam a essa fase final da formação.

Isso não invalida que considere chocante a forma extraordinariamente leve como encaramos resultados como o de ontem, em que a nossa equipa de sub19, reforçada com alguns meninos como Essugo ou Gonçalo Esteves e com outro já bem conhecidos, como Nazinho ou Rodrigo Ribeiro, levaram 0-4 do benfica, nos quartos-de-final da UEFA Youth League.

O jogo mostrou aquilo que se vai vendo de semana para semana: dos sub19à equipa B, passando pelos sub23, não existe nem fio nem qualidade de jogo. Chega a ser deprimente e por mais do que uma vez já pensei o que se diria se aqueles chutos atabalhoados na bola, fossem feitos numa partida de futebol feminino. Já sei que o que importa é o processo e colocar mais jogadores ao serviço de Amorim (que deve ter adorado o que viu, ontem), mas torna-se revoltante, depois de levar quatro batatas a murro, ouvir Felipe Pedro, o mister que está sempre feliz e orgulhoso do processo, dizer o seguinte:

“Sabíamos que ia ser um jogo muito competitivo e equilibrado à partida e foi assim no início. Tínhamos uma estratégia de pressão alta e não conseguimos ser efectivos. Fomos baixando e demos a iniciativa ao SL Benfica. O vento influenciou um pouco, mas o SL Benfica começou a ganhar algum élan na primeira parte. No entanto, não conseguiu criar grandes oportunidades de golo. Com bola, tivemos alguma dificuldade e não conseguimos sair muitas vezes. Criámos as nossas ocasiões, que também não foram claras, em bolas em profundidade. Num dos cruzamentos, o SL Benfica acabou por fazer o 1-0…

Entrámos melhor na segunda parte e, quando estávamos no momento de começar a criar oportunidades de golo, sofremos o segundo golo num momento transição. A partir daí, existem dois momentos-chave que nos impediram de reagir: estávamos a preparar as substituições e levámos logo o terceiro golo e, passado um pouco das substituições, temos a expulsão. Nos últimos minutos, o Dário [Essugo] já estava a sofrer o cansaço. Estes jogos são todos muito competitivos e decididos em pormenores. Acredito que por um pormenor pendeu para o Benfica, que podia ter pendido para nós em alguns momentos em que chegámos à área deles e não conseguimos. Depois, acredito, sim, que estes momentos-chave tiveram um grande peso no resultado.

Deixo bem claro que os jogadores foram inexcedíveis em toda a competição. Saímos com a cabeça erguida apesar da derrota pesada. Os números foram exagerados e não estamos satisfeitos, mas estamos orgulhosos”.

 

Confesso que, por momentos, consegui ouvir ao longe o eco do “estou chateado, mas não estou preocupado”, mas, no fundo, o que me apetecia era que alguém tivesse dito, em directo, “ó Filipe Pedro, vai gozar com o boda!”.