O Sporting levou, terça-feira, à Assembleia Geral da Liga, um conjunto de propostas que pretendem, na perspetiva dos leões, ser um contributo para melhorar o futebol português. Em causa está a introdução de alterações cirúrgicas mas de forte impacto nos diferentes regulamentos em vigor, desde as competições à disciplina, passando também pela arbitragem.

Um dos temas que faz parte do pacote de medidas do Sporting, está relacionado com o cumprimento de castigos. O clube de Alvalade quer acabar, de vez, com as suspensões cumpridas em tempo de férias, situação que tem sido recorrente ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, os responsáveis leoninos propõem que as suspensões passem a ser cumpridas obrigatoriamente entre a data do primeiro e do último jogo oficial de cada época. Dito de outra forma, querem que deixe de contar para efeitos de cumprimento de sanções por período de tempo o intervalo que medeia entre o último jogo oficial de uma temporada e o primeiro da seguinte, isto é, as férias. O objetivo será, antes de mais, credibilizar a disciplina. No limite, a título de exemplo, uma suspensão de 30 dias que começasse a contar 15 dias antes do fecho oficial de uma época só ficaria cumprida 15 dias após o início da nova campanha. Se a proposta for aprovada, ainda terá de ser ratificada pela FPF, por se tratar de um ponto do regulamento de disciplina.

Outra proposta que faz parte da apresentação do Sporting na AG da Liga, e que se transformou numa causa do clube ao longo dos últimos meses, tem a ver com as comunicações das equipas de arbitragem. Os leões têm sido acérrimos defensores do acesso aos áudios nomeadamente em recursos de castigos para o Conselho de Disciplina. Agora querem que o tema seja debatido na Assembleia Geral da Liga, sabendo que, em caso de aprovação, terá também de se ratificado pela Federação, por dizer respeito, neste caso, ao regulamento de arbitragem.

Em concreto, e de acordo com o jornal Record, os leões pretendem que a gravação das comunicações da equipa de arbitragem, incluindo do vídeo-árbitro, possa ser utilizada para prova em sede de procedimento disciplinar. O artigo que o Sporting vai submeter à apreciação e votação na AG da Liga prevê ainda que cada clube possa requerer o acesso às referidas comunicações exclusivamente nos jogos em que participou; ou seja, só poderia pedir as gravações das conversas entre os árbitros nos seus jogos, em cada jornada, e não nos jogos de terceiros. Para que se perceba melhor, não seria o Sporting solicitar as comunicações dos árbitros em partidas do Benfica ou do FC Porto em que não estivesse envolvido. Os verdes e brancos entendem ainda que as gravações poderiam ter como fim a avaliação dos próprios elementos da equipa de arbitragem, bem como a formação dos agentes de arbitragem.

Uma terceira ideia que o Sporting apresentou e que dependia apenas da aprovação dos clubes (dispensa ratificação na FPF), pois insere-se no quadro do regulamento de competições, passava por minimizar a pressão das equipas da casa sobre a arbitragem através da mudança de localização dos bancos de suplentes: a equipa visitante passaria a ocupar o banco situado do lado do árbitro assistente número 1.

Face a todas estas medidas, os representantes do FC Porto e do Benfica presentes na Assembleia Geral da Liga rejeitaram duas propostas do Sporting , relativas às comunicações da equipa de arbitragem e à mudança de disposição do banco de suplentes. Dragões e águias rejeitaram a admissibilidade da proposta, manifestando-se contra a divulgação dos áudios. Em última instância, para viabilizar esta possibilidade, teria de ser a FPF a ratificar a alteração ao regulamento da arbitragem.

Desta reunião, e ainda no âmbito das propostas apresentadas pelo Sporting, a partir da época 2022/23 deixará de ser possível cumprir castigos em tempo de férias.