Depois do balde de água fria da primeira mão, em Alvalade, o Sporting foi à Dinamarca deixar bem claras as diferenças para o Midtjylland, construindo um 0-4 que teve tanto de felicidade como de naturalidade e que leva os Leões para os oitavos da Liga Europa 

 

No início da década de 80, apareceu uma banda dinamarquesa que ousou chamar-se Disneyland After Dark. Para evitarem problemas com a Disney, acabaram por assumir-se como D.A.D, e entre algumas rocalhadas bem conseguidas surgiu um dos temas mais emblemáticos da década de 80, Sleeping My Day Away, que ainda fez as delícias de quem, durante a década seguinte, ia dançar para o Rockline ou para a 2000.

Ora, esta malha intemporal é, pelo menos para mim e para quem me é mais próximo no círculo de amigos, sinónimo de energia, alegria e boas memórias, e como o Sporting foi espetar quatro batatinhas à Dinamarca, é o pretexto perfeito para usar uma das canções que há muito tempo me apetecia usar. É só para saberem que não há qualquer trocadilho com a letra.

Ora, lá no reino da Dinamarca, o Sporting entrou mal, oferecendo ao Midtjylland as despesas e encolhendo-se face à pressão dos nórdicos. Chegou a impressionar, negativamente, a forma como o Sporting entrou aos tremeliques para um jogo frente a uns rapazes consideravelmente inferiores individualmente e enquanto equipa, sendo disso nota a escorregadela de Adán quando ia aliviar uma bola. Sinal claro do estado em que anda a cabeça do Leão.

Com Morita de regresso ao miolo e Pote novamente na frente, acompanhando o Paulinho joga sempre e o imprevisível Edwards, o Sporting acabaria por sacudir a pressão de forma perfeita: Esgaio foi lá à frente e quase nos fez gritar golo, do canto veio uma bola para a molhada, que um defesa dinamarquês chutou para a barra para não ceder canto, com Coates a mostrar que tamanho por vezes é documento e a mandar de cabeça lá para dentro. Foi como se Amorim tivesse adivinhado quando, na antevisão, disse que as bolas paradas iam ser decisivas.

Depois, Coates ia arranjando forma de estragar o que de bom tinha feito, valendo Esgaio em modo bombeiro, antes de Edwards correr meio campo isolado e, frente a um redes com mais 30 centímetros do que ele, achar por bem tentar um “cabrito” em vez de simplesmente desviar e acabar com a eliminatória. Foi Paulinho, o deles, não o nosso, obviamente, a colocar esse carimbo na contenda, quando no espaço de três minutos viu dois amarelos e foi para o quentinho do chuveiro mais cedo. Faltavam cinco minutos para o intervalo.

Com tudo isso, o segundo tempo foi gerido tranquilamente pelos verde e brancos, principalmente porque logo na reabertura Pote se lembrou dos vídeos que viu do Marco van Basten e do Dennis Bergkamp, e puxou um remate em arco que merece ser visto e revisto. 0-2.

Jogando onde deve jogar, em vez de recuar para tapar buracos que resultam da patética preparação da época, Pote ainda faria o terceiro, com alguma sorte, antes de ver um defesa adversário ter um daqueles momentos que entram directamente para as compilações de enterranços do Youtube. Pelo meio, na nota mais negativa do jogo de ontem, Amorim deixou esticar a corda até Ugarte ver o amarelo que o retira da primeira mão dos oitavos (a entrada de Tanlongo, logo a seguir, é coisa para irritar o mais calmo adepto), e foi uma pena não haver minutos para Chermiti, num jogo bem cedo decidido.

Venha de lá o sorteio dos oitavos!