Penso que pode dizer-se que é impossível fazer grandes considerações sobre contas que apresentam um resultado positivo de 47M, pois tudo o que se possa dizer de menos bom será considerado como ressabiamento ou vontade de criticar.

Apesar disso, e tendo visto de forma ligeira o relatório, sou tomado por algumas preocupações que me levam a arriscar dizer o seguinte:

 

– Desde logo importa perceber que provavelmente até final da época não haverá grandes vendas, até o Porro será negócio que apenas será incluído no próximo exercício e valerá tanto como o Palhinha devido à partilha das mais valias, dessa forma, e porque as receitas “extra” como as da UCL e das vendas não vão acontecer no 2º semestre, é possível desde já estimar que estaremos perante um resultado anual positivo de pouco mais de 20M. O que será um excelente resultado anual.

 

– Importante referir que para este resultado, concorreram as receitas extra, 35M da UCL e 76M das vendas de atletas, num total de 111M. Receitas que e pelo menos neste volume, não poderemos dar como adquiridas ad eternum e quando não acontecerem o desequilíbrio operacional será um facto visível até para quem não percebe de contas.

 

– É a própria direção que assume no relatório a importância de manter a média de vendas de jogadores nos 83.3M, que no mínimo custam alguma competitividade e leva-nos a pensar que para a próxima época estando já consumada a venda de Porro, “quem será o Matheus Nunes a sair?”

 

– Ainda não sabendo o valor do resultado, que foi maior do que aquele que perspetivava, arrisquei dizer que a não redução das dividas a fornecedores para um valor inferior a 90M seria um desastre, pois, passamos dos 110M para 100M e isto preocupa até porque sou do tempo em que 44M de dividas era considerado um desastre, um all inn feito por irresponsáveis.

 

– Assumido pela direção no relatório está também o maior investimento de sempre na aquisição de novos jogadores, razão pela qual a bolha das dividas a fornecedores não diminui significativamente e a necessidade de a continuar a alimentar com as vendas de jogadores tendo além do custo financeiro a perda mesmo que momentânea de competitividade.

 

Algumas rubricas que não são sublinhadas pela administração no relatório nem pelos comentadores “especializados” e que  no mínimo deveriam gerar apreensão:

 

– Record de gasto em juros, semestrais de 8.65M. Conseguimos ultrapassar o benfica neste gasto e aproxima-nos perigosamente do porto.

 

– Amortizações, também aqui um record semestral de 16.027M o que valida a informação do CD de ter feito e estar a amortizar o maior investimento de sempre na compra de jogadores.

 

– Outro record digno de registo, o gasto em salários que no semestre foi de 38.226M, o que leva a pensar que a barreira dos 80M em salários será ultrapassada no final do ano. De referir aqui que mesmo assim gastamos menos que ambos os rivais esta época, o porto devido ao pagamento de prémios de objetivos desportivos aumentou significativamente o gasto e o benfica já é um habitue em pagar mais, felizmente nos últimos anos sem resultados desportivos. Mas importante aqui é reconhecer que gastar 80M em salários é incomportável para a estrutura atual de rendimentos operacionais garantidos.

A este valor teremos de somar, porque reconhecido noutra rubrica, o salário de Trincão, no semestre 1.563M no ano serão 3.126M líquidos. No próximo ano será necessário acomodar este gasto salarial e veremos como fica nessa altura o chamado teto salarial.

 

Poderia ainda referir as elevadas comissões pagas em vendas (13% do valor das vendas), do ativo toxico que é a divida do clube e que não pára de crescer, da partilha de mais valias contratualizada na aquisição de jogadores que veio para ficar e tanta coisa mais que já todos estamos fartos de saber.

 

Finalizo acrescentando que não menciono os aspetos mais positivos pois esses, se não quiserem ler o ReC podem sempre ler no record ou ouvir os comentários dos especialistas nos programas da noite da cmtv e afins.

ESTE TEXTO É DA AUTORIA DE… Malcolm 
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