À 28ª jornada, o Sporting não só voltou a perder pontos com o Arouca, como voltou a ser protagonista de um filme que é o filme de uma época, entregando de mão beijada o terceiro lugar e o possível acesso à Champions ao Braga

Para escrever a crónica deste Sporting 1-1 Arouca, poderia ir buscar o texto de uma crónica anterior, mudar algumas passagens, alguns nomes, e estava feito. Afinal, o Sporting da noite de ontem, foi o mesmo Sporting que preparou pessimamente toda esta época, que tem gerido o plantel de forma muito questionável e que se deu ao arrojo de, em Janeiro, não tentar emendar o que quer que fosse no que toca a erros cometidos.

Por isso, o Sporting da noite de ontem, foi um Sporting que, com Paulinho lesionado, foi a jogo com três guarda redes e sem um único avançado no banco (Rodrigo Ribeiro foi para o banco da B, mas eu já ficava contente se tivesse sido chamado um juvenil, ao invés de me dizerem que a solução mais ofensiva era Rochinha); foi um Sporting que, com Edwards de fora, mandou Fatawu “que não joga na Champions dos putos porque é útil à equipa principal” para a equipa B; foi um Sporting que, em desespero, voltou a colocar Coates como ponta de lança a 20 minutos do final; foi um Sporting em que Morita parece ser o jogador que melhor sabe ocupar espaços e atacar a bola dentro da área; foi um Sporting que faz remates atrás de remates, mas a quem falta um goleador; foi um Sporting que fala em preparar o futuro, mas não dá oportunidades aos miúdos em jogos onde os habituais titulares precisam descansar.

As bolas ao poste e o golo oferecido, nada mais são do que a Karma Police enviada pelos Radiohead, a castigar a insistência em tantos erros, por entre os quais se inclui o autismo com que tratamos as assistências em Alvalade, ontem novamente nos 25 mil, os mesmo 25 mil que se achou normal ser média, depois de conquistado um campeonato que fugia há quase duas décadas.

Valham-nos os recordes de bilhética, que deverão voltar a ser batidos na quinta feira, frente à Juventus (que perdeu no campeonato italiano, embora rodando vários titulares), provavelmente com as bancadas cheias de gente a quem sobra a fé em algo que lhe acenda a paixão, numa época em que, em termos de tabela classificativa, o campeonato deve ter ficado arrumado ontem, frente a um Arouca que, este ano, nos roubou cinco pontos.