A EXPERIÊNCIA 2.0
“bem vindos a Alvalade 2.0”, dizia-nos um vídeo lançado nas redes sociais, antecipando o regresso a casa com a utilização da nova ferramenta que transformou os códigos de barras da Gamebox em QR code e passou a permitir ter o dito cartão entre tantos outros que tenhamos no telemóvel. Falou com estrondo, levando milhares de adeptos a passarem mais de uma hora numa fila para entrar e, em desespero, obrigando os seguranças a baixarem os torniquetes que, afina, não conseguiam ler a modernice. Resumindo, mais tecnologia, mas portas abertas, o mesmo ou maior “desespero” para conseguir entrar no Estádio, com a apresentação do plantel e da equipa técnica a ser feita para um terço (com sorte), dos 30 mil que haveriam de sentar-se em Alvalade.

Lá dentro, nada de novo, à excepção das cor das escadas, da cor dos corrimãos e do facto dos preços dos bares de apoio terem aumentado, sem que isso signifique melhoria da qualidade do serviço e da comida.

 

AS NOVA POSSIBILIDADES TÁCTICAS
Depois o 3-0 à Real Sociedad, 3-0 ao Villareal. Gyokeres não só veio trazer tanta coisa que não existia, como ainda vem permitir que a equipa seja muito mais versátil a atacar. Em redor do sueco, Pote, Paulinho, Edwards, Chermiti, Trincão ganham todo o novo universo de espaços e, com isso, a equipa ganha todo um novo conjunto de possibilidades de surpreender os adversários. O 3-4-3 pode facilmente variar para um 3-5-2 ou para um 3-3-4, e sentiu-se, sempre, que a equipa não só conseguia pressionar mais alto e melhor, como cada transição nos colocava mais perto da área adversária.

Se as transições ofensivas entusiasmaram, as transições defensivas preocuparam, nomeadamente enquanto Morita e Pote foram os médios centro (ambos claramente fora de água nas funções pedidas, pese toda a dedicação). É verdade que o Villareal joga de forma que poucos adversários nossos jogam a nível interno, mas não é menos verdade que os espanhóis conseguiram criar cinco oportunidades de golo claras, fruto dessa ausência de tampão no meio campo, até porque desta vez Inácio não subia para tentar encurtar espaços no miolo. Valeu os golos anulados, Adán e a barra, por isso façamos todos figas para que Hjulmand ou André venham a vestir de verde e branco, até para que Pote possa subir no terrenos e deixe o centro do campo entregue às possibilidades reforço + Essugo + Morita + Bragança.

 

O CRAQUE E OUTROS DESTAQUES
Não foi à toa que, quando foi substituído, Gyokeres viu os adeptos de pé, muitos deles fazendo-lhes vénias. Que diferença, caray! O homem vai ao choque e não cai, o homem deixa os centrais em desespero e obriga-os a fazer falta, o homem arranca em passada larga e galga metros com ou sem bola, o homem sabe perfeitamente o que fazer nos últimos 40 metros de terreno, o homem foge para a linha e abre corredores para os colegas, o homem não hesita em fazer assistências apesar de ter fome de baliza! Que saudades de ter um jogador assim! Que venha rapidamente o primeiro golo em Alvalade!

Depois, Pote. Parece vir para esta nova época de cabeça limpa e muito mais solto. Corre a bom correr quando tem que estar no miolo, mas quando subiu para o lado esquerdo do ataque a equipa ganhou toda uma outra dimensão (também por culpa da boa entrada de Bragança). O golo que marcou é para ver e rever, as combinações que ensaiou com Gyokeres deixam água na boca!

Por último, no pódio, Coates. Patrão. Continuo a sonhar com o dia em que ele vai por ali fora, qual Maradona, e me faz ter que ir mudar de boxers.

Palavra de “gostei de ver-vos, putos”, para Eduardo Quaresma (pese alguns problemas de posicionamento, mas não é fácil jogar do lado de Esgaio, outro problema por resolver, neste caso desde janeiro, quando Porro foi vendido), Daniel Bragança e, claro, Geny Catamo. O puto entrou doido, a querer mostrar serviço, e a verdade é que dinamitou a extrema direita. Que continue assim e me faça deixar de choramingar por Fatawu.

Nota final para Paulinho. A chegada de Gyokeres pode libertá-lo de um peso que jamais será capaz de carregar: ser responsável por decidir e ser o marcador de serviço. Que o facto de não ter que ser o protagonista signifique muito mais golos.

 

OS NÚMEROS E A OPORTUNIDADE PERDIDA
A dois ou três dias do jogo, era anunciado que entre as 30 mil gameboxes e os bilhetes vendidos, estavam já comprados 40 mil lugares para o 5 Violinos. Quando a assistência oficial foi divulgada, estavam pouco mais de 30 mil no estádio, o que, pela lógica, significa que 10 mil detentores de Gamebox não marcaram presença nem emprestaram o seu bilhete de época, mas como os torniquetes tiveram que ser desactivados em algumas portas é complicado saber o número certo… Vamos ver o que acontece nos próximos tempo e se a política de preços descabida de tão alta é para continuar.

Nos entretanto, para quem assenta grande parte da gestão nos recordes de bilhética e de merchandising, não deixa de ser estranho ter-se perdido a oportunidade de lançar a terceira camisola, ontem. A Loja Verde estava cheia, o resto era quase automático…