Jogador alto, elegante e muito rápido, atuava preferencialmente descaído para os flancos, fazendo uso da sua velocidade e excelente técnica, para provocar desequilíbrios nas defesas contrárias, com as suas poderosas arrancadas em direção à baliza. Não sendo propriamente um ponta-de-lança também era capaz de jogar na área e fez muitos golos ao longo da sua brilhante carreira, marcada pelo seu forte carácter e grande profissionalismo.

Nascido num bairro pobre da Capital do Mali, bem cedo revelou a sua habilidade para o futebol, destacando-se no Real Bamako, e em 1963 com apenas 16 anos, chegou à Seleção principal do seu País, onde totaliza 13 jogos e 11 golos.

Foi então descoberto por um “olheiro” do Saint-Étienne, que era na altura a melhor equipa de França, e partiu para aquele País à experiência. Agradou e ficou tornando-se num elemento importante de uma grande equipa dos “Verts”, e conquistando um tri campeonato e duas Taças de França, entre outros prémios individuais, como a Bota de Prata do Campeonato francês de 1970/71, quando marcou 42 golos, e a Bola de Ouro Africana de 1970.

Desentendeu-se então com a Direção do Saint-Étienne, e transferiu-se para o Marselha, mas numa altura em que havia limitação ao número de estrangeiros que os clubes podiam inscrever, foi pressionado para se naturalizar como francês, recusando-se a fazê-lo e partindo então para o Valência.

Chegou a Espanha envolto em alguma polémica, mas rapidamente calou os que puseram em causa o seu valor e carácter, com boas exibições e golos, que conquistaram os adeptos do Valência que o apelidaram como “La perla negra de Malí “.

Á beira dos 30 anos foi mais uma vez prejudicado pelo facto de ser estrangeiro, quando não lhe renovaram o seu contrato com o Valência, situação aproveitada por João Rocha que o trouxe para Portugal (chegou ao Sporting no verão de 1976 (para substituir Héctor Yazalde), carregando o estatuto de primeiro Bola de Ouro Africano (1970)).

No Sporting encontrou Jordão e Manuel Fernandes, com que formou uma das melhores linhas avançadas da história do Clube. onde tem um lugar como um dos seus melhores jogadores estrangeiros de sempre (em três temporadas em Alvalade (1976/77 a 1978/79), somou 77 jogos e 33 golos), tendo deixado o perfume da sua classe nos relvados portugueses e um lastro de respeito pelo seu carácter e grande profissionalismo, apesar de só ter ganho uma Taça de Portugal, que teve a honra de erguer na condição de Capitão de equipa, devido à ausência de João Laranjeira (2-1 ao FcPorto, na finalíssima)

Keita morreu ontem, aos 76 anos.
Descansa em paz, Leão!