Durante muitos anos o Sporting foi considerado como “a melhor fábrica de extremos do mundo”. Um autêntico viveiro, de onde saíram Paulo Futre, Luís Figo, Simão Sabrosa, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma ou Nani. O mundo reconhece a formação do Sporting, muito pelos extremos que formou.
Outros jogadores tinham sobre si os holofotes, mas por algum motivo não atingiram as expectativas que existiam para as suas carreiras. Destacam-se nomes como Edgar Marcelino, Paulo Sérgio, Fábio Paim, Bruma, Iuri Medeiros ou Gelson Martins. Mais recentemente Joelson desiludiu todos aqueles que o acompanhavam desde miúdo.
O futebol está em permanente mudança e o papel dos extremos tem mudado. Aqueles cuja ação, se baseava em ganhar a linha de fundo e cruzar, não deixam saudades. No entanto, os extremos “à Sporting” fazem falta ao futebol, pela velocidade, técnica, cruzamento e remate.
A fome específica do Sporting em potenciar extremos, tem sido também inibida pela obsessão de Rúben Amorim em transformar extremos em alas, com exemplos recentes de Gonzalo Plata, Fatawu, Geny ou Afonso Moreira.
A evolução dos jogadores obedece a uma série de variáveis, pelo que não poderemos fazer futurologia. No entanto em Alcochete, existem de momento três extremos com selo “Sporting”.
Para além do badalado Geovany Quenda (2007), que já não precisa de palavras para a sua caracterização, podemos ainda encontrar em Alcochete, José Garrafa e Yanick Filipe.
Dois talentos naturais, que trazem memórias àqueles que sempre vibraram com a magia dos extremos formados pelo Sporting.
José Garrafa (Zezinho), nasceu em 2011 e joga nos Iniciados A (2009), apesar de idade Infantil. Velocidade, qualidade técnica, capacidade de drible, condução de bola e definição. Por curiosidade é irmão de Cleusio Garrafa (2009), que apesar de Iniciado joga nos Juvenis B, pelo que poderiam estar a jogar juntos.
Yanick Filipe, nasceu em 2012, foi recrutado ao SLB há um ano, joga nos Iniciados B (geração 2014), que disputam o Campeonato Nacional Sub 15 II Divisão. Este “pequeno” jogador, para além das características de José Garrafa, tem ainda apetência para as bolas paradas. Tem uma batida de bola inacreditável.
Se aliarem o seu talento natural à capacidade de trabalho, vamos ouvir falar muito destes miúdos que na maioria dos jogos contribuem de forma decisiva com golos ou assistências.
Independentemente do sistema tático existente, jogadores com estas características, têm de ser enquadrados de forma a não verem o seu talento estrangulado. A rigidez tática e amarras defensivas, podem condicionar o talento natural, por isso a sensibilidade dos treinadores tem de ser elevada.
Há uns meses, o extremo Micael Sanhá (2006) também me encantava. Uma autêntica serpente, com velocidade e capacidade de drible. No ano passado com Pedro Coelho, nos Juniores (sendo Juvenil de segundo ano), fez vários jogos como lateral direito e a partir daí o seu rendimento como extremo não tem sido o mesmo. Obviamente os princípios defensivos têm de ser trabalhados e desenvolvidos, mas o talento não pode ser castrado.
Pode ser coincidência, uma fase menos exuberante do jogador, mas parece que a sua irreverência está algo inibida, de tal forma que penso que no futuro “Mica” será lateral. Algo impensável nas suas primeiras aparições oficiais com a camisola do Sporting.
Existem muitos outros extremos na Academia Cristiano Ronaldo com qualidade, contudo quando olho para Quenda, Zé Garrafa e Yanick, digo sempre “que saudades tinha destes extremos”.
*”Crónicas para Formação Lovers é um espaço da autoria de sporting_343
27 Setembro, 2023 at 17:53
“A fome específica do Sporting em potenciar extremos, tem sido também inibida pela obsessão de Rúben Amorim em transformar extremos em alas” – Muitos dos problemas de não aproveitarmos jogadores deste tipo está explicado aqui… mas é mais abrangente que isso.
Quando foi a última vez que se apostou à séria em jogadores das escolas? E não falo de mais ou menos talentos a subir e assim, falo de dar minutos a jogadores das escolas – foi no ano que fomos campeões.
Porquê?
Por necessidade.
É só ver quem está cá agora e quem saiu desses jogadores (maior ou menor talento é indiferente) e perceber que, no que toca à formação, não há estratégia de aproveitamento de jogadores quando chegam aos seniores.
Mais, jogam em (e têm características de) certas posições para depois chegarem aos seniores e jogam fora de sítio.
Fosse JJ era títulos e notícias de jornais a dizer que nunca aposta em putos (o que é verdade) – sendo RA, está tudo calado (quando faz o mesmo).
Por muito que me custe dizer, a falta de estratégia de aproveitamento dos jogadores da formação deveria fazer pensar seriamente se vale a pena continuar a ter escolas (estou a hiporbolizar, mas não deveria ser falado este problema?)
28 Setembro, 2023 at 8:24
Há algum jovem extremo que tenha saído e esteja a fazer uma grande carreira lá fora?
28 Setembro, 2023 at 12:52
Quando falo na falta de aposta falo em todas as posições.
Quando falo nos jogadores que saíram que foram campeões, falo de todas as posições.
Fossem só os extremos o problema que temos na formação – mas RA também não os usa, porque os adapta a outras posições.
De uma forma ou de outra, não só não temos extremos a subir (porque o treinador os usa noutras posições) como o próprio do treinador não aposta nos putos (preferindo ir às compras).
JJ não faria (nem fez) melhor que RA…
27 Setembro, 2023 at 18:15
Grande golo do winilson lopes ontem também.
27 Setembro, 2023 at 18:32
Podemos acrescentar a lista Simão e Leão.
Na minha lista de decepções, para além de Joelson, está Isnaba Mané.
Ambos jovens que partiam tudo até chegarem a seniores. Se foi a obrigação táctica a castrar a magia, não sei dizer.
Outra desilusão foi Bruno Tavares que eu acreditava que chegaria ao patamar de Matheus Pereira, outro com tanto futebol para dar e que perdeu-se em decisões de carreira menos boas.
Quenda é a esperança renascida de termos um extremo de nível mundial.
28 Setembro, 2023 at 9:25
Também acho que um jogador que joga colado à linha, do meio campo para a frente, só para cruzar acabou, tais como os antigos numeros 10.
O futebol está cada vez mais atlético e rápido e jogadores com as características do gyokeres são cada vez mais importantes. Portanto, ou se é um Messi, ou então tem que saber defender, atacar, compensar, jogar fora de posição, o que quizerem., não vale apena começar com a conversa de marretas que é o RA, porque o futebol está cada vez mais mudado….só a merda da arbitragem é que não muda!
28 Setembro, 2023 at 12:54
RA não aposta em putos.
Ponto.
Se são extremos ou não, se se adaptam ou não, é indiferente.
RA é o JJ com boa publicidade.
28 Setembro, 2023 at 13:53
Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, João Palhinha, Matheus Nunes, D. Bragança, Tiago Tomás são alguns que me vêm à memória de serem titulares ou jogarem com frequência.
Embora também acho que ele aposta demasiado nos amigalhaços não estou a ver quem poderia ter mais chances (talvez o G. Esteves).
Isto seria uma boa discussão seguramente com troca de argumentos válidos de diferentes pontos de vista, o problema é que por meia dúzia marretas não se consegue ter qualquer tipo de boa discussão.
28 Setembro, 2023 at 14:05
O Palhinha já não era propriamente um puto, o TT e o Bragança pouco foram contando…sobram 3 jogadores em 4 épocas de RA.
A questão está em perceber se algum dos jovens não teria tido outro percurso com treinadores que apostam neles… o caso mais claro é o Fatawi mas podiamos falar do TT, do Esteves, do Essugo..