Numa tarde feita noite repleta de emoções, o Sporting fechou o campeonato com um 3-0 frente ao Chaves, batendo vários recordes e não deixando pinga de dúvida sobre o porquê de ser Campeão

 

Ninguém passou em Alvalade. 17 jogos, 17 vitórias, recordando que há 20 anos que uma equipa não vencia todos os jogos em casa a contar para o campeonato. Foram dez meses com a nossa casa a servir de base para tudo o resto, que também fica para a história: primeiro clube a marcar em todas as jornadas do campeonato; 96 golos marcados, recorde de pontos na história do Sporting (90), dez pontos de diferença para o segundo classificado.

Os número do Sporting 23/24, o melhor Sporting da era Amorim, que ontem fechou com chave de ouro o campeonato, batendo o já relegado Chaves por 3-0, com golaço de Paulinho e com bis do monstro Gyokeres, melhor marcador da prova, com 29 golos, que perdeu a cabeça quando percebeu que o árbitro só ia dar três minutos de desconto e começou a gesticular, na ansia de chegar aos 30 golos.

A mentalidade do sueco, associada à mentalidade do grupo, explica muito do que aconteceu esta época, desde logo a forma como o Sporting entrou em campo na maioria dos jogos. Ontem, aos três minutos, já o redes do Chaves tinha sacado as duas primeiras grandes defesas e já Gonçalo Inácio tinha enviado uma bola ao poste, na sequência de uma cabeçada.

Veio um penálti assinalado e desmarcado, via VAR, veio um corte com a mão não assinalado e depois marcado, via VAR, que Gyokeres converteu no primeiro da tarde, aos 22 minutos, quando das bancadas se pedia que fosse Neto a chutar, imaginando a turba a despedida perfeita para o camisola 13. Foi mesmo Gyokeres a bater, ele que perseguia a meta dos 30 golos e precisava de um hattrick para lá chegar, e Neto também esteve quase a festejar, dez minutos depois, numa cabeçada que valeu nova defesa apertada ao redes flaviense.

Trincão fazia o que queria com a bola colada ao pé, e foi de lá que nasceu um lance bem desenhado, que passa ainda por Pote e por Esgaio antes de chegar a Gyokeres que, no coração da área, roda sobre si para apontar o segundo da tarde, antes de apontar o terceiro, mesmo em cima do intervalo, anulado ao retardador quando o VAR descobriu uma falta de Coates na outra ponta do campo, no início da jogada.

Ao intervalo, Hjulmand, amarelado na sequência de um lance que ditou a expulsão de um jogador do Chaves, ficou a tomar banho. Paulinho entrou, pronto a mostrar os dentes, enquanto Pote recuava para junto de Morita.

O Chaves teve o seu lance mais perigoso, logo a abrir, antes de Neto meter redonda na corrida de Nuno Santos e este fazer mais uma assistência. A prenda foi para Paulinho, numa buja de primeira, num lance que valeu ao Vj de serviço confundir o camisola 20 com Pote, no momento caricato a tarde.

O jogo parou, a placa subiu, Neto saiu. A despedida, eu a pensar no que estaria ele a pensar e a sentir-me a Julia na ópera, um estádio de pé, a certeza de que isto nunca será só futebol, confirmada largos minutos depois, quando o filho dele não continha as lágrimas e ele tinha dificuldade em falar.

Veio o espectáculo pirotécnico da Juve Leo, com fogo de artifício e uma fumarada à moda antiga, que me aconchegou o coração saudoso de festas menos programadas, menos limadas, mais genuínas. Como a despedida de Adán, gajo que parece nunca sorrir e que também conseguiu não chorar, quando já o sol baixava e nos ecrãs se agradecia o que ele e Neto tinham feito.

Fomos ficando, enquanto eu ia desejando que a nova camisola, bem bonita, não seja o equipamento principal, que me fazem falta a listas verdes e brancas. Veio a entrega da Taça, veio o espectáculo bem bonito, veio a comunhão entre jogadores e adeptos, veio o país a ser atravessado por um meteorito verde. Espero que quem o viu, ao vivo, tenha desejado aquilo que eu desejei sem o ver: voltar a casa dentro de uma semana, para celebrar a conquista da Taça de Portugal.

You’ll always be my home, my heartI’ll be with you wherever you areMy home, my heartI feel you with me when we’re worlds apartYou’ll always be my homeHome, home, home