Marvin não chegou como contratação de topo, do círculo de Bryan Ruiz ou Bas Dost, mas chegou ao Sporting de forma mais ou menos consensual. Custou pouco, ou quase nada, vinha do campeonato português (a forma mais correcta de comprar em Janeiro) e chegou essencialmente para ocupar o lugar de Jonathan Silva, que parecia não corresponder ao pedido pelo treinador.

Apesar de uma formação a lateral esquerdo, Marvin actuou em parte dos seus jogos em Portugal a extremo esquerdo. Porque tem força, potência e bom remate e porque tem capacidade de progressão essencial nas equipas de meio da tabela em Portugal. E Marvin fazia isso como poucos, porque tinha raça e determinação e porque a sua equipa não estabelecia o seu futebol na posse e porque tinha um corredor inteiro para explorar para criar perigo. E, para além disso, foi treinado pelo “milagreiro” Pedro Martins, que transforma jogadores que parecem banais em profissionais competentes dentro de campo.

A camisola verde e branca, curiosamente das mesmas cores que costumava usar, ainda lhe pesa muito. Bem como o sentido de responsabilidade acrescido, a exigência do clube e a luta por títulos, os estádios cheios e a pressão de vencer sempre, e vencer sempre com a bola no pé. O explosivo e irrequieto Marvin deu lugar a um calculista, sempre com receito de errar e por isso a errar muitas vezes, sempre receoso e pouco à vontade nas tarefas defensivas que lhe eram destinadas.

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Mas a capacidade física e de progressão, bem como a intensidade que sempre demonstrou, são características que continuam nele, mas que a equipa ainda não lhe deu estabilidade para demonstrar (nem o treinador deu estabilidade à zona do terreno). Nunca será um lateral ao estilo Layun ou Grimaldo, que aperece como força ofensiva mais que defensiva, que lidera estatísticas de assistências e pode ajudar na marcação de bolas paradas. Mas pode fazer no Sporting as funções que Marcos Rojo, por exemplo, cumpre com sucesso na Argentina. Um lateral forte, com jogo aéreo importante, com intensidade defensiva e capaz de trazer mais segurança em momentos defensivos do jogo.

Para isso Marvin precisa apenas de estabilidade, confiança do seu treinador e acumular cada vez mais minutos. Em grandes jogos esta temporada demonstrou ter estofo para o clube que representa, como frente ao Dortmund ou Real Madrid, mas falhou com equipas de dimensão muito inferior ao Sporting (como toda a equipa aliás).

Goste-se ou não do jogador, Marvin será em breve internacional holandês e é um atleta que tem tudo para se valorizar ao serviço do nosso clube. Tem todas as condições ser o títular indiscutível de uma lateral esquerda que vai oscilando nos humores do nosso treinador e a sua principal concorrência até deveria ser Ricardo Esgaio, nesta altura.

E por isso, tenhamos todos calma com Marvin e não coloquemos já o mercado em polvorosa para comprar desesperadamente um jogador porque alguns jogos correram mal. Nos nossos quadros existem ainda Jonathan Silva e Pedro Empis, dois jovens talentosos jogadores com características bem diferentes do holandês Zeegelaar. Calma Marvin, tu chegas lá.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa