No dia em que se celebra o dia mundial da Lingua Gestual Portuguesa, apresentamos a história de um jogador sub14 do Sporting, para quem o Rugby tem desempenhado um papel essencial no seu crescimento e desenvolvimento, contribuindo para fazer das limitações, autênticas forças que tanta diferença têm feito na sua vida.
Guilherme Custódio foi vitima de uma paragem cardiorrespiratória com um mês de idade, situação que lhe causou uma surdez bilateral profunda desde muito cedo, o que veio a ter implicações no seu desenvolvimento, nomeadamente ao nível da comunicação e da interação com pessoas, entre outras. Guilherme nunca foi uma criança muito sociável, tendo preferido sempre brincar sozinho ou com os familiares.
Até que um dia, numa ida a uma grande superfície comercial, o seu Pai e grande companheiro, o autorizou a escolher uma bola de entre tantas que estavam num cesto. Para surpresa de todos, Guilherme escolheu uma bola oval, e sem saber, deu assim o primeiro passo para aquela que se ia tornar a sua grande paixão, o Rugby!
A partir desse dia, a bola oval tornou-se a sua grande companheira para todas as brincadeiras, e o interesse por uma modalidade até aí desconhecida foi crescendo. O seu Pai começou a levá-lo aos jogos dos Lobos no Estádio Universitário, onde para além do primeiro contacto com a modalidade, teve a possibilidade, como é apanágio do Rugby, de ir convivendo de perto no final dos jogos, com os jogadores, outros miúdos e sobretudo com a atmosfera única que se respira num jogo de Rugby.
E foi num “open day” organizado pelo Sporting Clube de Portugal, que Guilherme veio a ter o seu primeiro contacto mais a sério com a modalidade. A partir daí não mais parou, tendo começado a jogar nos sub10, e estando já hoje a representar a equipa de sub14 do clube.
As diferenças para o Guilherme antes do Rugby e depois do Rugby são contadas pelo seu Pai, Carlos: “Após ele começar a jogar rugby, aumentou a sua autoconfiança e auto estima, na escola as notas melhoraram imenso e ainda hoje se mantêm altas. O seu comportamento também melhorou e deixou de usar o “perdi” ou “ganhei” para passar a usar “perdemos” ou ganhámos. Também em casa se tornou mais responsável”, refere.
Para isso tem contado com o apoio incansável da sua família de sangue, e também com o apoio da família que já criou no Rugby, nomeadamente com os seus colegas de equipa do Sporting, que sempre perceberam e aceitaram a sua limitação, e o têm ajudado em tudo para que esta, seja o menos limitativa possível.
“O Guilherme usa as suas aptidões de leitura labial para perceber o que os colegas lhe comunicam, o que muitas vezes se torna uma vantagem, pois consegue também decifrar o que os adversários vão fazer” conta o seu Pai Carlos. Os alinhamentos são combinados em Lingua Gestual Portuguesa para que o Gui enquanto talonador, saiba exactamente onde tem que colocar a bola. Em suma, já aprendeu a compensar com informação visual, as naturais dificuldades em captar no imediato, a informação que os colegas lhe vão passando ao longo do jogo.
Apesar de uma ainda curta carreira na modalidade, Guilherme refere 3 momentos que nunca irá esquecer, nomeadamente a vitória do seu Sporting no Jamor frente ao São Miguel que deu o título da 2ª divisão, a bola autografada pelos Lobos que recebeu das mãos do ex-seleccionador Errol Brain, e a recente chamada para o estágio da seleção da ARS que o encheu de orgulho e lhe deu ainda mais motivação.
Sonha um dia tornar-se um Lobo, tal como os seus ídolos João Correia, Gonçalo Foro e Pedro Leal. Jogar no estrangeiro é também uma das suas metas, nomeadamente no Hartpury RFC, clube inglês onde joga o atleta Matt Gilbert, internacional inglês, surdo profundo, e que se tornou numa grande referência para o Guilherme nos últimos anos. Fora do Rugby, Guilherme gosta de desenhar, ler BD, ver filmes de acção, ouvir música e ir a Alvalade ver o Sporting.
O nosso obrigado ao Guilherme pelo exemplo de superação que é, e por ter escolhido o Rugby para a sua vida!”
*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio
17 Novembro, 2016 at 11:47
Está explicado o porquê dos sentimentos que expressas quando falas de rugby. Vénia.
17 Novembro, 2016 at 12:08
Obrigado, Cherba…
O Gui agradece…
17 Novembro, 2016 at 12:21
Faço minhas as palavras do sr Cherba.
17 Novembro, 2016 at 12:24
Brutal história.
Tem tudo, o isolamento ou afastamento, a superação, a aceitação, integração.
Uma história de como o desporto ajuda um miúdo a desenvolver -se é a desenvolver aptidões sociais.
Uma história desafio pessoal e uma história de acolhimento e aceitacao.
Brutal.
Não digo que só no rugby mas…..
Escolheu a oval no meio de tantas?
Seria diferente, como ele se sentia?!
17 Novembro, 2016 at 11:54
Grande Guilherme!
Força campeão!
Mais um vez uma linda história “escondida” do mundo do rugby
Obrigado
17 Novembro, 2016 at 12:19
Grande Gulherme! Um abraço!
Z
17 Novembro, 2016 at 12:20
Nao ha uma destas cronicas que nao leia do principio ao fim com os olhos a brilhar.
Mais um grande texto, e um grande abraco ao Guilherme e ao Pai.
17 Novembro, 2016 at 12:32
Fogo…que historia! Força puto! Que mantenhas a força para jogar e um dia podes fazer parte da base do Rugby do Sporting! Só vejo o Rugby do Sporting crescer assim…desde a formação, desde puto até seniores! É impossivel não perceber o carinho que ex-praticantes têm pela modalidade…não percebo porque não conseguem outra projecção uma vez que até acho que é uma modalidade muito querida por muitos e eu conheço bastantes que gostam muito mas que desde que deixaram de jogar praticamente não acompanham nada, o que para mim é estranho e revela que é um nicho de mercado que a modalidade pode apanhar!
17 Novembro, 2016 at 12:40
Fenomenal. Excelente história e exemplo do verdadeiro valor do Desporto.
Vitórias e derrotas valem alguma coisa no desenvolvimento (ambas necessárias), mas isto é o fulcral, que tantas vezes se esquece (principalmente) no futebol.
17 Novembro, 2016 at 12:52
Escondidinho, o mérito do Gui tem de ser repartido com o rugby e com o Sporting, não necessariamente em partes iguais.
O Guilherme teve a sorte de abraçar uma modalidade em que o respeito é nota máxima, em que o empenho é valorizado e em que o retorno humano é fora-de-série. Depois teve a sorte de o fazer no Sporting, o Clube do coração que o recebeu sem discriminação ou preconceito.
Todos saem a ganhar, o Gui, o Sporting e o rugby e, quem sabe, não temos um dia em exemplo de superação e entrega reconhecido internacionalmente.
Força, Guilherme! Mantêm-te firme na perseguição dos teus sonhos.
Abraço ao Gui e ao pai babado 😉
17 Novembro, 2016 at 16:32
Totalmente de acordo…
Mérito é do Gui, que dá o corpo ao manifesto 🙂 , dos companheiros que o integraram, e do Clube, pois temos noutro clube e noutra modalidade uma história totalmente contrária a esta…
Um abraço, GAG.
17 Novembro, 2016 at 12:55
Fuck. O desporto é tão estúpido e tão perfeito ao mesmo tempo.
17 Novembro, 2016 at 16:12
🙂
17 Novembro, 2016 at 16:33
🙂
Mesmo…
17 Novembro, 2016 at 13:09
Escondidinho
O amor que sentes pelo rugby, a forma como consegues colocar por palavras as histórias que vivências… damn
Sério..
Colocar lágrimas nos olhos de um marmanjão de 43 anos a estas horas do dia não é fácil…
História incrível de superação, deixa-me extremamente feliz.
SL
17 Novembro, 2016 at 16:36
Caro, desta história tenho 2/3…
1/3 é sobre rugby;
1/3 é sobre o Sporting…
1/3 … bem neste tenho o mérito de ter fornecido a matéria, mas não a escrevi… 🙂
Um abraço.
17 Novembro, 2016 at 13:10
Muito Bom! Das fraquezas força!
Tenho a certeza que a linguagem gestual no seio da equipa, é uma vantagem em relação aos adversários, que ficam sem saber o próximo movimento da equipa.
17 Novembro, 2016 at 13:11
Excelente e inspiradora História de vida.
Meus agradecimentos ao Caro Escondidinho por a partilhar.
SL
17 Novembro, 2016 at 13:23
Ahhh …ganda Gui…!!
Um abraço do “avô”Max para o Gui…
Nem é necessário dizer que lhe desejo tudo do melhor…porque é isso que ele vai ter…
com o seu espírito de luta e apego ao trabalho de grupo…!!
Força Gui…”marca lá mais um ensaio”…!!
Abr também… para companheiro “Escondidinho”…!!
SL
18 Novembro, 2016 at 9:28
Um abraço do Gui … mas sem placagem, claro 🙂
17 Novembro, 2016 at 14:22
Obrigado Escondidinho por mais um belo texto, começo a perceber o porquê de tantos gostarem deste desporto.
Parabéns Gui, pela raça de leão que tens dentro de ti.
17 Novembro, 2016 at 15:26
Grande história! Que por acaso vem hoje no jornal do clube. Adorei! Obrigado Escondidinho.
17 Novembro, 2016 at 15:59
🙂
William Lion Heart
Guilherme Coração de Leão…
17 Novembro, 2016 at 15:34
Espectáculo!
17 Novembro, 2016 at 22:49
Vale a pena vir a tasca só para ler estas histórias de Sportinguismo puro. Mesmo sem perceber nada de rugby, já percebi que os seus valores se cruzam com os do nosso clube. E fico contente de saber que o dinheiro das minhas quotas está a ser bem empregue para ajudar jovens como o tuff GUI!
17 Novembro, 2016 at 22:52
Muito bom.
Posso vir à Tasca e existirem vários posts posteriores que não dispenso de forma alguma esta rubrica.
Muito bom mesmo.
21 Novembro, 2016 at 3:45
Muito bom! Obrigado Escondidinho.
Força Guilherme és um exemplo de como com as circunstâncias certas e força interior se podem superar muitas limitações.
Lobo não sei se serás (espero que sim se assim o desejares), LeãoZão já tu és!
SL
21 Novembro, 2016 at 13:36
Neste fim de semana, mais três ensaios, sendo ele avançado, é do louvar 🙂
Entrega total.