Está feito. Mais em esforço do que em arte, embora não tenham faltado meia dúzia de pinceladas bonitas a compensar os borrões que tornaram mais conturbada a passagem do Sporting aos quartos de final da Taça de Portugal.

A primeira parte foi entretida. Boa postura do Setúbal, chegando-se à frente e tentando disputar o jogo pelo jogo. Campbell tem um gesto técnico tão mauzinho quanto o termo gesto técnico mauzinho vos pode fazer imaginar um remate de primeira que faz a bola ganhar um arco saído do saudoso Match Day. Depois, bem, depois há um sadino que entra na área pela direita, vai no corpo a corpo com Marvin e tenta imitar Lito Vidigal a megulhar. Os gritos da bancada são sintomáticos: “tens que cair melhor! Assim não enganas ninguém!”. E com tanta gritaria Ruben Semedo perdeu a concentração e resolveu dar ao mundo mais um exemplo prático do porquê de Rui Patrício ser o melhor na sua posição. O passe do central a desmarcar o avançado adversário é primoroso, Edinho avança guloso, mas Rui dá dois passos atrás e quando se atirar para a frente, para fazer a mancha, é um Leão em pleno salto a desviar o golo. Bru-tal!

Edinho meteu as mãos na cabeça e um sadino meteu a mão à bola em plena área. Informado pelo quatro árbitro que o Sporting cilindrava o Fafe, em andebol, o árbitro mandou seguir e fez com que o bloco de notas passasse a acumular dois golos mal anulados e três penaltis por marcar no espaço de uma semana. Só faltava não marcar o agarrão a Bas Dost, mas isso seria demasiado até para pessoal que parece não ter limites na arte de inclinar o campo. Bora, Adrien! Foda-se! Foda-se! O duplo palavrão não é gratuito, pessoal, acontece que o capitão falhou o penalti e falhou a recarga, embora se tenha que dar mérito à forma como o redes vai buscar a dita.

Estávamos com 20 minutos e o Sporting perdia uma soberana oportunidade de se chegar à frente no marcador. E os danos psicológicos de tal perdida só não se agravaram porque Ryan Gauld (vá, prometo que não vou questionar o porquê de… bem, vocês sabem) viu Rui Patrício engolir-lhe a oportunidade clara de golo com mais uma mancha monumental. Intervalo.

O segundo tempo tem menos ritmo. E o Vitória nem tem bola. O problema é que o Sporting tem-na, mas não cria reais oportunidades de golo. Até que Campbell vê Marvin Zeeg a subir, mete, o holandês arranca como devia arrancar sempre e cruza como sempre devia cruzar. Na área, o intratável Dost carimba mais um golo fora de portas (Bessa, Luz, Bonfim), servindo ao Leão o sumo de laranja capaz de atenuar a ressaca das duas últimas derrotas e de permitir que o Leão prepare o regresso a Alvalade com um sorriso no rosto.

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