Finalmente, após 2 semanas de alguns “descansos””, todas as nossas 5 equipas de Futebol Feminino, voltaram de novo a entrar em competição no mesmo fim-de-semana.

No Sabado, dia 15 de Dezembro tivemos os seguintes jogos e resultados:
*Campeonato Distrital B da AFL – Futebol Masculino Infantis Sub13 – Futebol de sete: 09:30 – Campo Meia Laranja – Tojal 5 – 0 Sporting CP. As leozinhas entre rapazes, desceram um lugar ocupando agora o 6º lugar da tabela, entre 12 participantes iniciais

Campeonato Distrital da AFL – Futebol Feminino Juvenis Sub17 – Futebol de sete: 11:00 – Estadio Universitario (Campo Nr.6) – SportingCP 12 – 0 CA Malveira. Os golos foram marcados por Andreia Bravo, Nádia Bravo (2), Iara Gonçalves (2), Catarina Mairos, Francisca Martins (3), Marta Melão (2) e Maria Ferreira

Campeonato Nacional Feminino Seniores II Divisão – Equipa B -Futebol de 11- 15h – CP Pego 0 – 21 Sporting CP. Os golos foram marcados por Beatriz Conduto (Ataque, 18 anos, 1.66m, 7 golos), Marta Ferreira (Centro-campista, 16 anos, 3 golos), Inês Macedo (Ataque, 18 anos, 1.59m, 6 golos), Joana Martins (Centro-campista, 18 anos, 1 golo) Nadine Cordeiro (Centro-campista, 21 anos, 1.63m, 1 golo) e Rita Fontemanha (Defesa, 25anos, 1.62m, 3 golos e 7 assistências)

No Domingo, dia 16 de Dezembro disputaram-se os outros 2 jogos, com os seguintes resultados:
Liga BPI – Futebol Feminino Seniores A – 15h – A-dos-Francos 0 – 4 Sporting CP. Os golos foram marcados por Ana Capeta (2), Nevena Damjanovic (1) e Solange Carvalhas (1)

Campeonato Nacional Feminino Juniores Sub19 – Futebol de nove – 15:00 – Estadio Universitário (Campo Nr.5) – SportingCP 1 – 0 Futebol Benfica. O golo foi marcado por Alícia Correia (Centro-campista, 15 anos). De salientar que não foram chamadas a jogo as várias “juniores”, que jogaram pela equipa B, no dia anterior.

Diria que este foi um fim de semana de retorno à normalidade competitiva das nossas atletas do Futebol Feminino: 4 vitórias dentro da normalidade (menos normal o facto de a vitória das juniores ter sido tangencial); uma derrota expectável das leoazinhas infantis, que se batem contra equipas de rapazes e alternarão sempre vitórias e empates com mais derrotas que nos outros escalões.

Mas hoje guardei o post para (re)lançar, de um modo mais sistemático e metódico, o debate sobre os projectos de Futebol Feminino em Portugal e o futuro próximo da modalidade. Para tal, procuro comparar os contextos competitivos e as respostas de modelo de projecto das equipas que, tendencialmente, dominarão a Modalidade a curto /médio prazo: Sporting, Benfica e Braga.

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A – Comecemos pelo Braga:
1º Ano – 2016/17: O seu Projecto foi iniciado, tal como o do Sporting, no início do Verão de 2016, em resposta a um convite feito pela FPF para adesão ao Futebol Feminino, com entrada directa no principal escalão competitivo de qualquer escalão etário, dos clubes “com assento” na 1ª Liga do futebol Masculino. O Braga responde a esse convite com a constituição EXCLUSIVA de uma equipa Sénior, abdicando da possibilidade de competir no Campeonato Nacional de sub19, e nos campeonatos Distritais de sub17, sub15 e sun13 Femininos organizados pela ADF de Braga.

Para constituir esse seu plantel senior A, o Braga contratou 27 jogadoras, sendo 18 portuguesas e 9 estrangeiras (das quais 5 eram espanholas e quatro brasileiras); além dessas estrangeiras 2 das “portuguesas” do Braga foramm contratadas no estrangeiro, tendo dupla nacionalidade; o plantel tinha uma média de idades de 23/24 anos, uma média de alturas de 1.66m e uma média de peso de 62kg. Analisando o percurso dessas atleytas temos que 11 foram contratadas no estrangeiro e 16 em Portugal, sendo que uma dessas 16, Vanessa Pereira foi contratada ao Pico de Regalados e emprestada ao mesmo clube sem fazer um único jogo no Braga; das 18 jogadoras portuguesas contratadas em 2016, apenas 4 se mantêm no Braga nesta temporada (2 épocas depois), sendo que uma delas Melissa Antunes (sem qualquer minuto ainda), outra (Sara Brasil) apenas totalizando 120 minutos em 5 jogos e as outras 2, a guarda redes Rute Costa e a capitã Vanessa Marques são peças nucleares do plantel; das nove estrangeiras contratadas em 2016, nenhuma se encontra no plantel de 2018!

Neste primeiro ano, o Braga disputou 2 competições (A Liga Allianz e a Taça de Portugal), não tendo conquistado nenhuma (2º lugar na Liga Allianz e finalista vencido na Taça de Portugal).

2º ano – Para a sua 2ª época o Braga, apenas mantém 2 das nove estrangeiras da época anterior (a espanhola Pauleta e a brasileira Gabi Moraes) e contrata 5 novas estrangeiras (as brasileiras Jana e Bruna Rosa e, relegada para a recem formada equipa B, a francesa Ophélie Wasne, de 21 anos); saem também 10 das dezoito portuguesas da época anterior. O plantel A passa a ter 28 atletas sendo 4 estrangeiras (e mais 3 na equipa B) e 24 portuguesas (8 da época anterior e 16 novas contratações); a média de idades baixou um anos para 22/23, a média de alturas manteve-se em 1.66m e a média de peso baixou 4 kgs para 58kg.

Neste 2º ano, o Braga disputou 3 competições (a Supertaça; a Liga Allianz e a Taça de Portugal), não tendo conquistado nenhuma (2º lugar na Liga Allianz e finalista vencido na Supertaça e na Taça de Portugal).
3º ano – Para a sua 3ª época, o Braga constitui um plantel A com 25 jogadoras, sendo 16 portuguesas e 9 estrangeiras (e um plantel B com mais 3 estrangeiras, num total de 12!); a média de idades mantém-se nos 22/23 anos, a média de alturas subiu para 1.69m (+3 cm) e a média de peso subiu para 61kg. O Braga já disputou e venceu a Supertaça e encontra-se a liderar a Liga BPI com 5 pontos de avanço sobre o 2º clasificado. Das 9 estrangeiras inscritas no plantel A, apenas 1 transitou do ano anterior; das 3 estrangeiras inicialmente inscritas no plantel B uma já lá se encontrava e as outras 2 são aquisições deste ano (2 brasileiras de 16 anos.

Assim; este ano foram contratadas 10 novas estrangeiras. O total de estrangeiras contratadas pelo Braga em 3 épocas foi de 22 jogadoras. O Braga este ano passou a disputar as outras competições nacionais femininas (equipa B, no Nacional da 2ª Divisão Série Regional A e equipa junior sub19, no Campeonato Nacional do escalão em futebol de 9). Não tem equipas de sub17, sub15 ou sub 13, apesar de existirem competições femininas para todos esses escalões na ADF de Braga. Neste momento: comanda a série A da 1ª fase do Nacional de sub 19 com 9 vitórias em 9 jogos; e a sua equipa B, comanda a Série A, da 1ª Fase do Campeonato Nacional da 2ª Divisão.

RESUMO: Nas duas primeiras épocas completas, disputa 5 troféus e não conquista qualquer título. Total de 44 contratações, das quais 16 foram feitas no estrangeiro (4 delas portuguesas). Apenas formou equipa A. Na terceira época, conquista o 1º Troféu (a Supertaça) e lidera destacada a Liga BPI. Constituíu equipa B para disputar a 1ª Fase do campeonato Nacional da 2ª Divisão e equipa sub19 para disputar o Campeonato Nacional sub19 em futebol de 9. Lidera as respectivas séries regionais destes 2 campeonatos. Total de 10 novas estrangeiras a juntar às 2 que permaneceram. Total de 34 jogadoras com contracto profissional e de 14 jogadoras com contracto formação, (dois destes contractos foram efectuados com proveniência de clubes brasileiros).

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Passemos ao Benfica:
O Clube não quis aderir em 2016 ao convite da FPF. Entendeu formar equipa feminina nesta época 2018/19, tendo, por isso, de iniciar a competição profissional na 2ª Divisão. Decidiu, no entanto, atacar essa competição com um plantel formatado para competir pela vitória da Liga BPI. Tem todas as condições, por isso para conquistar o campeonato secundário e ascender à 1ª Liga na época 2019/2020. Constituíu um plantel de 25 jogadoras, das quais 13 são portuguesas e 12 estrangeiras (3 das 13 portuguesas e 1 das 12 estrangeiras foram contratadas ao Braga). Lidera destacada a sua série da 1ª Fase do Campeonato Nacional da 2ª Divisão.

Tem também 1 equipa de Juniores sub19 de futebol de 9 a disputar a 1ª Fase do Campeonato Nacional do escalão e 2 equipas de juvenis sub17 de futebol de 7 a integrar 2 diferentes grupos do mesmo Campeonato Distrital da AFL Feminino de Juvenis Sub17 em futebol de 7. Lidera a Série E da 1ª Fase do Nacional de sub19 e o Benfica “A” sub17 lidera a Série 2 do Campeonato Distrital da AFL de Sub17, enquanto o Benfica”B” do mesmo escalão está em segundo na Série 1.

A equipa de Juniores sub19 integra 19 jogadoras portuguesas, com média de idades de 17 anos, às quais se juntam (em maior ou menor número conformne o grau de dificuldade do jogo) até 9 das 13 portuguesas que integram a equipa principal e que ainda têm idade de sub19. As equipas de sub17, por sua vez, têm jogadoras entre os 13 e os 17 anos. Não têm escalão de infantis (ou inferiores a 13 anos).

Não possuem campos próprios para nenhuma das 4 equipas treinarem ou jogarem, tendo feito protocolos com o Atlético e o Casa Pia para alugar campos e Estádio para o efeito.

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Finalmente o Sporting:
O Clube aderiu ao convite da FPF e entrou directamente na época 2016/17 para a então Liga Allianz (escalão principal). Compôs o plantel sénior inicial com 22 jogadoras, todas portuguesas, com uma média de idade de 22/23 anos, uma média de alturas de 1.66m e uma média de peso de 58kg. Na janela de mercado de transferências de Janeiro, entrou ainda mais uma portuguesa (Ana Borges) tendo acabado a época mais cedo a capitã Patricia Gouveia em licença de maternidade.

Das 23 jogadoras portuguesas que completaram o plantel, 6 foram contratadas a clubes estrangeiros (ou apenas se transferiram como foram os casos de: Solange Carvalhas – que deixou o Anderlecht da Bélgica; Tatiana Pinto – que deixou o Bristol Academy de Inglaterra; de Fátima pinto que rescindiu com o Santa Teresa de Espanha e de Ana Borges que veio por empréstimo do Chelsea de Inglaterra; já Patrícia Moraes foi contratada ao Albi de França e Rita Fontemanha ao Atlético de Madrid de Espanha). A equipa conquistou a Liga Allianz com 24 vitórias e 2 empates e a Taça de Portugal.

Além da equipa de séniores, o Sporting constituiu logo equipas de sub19 (que competiu e venceu o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal do escalão apenas com vitórias) e de sub17 (que competiu e venceu o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal do escalão com apenas 1 empate no 1º jogo e o resto só vitórias); o Sporting abriu ainda escola de Formação para meninas dos 9 aos 13 anos, no Polo do Estádio Universitário de Lisboa, mas, como na ADF de Lisboa não existe competição abaixo dos sub17, organizou torneios quinzenais a 4 equipas convidando 2 equipas masculinas e mistas para defrontar 2 equipas leoninas.

Na segunda época, 2017/18, o plantel A foi recomposto com a saída de 7 jogadoras e as entradas de 3 estrangeiras (as americanas Carlyn Baldwin e Sharon Wojcik e a costa-riquenha Carolina Vanegas), as contratações de Matilde Fidalgo (contratada ao Fófó), Ana Leite (empréstimo do Bayer Leverkusen) e Carole Costa (contratada ao Kloppenburg da Alemanha) e a subida dos escalões de formação das atletas Carolina Beckert, Joana Martins, Neuza Besugo, Beatriz Conduto e Inês Monteiro.

A equipa conquistou de novo a Liga Allianz (e de novo com 24 vitórias e 2 empates) e a Taça de Portugal; além disso, participou na fase de grupos de apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões ganhando 2 jogos e perdendo 1 pela margem mínima. Também as sub19 voltaram a conqusitar o Campeonato Nacional do escalão (só com vitórias) e não disputaram a Taça de Portugal, porque a FPF que organiza as 2 provas se lembrou de marcar dois jogos do Sporting na Taça para 2 dias consecutivos de um fim de semana em que também tinham jogo para o campeonato. As sub 17 voltaram a conquistar Campeonato Distrital e Taça Nacional, este ano só com vitórias.

O Sporting inscreveu também uma equipa de infantis sub13 no campeonato Distrital B Masculino do escalão em futebol de 7. A ADF Lisboa continua a não ter competição sub15 e sub 13, razão pela qual as nossas meninas entre os 9 eos 12 anos competem contra rapazes de 12 e 13 anos. As leoazinhas terminaram o seu gruo (de 12 equipas) em 6º lugar.

Nesta época, 2018/19, o Sporting não fez grandes mexidas no plantel: saíram Ana Leite (de regresso ao Bayer Leverkusen), Matilde Fidalgo (que ingressou no Sporting de Braga) e Carolina Vanegas (que rumou a Espanha) e entraram a sérvia Nevena Damjanovic (contratada ao Fortuna Hjorring da Noruega), a sueca Nathalie Persson (adquirida ao Goteborg FC da Suécia) e a experiente portuguesa Carolina Mendes (contratada ao Atalanta MC de Itália, seu sétimo clube no estrangeiro).

O plantel inscrito tem 25 jogadoras, 21 portuguess e 4 estrangeiras, uma média de idades de 23/24 anos, uma média de alturas de 1,66m e uma média de peso de 58kg. Para além dos escalões que já competiam na época anterior, o Sporting também inscreveu no Campeonato Nacional da 2ª Divisão, uma equipa B composta de jogadoras com idade sub 21 que integrem a equipa A mas não estejam convocadas para o jogo dessa semana e, sobretudo, jogadoras sub19 que tenham sido poupadas no jogo do escalão desse fim de semana (algumas chega a fazer os 2 jogos) – a lógica desta equipa foi a de fornecer às atletas sub19 um patamar competitivo mais exigente de transição para a equipa A (jogam contra séniores, futebol de 11 em vez de futebol de 9 e 45 minutos em vez de 35 minutos por cada parte do jogo) e, simutâneamente, oferecer minutos de jogo a atletas menos utilizadas nas séniores ou vindas de lesão prolongada.

Até ao momento, a equipa A perdeu a Supertaça e está a 5 pontos do líder, o Braga, na Liga BPI; participou novamente na fase de grupos de apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões ganhando outra vez 2 jogos e perdendo 1 pela margem mínima.

A equipa B apenas perde com a equipa A do Benfica no Campeonato da 2ª Divisão. As juniores sub19 perderam o derby lisboeta com o Benfica e estão em 2º lugar na sua série na 1ª Fase do Nacional do Escalão. As juvenis sub 17 lideram só com vitórias a sua série do Distrital da AFL para o escalão (futebol de 7). As meninas dos infantis, voltam a competir sub13 no campeonato Distrital B Masculino do escalão sub13 em futebol de 7, e estão, de momento, em 6 lugar, entre as 12 equipas que iniciaram a sua Série (2 já desistiram); de frisar que, mais uma vez nenhuma das outras equipas que competem contra as nossas leoas nesta série tem um única menina que seja nos seus plantéis.
RESUMO: Até à data, as equipas femininas do Sporting concluiram a participação em 13 competições oficiais femininas distritais ou nacionais e ganharam 12 e perderam 1!

Na presente época: a equipa Senior A já perdeu a Supertaça e dificilmente revalidará o título nacional; a equipa “senior” B terminará a sua participação na série D da 1ª Fase do Campeonato Nacional da 2ª Divisão em 2º lugar, apenas atrás do Benfica A; a equipa junior sub19, deverá apurar-se para a 2ª Fase (Zona Sul) do campeonato do Escalão e para a Fase Final do mesmo; a equipa de sub17 deverá vencer com naturalidade a sua série da 1ª Fase do distrital sub17 da AFLisboa e disputará com o Benfica A a conquista do troféu.

O Sporting treina as suas equipas A e B (ou juniores sub19, porque todas integram a equipa B com mais 2 outras jogadoras seniores de 20 anos) na Academia de Alcochete. Joga em casa em Alcochete com a equipa A e B e no Estádio Universitário de Lisboa, com as outras equipas (incluindo juniores sub19).

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Hoje “apenas” vos deixo estes dados. Infelizmente, não são conhecidos elementos sobre os investimentos a que eles correspondem. Talvez assim fosse mais coerente o debate sobre os projectos, os modelos e as apostas de cada um dos Clubes no Futebol Feminino. Para já deixo esta “deixa” (passe o pleonasmo ou a redundância) a quem de direito no Clube: num momento em que muito se discute sobre a nossa representação na FPF, seria talvez interessante que o Clube exigisse da FPF o estabelecimento de regras de transparência e de fairplay financeiro no Futebol Feminino, a exemplo do que (mesmo que insuficiente) já existe no Masculino na Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Até porque a FPF já recebe mais de 100 000 euros anuais da UEFA para o desenvolvimento da Modalidade e há menos de 15 dias, a mesma UEFA assinou um contrato de patrocínio milionário das suas competições com o VISA CARD, de duração até 2025.

Um abraço a todos os tasqueiros e saudações leoninas do Núcleo SCP da Ilha de Santa Maria.

* às segundas, o Álvaro Antunes faz-se ao Atlântico e prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino