Era só para dizer que não tenho nada para dizer, tirando o facto de nesta tarde já ter a agenda cheia de reuniões com uns ingleses malucos por bola e às 18 dar um salto a… Alvalade 🙂
Tudo o que aconteceu no Sporting nos últimos meses fê-lo, de alguma, forma repensar a sua decisão de regressar a Alvalade?
NANI – Só me deu mais força! Já tinha tomado a decisão. Queria estar mais tranquilo e, para o fazer desfrutando do futebol, tinha de ser no Sporting, em casa, perante os meus adeptos, no meu clube. Foi aqui que cresci e de onde parti para grandes palcos mundiais. Pensei e, apesar de tudo o que aconteceu na Academia, não tive nenhum problema em voltar. Pensei e cheguei à conclusão de que estaria a tomar uma boa decisão. Sabia que era um momento menos bom que o clube estava a atravessar, mas quando conseguíssemos resolver todos os problemas, tudo ficaria bem.
Estes primeiros meses vieram reforçar a sua decisão?
N – Sem dúvida. Ao início as coisas não foram fáceis. Muito trabalho, muita dedicação dos jogadores e treinadores, de todas as pessoas envolvidas no clube. Tivemos de trabalhar em conjunto para que o Sporting voltasse a ser unido, para toda a gente estar com o mesmo pensamento, o mesmo foco no objetivo, que era estabilizar a equipa e tornar o Sporting novamente competitivo. Um clube que está habituado a disputar tudo. Para isso ser uma realidade, tínhamos de começar por aqui. Unir toda a massa associativa, toda a gente à volta do clube. Especialmente os jogadores, porque são a peça mais importante neste projeto. Se os jogadores estiverem a render, estiverem satisfeitos e focados, estive- rem dedicados nas suas tarefas, tudo fica mais fácil.
Teme que a derrota em Guimarães coloque em causa o processo de crescimento que a equipa estava a apresentar desde a chegada de Marcel Keizer?
N – Não, os processos continuam a ser assimilados, e o crescimento da equipa não sai beliscado por este resultado. O mister já tinha dito que não iríamos ganhar sempre, não há drama. Vamos continuar todos a trabalhar, e ainda com mais força e união, para voltarmos às vitórias já no próximo jogo. Este grupo é demasiado forte para abanar com um resultado adverso.
Acha que há quem estranhe o facto de o Sporting estar a praticar um bom futebol?
N – Estranham porque o Sporting, devido a tudo o que se tem passado nos últimos anos, tem feito com que as pessoas acreditem menos. Tem feito também com que os rivais estejam mais confiantes para falar e criticar. Qualquer momento que não seja similar ao dos últimos anos, que seja favorável ao Sporting, vai provocar sempre alguma reação nessas pessoas. Umas vezes é para tentar desestabilizar o grupo, outras é para realmente salientar o bom trabalho.
Sentem que foram menosprezados por comentadores, imprensa e até mesmo algum rivais?
N – Não fomos: somos sempre! O Sporting e os seus jogadores são sempre menosprezados. São menos ovacionados por qualquer comentador ou jornalista. Meia palavra basta para se ver muita coisa. Quando se vê jogos na televisão, os comentadores têm dificuldades em abrir a boca para dizer a verdade. E a verdade é que o Sporting está a jogar bem e espero que continue assim até ao final da época. Vamos continuar a dar respostas positivas dentro do campo, porque não precisamos dessas pessoas.
Após a tomada de posse da direção e a alteração do técnico acredita que a equipa vai ter a estabilidade para atacar o título?
N – Com a experiência que tenho e com base em tudo o que já vivi, para falarmos do título é preciso fazê-lo a meio da segunda volta.
É cedo para pensar nisso?
N – Ainda é muito cedo! A meio da segunda volta, sim. Se estivermos nesta posição, com uma diferença de dois pontos ou menos. Aí sim, podemos falar em títulos. Há ainda muita coisa que vai acontecer, muita coisa para lutar, muita corrida para correr. As equipas que forem mais consistentes, que cheguem a essa fase da época em condições de lutar, aí sim, podemos falar no título. Temos de ter os pés bem assentes no chão. Temos feito bons jogos. Temos mostrado qualidade e evolução. Mas acho que temos de continuar a trabalhar da mesma forma, com a mesma humildade. Só dessa forma é que podemos atingir outros patamares. É isso que tem sido o nosso forte: trabalhar com humildade, sempre a pensar jogo a jogo e como foco na vitória.
Pelo que já viu das equipas, considera que o FC Porto é mais favorito, ou próximo clássico será determinante?
N – Jogos contra o Benfica, FC Porto e Sp. Braga são sempre determinantes. São confrontos diretos e, se tiras vantagem nesse jogo, ficas à frente. É simples. Se ganhares os mesmo jogos que eles, já estás à frente. Mas sabemos que o campeonato tem muitos jogos e temos perfeita noção de que podemos ganhar hoje a um dos grandes e perder com um dos pequenos. Já aconteceu com todas as equipas…. é isto que marca a diferença: a consistência da forma como vences.
O calendário ditou que o último jogo do Sporting no campeonato seja no Estádio do Dragão, diante do FC Porto..
N – (interrompe) Desculpa lá, estou aqui com uma dúvida: lembro-me de que, no primeiro sorteio, era ao contrário. Não eram eles que vinham cá terminar o campeonato? O que é que mudou?
Antes do erro no sorteio (o número 6 foi exibido como sendo o número 9, o que obrigou à repetição do processo) sim. O FC Porto acabava em Alvalade a época.
N – eu vi logo na aplicação e depois alterou-se tudo. Ela enganou-se mesmo? E alterou curiosamente esse jogo? Hum…
Já pensaram em comemorar o título no Estádio do Dragão?
N – Quem é que não pensa nisso? (risos). Isso era top. Era muito bom. Se me dessem a escolher ir disputar o jogo do título ao Dragão, assinava já! Íamos lá com tudo. E íamos ganhar.
Ainda se lembra do golo que marcou lá na Taça? Dá um gozo especial marcar no Dragão?
N – Sem dúvida, dá um gozo especial marcar naquele estádio. Tenho boas recordações.
A nível pessoa contabiliza 8 golos em 19 jogos. Acredita que aos 32 anos pode fazer a sua melhor temporada em termos estatísticos (12 golos em 37 jogos pelo Sporting)?
N – Acredito. Sinto-me bem e trabalho sempre para vencer, para estar cada vez melhor. Estou motivado e não podia estar melhor. Estou em casa, no clube em que sou acarinhado, em que as pessoas gostam de mim. Nunca me senti tão bem numa equipa, num plantel. Tenho todo o respeito dos meus colegas e eles merecem todo o meu respeito também. Estamos unidos, felizes. Trabalhamos em conjunto e, quando isso acontece, tens todas as condições para explorar as tuas capacidades.
Nos últimos anos está a revelar-se mais eficaz na concretização. É fruto da experiencia ou está a privilegiar o remate em detrimento da assistência?
N – Estou em dois momentos no Sporting. Passei uma fase, nos primeiros jogos, em que a equipa precisava de golos. Não tínhamos o Bas Dost, um jogador que quando está obriga a que haja muitos cruzamentos, já que ele é uma referencia na área. Jogávamos com o Freddy (Montero), que era um elemento mais de apoio e que proporciona que eu chute mais à baliza e que apareça mais vezes em zonas de finalização. Nessa altura fiz mais golos. Neste últimos jogos, também tenho feito golos e aparecido em zonas de finalização, mas acredito que neste momento tenho um papel diferente. Posso aparecer para finalizar, mas vou assistir muito. O estilo do mister Keizer assim o permite. Nos últimos anos, ganhei essas características, de ter uma maior capacidade na decisão na finalização e nas assistências. Faço passes mais precisos, mais certos. E quando vou para finalizar, faço-o com mais convicção e precisão. Talvez seja isso a contribuir para a média de golos.
Considera que no mercado de inverno a equipa precisa de reforços ou este grupo já tem qualidade suficiente para lutar por títulos?
N – Não sou treinador nem presidente! [risos] Para mim, a equipa está completa. Temos os jogadores que precisamos. Todos têm a consciência de que ainda podemos melhorar. É para isso que trabalhamos diariamente e que ouvimos tudo o que diz o nosso treinador. Estou confiante neste plantel. É muito positivo ver que alguns jogadores estão agora a mostrar qualidade, há uns meses muita gente poderia dizer que não tinham qualidade sequer para fazer parte do plantel do Sporting. Eram para mandar embora… E hoje estão a mostrar que podem ser dos elementos mais importantes da equipa. O Wendel, o Bruno Gaspar, por exemplo. Por isso, acho que ainda há muito para acontecer a esta equipa. Há muitos jogadores que ainda vão aparecer, vão mostrar qualidade. Há espaço para todos. Precisam é de trabalhar e mostrar que estão disponíveis para, quando a oportunidade aparecer… a agarrarem.
Regressou ao Sporting, mesmo a perder dinheiro, quando tinha outras ofertas mais atrativas…
N – Não é a primeira vez que deixo muito dinheiro para trás. Quando fui para o Valencia, por exemplo, tinha grandes propostas, de muito dinheiro, da China, que esteve sempre a bater à porta. Eu sempre olhei para o futebol como a paixão da minha vida. Muitas pessoas olham para mim e dizem que já devia era ir ganhar dinheiro… É verdade, ganhava muito dinheiro, mas eu nasci para jogar futebol e, em primeiro lugar, está a minha satisfação em jogar futebol. Se não tivesse dinheiro, podia pensar assim. Mas, graças a Deus, já ganhei algum dinheiro e acho que o valor material não é tudo nesta vida. Em primeiro lugar está a minha felicidade como pessoa e como jogador, e a da minha família. Neste momento, a minha família está muito mais feliz e tira muito mais proveito em desfrutar. O meu filho está numa escola onde fala a sua língua. Não podia ter tomado melhor decisão. Agora, se daqui a uns anos houver a possibilidade de ir ganhar dinheiro… posso ir. Mas, se não houver, também não estou mal na vida, graças a Deus. As voltas que já dei e as corridas que já fiz deixaram-me estável e tenho tudo para continuar com uma vida feliz.
Acredita que o Sporting podia ter mais pontos se o Bas Dost não se tivesse lesionado?
N – Não, não vejo por aí. O Bas Dost é um jogador fantástico e é muito importante para a equipa, mas eu acredito que o nosso destino está traçado e ninguém sabe como vai ser. Só o vamos conhecer no final. Falar em ‘ses’ pode dar o contrário… Se calhar não estávamos a fazer bons jogos, o Bas Dost podia não estar em forma. Ele chegou mais tarde e, como muitos jogadores, não estava em forma. Dizer se estivesse ou se não estivesse… Temos de deixar para trás o que foi feito, mas não esquecer por completo, pois há sempre que salientar o trabalho e a dedicação que nos permitiu chegar ao conforto em que estamos hoje e que nos permite desfrutar do futebol. Temos de pensar para o futuro.
Quem marca melhor os penáltis: o Nani ou o Bas Dost?
N – Eu não me importo com penáltis. Temos também o Bruno Fernandes, que bate bem. Eles já batiam nos anos anteriores, e foi algo que não exigi. Quando o fiz, foi uma escolha do treinador e quando vi que era muito importante para ele e para o Bruno afastei-me. Se não estiver um deles, vou assumir.
O ano vai terminar com os quatro primeiros juntos no topo da tabela. Vamos ter luta até ao fim ou antevê que o Sp. Braga possa quebrar?
N – Pelo treinador que têm, vão ser consistentes até ao fim. Conheço o Abel e ele agora é totalmente diferente daquilo que era enquanto jogador. Era muito calmo, muito pacato. Uma excelente pessoa, atenção! Fez com que o Sp. Braga se tornasse uma equipa muito competitiva, que joga um bom futebol. Gosto da maneira como ele fala nas conferências. É um motivador, muito seguro de si. Sabe do que fala e sabe o que quer. Isso vê-se no campo. O Sp. Braga tem um bom plantel, mas não está ao nível de Sporting, Benfica e FC Porto. Mas o treinador, neste momento, fez com que o Sp. Braga esteja ao nível dos grandes.
Por tudo o que se passou nos últimos meses no Sporting, a braçadeira de capitão vem com responsabilidades acrescidas?
N – Se fosse há uns meses teria mais, mas eu não fujo à responsabilidade! Quando tomei a decisão de voltar ao Sporting e assumir o barco como capitão, já sabia o que queria e o que ia acontecer. Quando entro num projeto, entro para vencer, e só não venço se os outros forem melhores e se o meu grupo não tiver condições para raciocinar, para estar empenhado. Só não venço se o meu plantel não estiver focado em seguir as normas e os objetivos. Neste momento, temos um grupo espetacular. Vocês dizem que eu sou o capitão, mas a meu ver, somos todos capitães, pois temos uma norma interna que estabelece que todos podem dizer algo e têm o direito a ser ouvidos. Sempre que existe respeito, há um líder e uma voz que está um pouco mais acima nos momentos importantes pois, caso contrário, não haveria mais responsabilidade e não significava nada ser capitão. Neste momento, a vantagem na nossa equipa é sabermos que o capitão ouve os companheiros e sabe lidar com eles e com a sua forma de ser. Devido a isso, a nossa relação é top, não podia ser melhor, e isso vê-se dentro de campo.
Já externamente há um grupo de adeptos que ainda contesta o nome de Bruno Fernandes no lote de capitães. Consegue compreender este sentimento?
N – Eu percebo as pessoas. Quando algo não corre bem, ficam frustradas no momento. Todos somos seres humanos, todos temos algo a dizer ou a criticar. Os adeptos veem os jogos, aplaudem, criticam, apoiam e dizem-nos se jogámos bem ou mal. Hoje, temos as páginas da internet onde eles vão desabafar e, no caso do Bruno, vão lá fazer isso. Esse grupo até pode ir ao estádio para reclamar. Eu vejo por outro lado e vou aproveitar para lhes transmitir uma mensagem: O Bruno é um jovem, o que aconteceu, se calhar, não foi decisão dele, foi a decisão de outras pessoas que estavam por trás. Houve o interesse de outras pessoas para que ele tomasse essa decisão, pois era vantajoso para elas. Se calhar, outras pessoas disseram-lhe para voltar atrás, e muito bem, para voltar a assinar pelo Sporting. Ok, os verdadeiros adeptos do Sporting vão ficar chateados, pois ninguém gosta de ver os melhores jogadores a tomarem uma atitude dessas. Agora, tudo isso já foi ultrapassado há muito tempo. Se eles são verdadeiros adeptos do Sporting, no início da época qual era o problema com a equipa? Diziam que não jogávamos nada. Era o ‘joguem à bola’, o ‘suem a camisola’? Agora estamos a fazer o quê? Agora qual é o problema? Os adeptos do Benfica e do FC Porto já nos andam sempre a ‘queimar’ e, por isso, temos de olhar e pensar o que é preciso fazer para ficarmos bem. Eles [os adeptos] agora têm de ver o que está bem, apoiar o que está bem e continuar assim, de forma a melhorar o que ainda está menos bem. Nesse aspeto, em relação ao Bruno, é esquecer. Ele está a ter um bom desempenho e vai melhorar cada vez mais. Ele é adepto do Sporting e quem é adepto do Sporting tem de apoiar os seus jogadores.
Então, como uma das maiores figuras da equipa, compreende a rescisão e o regresso?
N – Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola.
E os que saíram? Ainda tentou convencer alguns a voltar?
N – Tentei fazer a minha parte. Pediram-me ajuda com alguns jogadores… Não quero referir nomes, pois não é o mais importante neste momento. Agora, o futuro dirá o que vai acontecer Depois, as pessoas vão ver se tomaram as opções certas ou erradas.
Quais são as vossas expectativas na Liga Europa?
N – As reais expectativas passam por continuarmos a encarar a prova da mesma forma, pensar jogo a jogo, tentar ganhar sabendo que é uma competição em que podemos apanhar um adversário forte.
É possível a uma equipa portuguesa sonhar com a vitória nesta competição?
N – Podemos sonhar. Mas é preciso ter consciência das condições. Se a equipa chegar aos quartos-de-final aí já podemos sonhar… Nos ‘oitavos’ ainda pode calhar uma equipa razoável, mas nos ‘quartos’ temos o direito de sonhar. *
Considera que o empate no Estádio da Luz acabou por lançar a equipa numa fase em que os adeptos pouco acreditavam?
N – Sentia-se uma falta de autoestima e crença nos adeptos devido a tudo o que aconteceu anteriormente. Muita gente sabia que alguns jogadores estavam afetados psicologicamente, e o rendimento não estava a ser o melhor naquele momento. Além de tudo isto, houve muitas alterações no plantel, um treinador novo, muitos jogadores a entrar… Havia muito trabalho a fazer e muita coisa para construir. O treinador na altura era José Peseiro e fez um bom trabalho. Não era fácil estar no seu lugar. Juntamente com os jogadores mais experientes da equipa segurou o plantel. O objetivo inicial era ganhar pontos e autoestima, e foi isso que fizemos nos primeiros jogos. Conseguimos obter resultados e devido a esses resultados fizemos com que a maioria dos adeptos voltasse a acreditar que era possível. Só que havia sempre uma insatisfação face à forma como estávamos a conseguir chegar a esses resultados.
O futebol estava longe de agradar aos adeptos…
N – Exato! A forma não era bonita. Era sempre no esforço, sempre na raça. Eu estive sempre confiante. Disse várias vezes que preferia ganhar mal porque uma equipa não vai passar um ano inteiro a jogar da mesma forma. Se estiver mal vai melhorar; se estiver muito bem vai acabar por cair. Dizia sempre isto. Neste momento estamos muito melhores e acredito que ainda vamos melhorar mais.
Olhando para trás, sente que a saída de José Peseiro era uma questão de tempo?
N – Em relação ao anterior treinador nunca pensei que ele pudesse sair. Só estava focado no meu rendimento e em tudo o que podia fazer em cada jogo. Acabou por ser uma decisão que surpreendeu toda a gente, mas… Penso que as razões já foram explicadas…
E como reagiu o balneário à saída de José Peseiro?
N – A reação foi de surpresa porque aconteceu tudo muito rápido. Mas depois deram-nos uma explicação e tivemos de concordar. Há uma liderança neste clube e não somos nós, os jogadores, quem toma as decisões. Não temos de opinar sobre isso. Há um superior e temos de respeitar as suas decisões.
O Nani acabou por estar na origem de um caso disciplinar após a expulsão em Braga. Não acha que houve uma extrapolação do caso?
N – Basta olhares para a minha carreira. Já tive maus comportamentos e não sou nenhum santinho. Já tive situações menos agradáveis. Olhem para a minha carreira e, sempre que fui substituído, houve alturas em que saí mais satisfeito e outras menos. Todos os jogadores neste tipo de situação já mostraram insatisfação e disseram palavrões, ainda para mais a perder e com minutos para jogar quando sentem que não deviam estar a sair. Porquê tu? Isto independentemente de estar a jogar bem ou mal. Se calhar naquela altura nem estava a jogar tão bem, admito isso. Saí insatisfeito e falei o que falei. É tudo verdade. Só que se fossem outros talvez não focavam tanto. Está bem… é o Nani, o capitão de equipa e com uma carreira internacional de relevo. Não se pode comparar o papel dele com os dos outros. Ok, tudo bem. Mas se calhar não era necessário baterem tanto. Não era necessário tanto filme da parte de certas pessoas. Houve aproveitamento dessa situação, porque, como sabemos, houve situações de outros que não mereceram o mesmo tratamento.
Por parte de outros clubes ou outros jogadores?
N – Clubes e jogadores. Fez-se naquele momento… Para mim, podiam falar, podiam dizer: “O Nani saiu chateado e disse isto.” Isso tudo bem. Mas o que aconteceu depois, as outras coisas… isso não foi bom…
Mas sente que internamente o caso foi bem gerido?
N – Se calhar aí é que não foi tão bom. Não foi bem gerido. A opinião de umas pessoas é uma e a minha é outra. Toda a gente ficou surpreendida com o que aconteceu. Ainda por cima tinha feito um treino espetacular e estava a contar fazer um grande jogo. Fiquei de fora dos convocados. Toda a gente [em tom surpreendido]: “Como é que é possível?” Ficámos todos assim, chocados. Mas isto não me afetou nada, nem me enervei nem nada, não me aqueceu nem me arrefeceu. Tinha a consciência de que tinha tido uma atitude que não foi a correta. Eu já não era o Nani, o jogador. Era o Nani, o capitão. E tinha de ter dado o exemplo. Nos dias seguintes, independentemente de ser ou não castigado, dei o exemplo e fui dar uma satisfação aos meus colegas e ao meu treinador. Pedi desculpas e ficou tudo ali. A partir deste momento, tudo ficou muito melhor. Mas se me pergunta se fiquei contente, se achei que foi um pouco exagerado. Acho que foi exagerado.
Entende que, de alguma forma, serviu de exemplo, uma vez que no passado José Peseiro já havia sido acusado ser brando no aspeto disciplinar?
N – O treinador, se calhar, sentiu-se no dever de mostrar algo diferente. Até percebo e foi por isso que não guardei nenhuma mágoa a José Peseiro. Não fiquei chateado nem mostrei cara feia. No jogo seguinte, assim que me chamou para entrar, tive uma boa reação, uma boa prestação. E ele no fim veio ter comigo e deu-me os parabéns. “Tranquilo, míster. Vamos em frente. Olhar para o próximo jogo e vamos ganhar”. Disse-lhe eu. ..
Esta época têm surgido alguns jovens como o Jovane. Que conselhos lhe tem dado?
N – O Jovane na pré-época era um dos jogadores que vi que tinha mais em qualidade, mas em comparação com outros miúdos parecia-me que estava mais atrás. Parecia, mas não era, pois foi um dos que mais rapidamente se destacou no plantel principal. Ele cresceu muito em poucos meses. Tenho vindo a falar com ele, tal como o Carlos Mané, o Raphinha e o Wendel. Gosto muito dele e tento sempre dar uma palavra aos mais novos. Digo-lhe o que ele tem de melhorar, sobretudo a nível técnico e tático e também o aconselho a focar-se no teino. Ele tem tudo para explodir, só que isso pode demorar, ou pelo contrário, também pode aproveitar já as oportunidades.
Ele fez bem em optar pela seleção portuguesa?
N – Acredito que sim pois a seleção nacional permite uma projeção que Cabo Verde não dá.
Qual foi o jogo mais complicado que disputaram esta temporada?
N – Antes de jogarmos com o Portimonense, tinha visto o jogo deles com o Desp. Aves. Perderam 3-0, mas vi logo a qualidade dos jogadores. Aliás, disse logo a quem estava ao meu lado: “Vamos jogar o próximo jogo contra eles, em Portimão, com esta qualidade toda que eles têm e coma motivação extra? Vai ser complicado… Vai ser muito complicado!” Por acaso tinha tido uma conversa como treinador adjunto na altura. Tinha feito referência ao Nakajima e um miúdo brasileiro que se tinha estreado nesse jogo [Bruno Tabata]. Não tive dúvidas em dizer que íamos ter problemas nesse jogo. Eles jogam muito bem à bola e nós também gostamos de jogar. Quando é assim, vai haver duas equipas que vão tentar jogar. Vínhamos de um jogo a meio da semana, o que aumentava as chances de sermos surpreendidos. Dito e feito. Foi o jogo mais difícil que tivemos esta temporada.
Já se sente à vontade para apontar as diferenças entre o estilo de Keizer e o de José Peseiro?
N – A diferença é que, com José Peseiro, ainda não nos tínhamos encontrado como equipa. Dentro de campo, muitas vezes, perdíamos organização tática. Neste momento, estamos muito melhor, mais disponíveis para defendermos todos juntos e para atacarmos em bloco.
Foi alteração tática a ter esse efeito? A mudança do 4x2x3x1 para o 4x3x3 garantiu essa mudança?
N – A mudança tática ajudou muito. Assim que Keizer chegou fez-nos ver a sua tática, e nós conseguimos perceber muito rapidamente as suas ideias. Vimos de imediato que seria uma tática vantajosa para o estilo e características do nosso plantel.
Sente que agora tem mais liberdade criativa?
N – [Hesita] Sim. Da maneira que estamos a jogar tenho mais liberdade. Consoante o adversário, interpreto os espaços que me dão no jogo, de forma a estar mais livre para saber se vou para dentro ou para fora. Marcel Keizer sabe que sou um jogador que pode dar isso à equipa.
A equipa tem evoluído de forma consistente. Acredita que ainda tem margem de progressão ou já estão no vosso melhor?
N – Não sei. Sinceramente não sei o que será o máximo ou em que ponto é que estamos. Temos vindo a jogar bem, com muitos golos. Se conseguirmos fazer isto regularmente, com equipas de outro nível, a jogar desta forma… Não sei se será o máximo ou se ainda temos mais para atingir. O importante é continuar a ganhar os nossos jogos, a jogar bem e a fazer muitos golos. Isso dá-nos alegria e faz-nos desfrutar do jogo. Para quem vem ver os jogos, isso também dá motivação e dá ainda mais vontade de nos apoiar. Esta mudança terá, ainda, alterado um pouco a mentalidade dos nossos adeptos. Há alguns meses, alguns adeptos estavam frustrados e, em momentos menos bons do jogo, agiam de maneira incorreta e diziam até coisas que eu sei que não queriam dizer. Agora, sente-se uma energia positiva, sente-se o apoio. Quando jogamos bem, ganhamos etemos apoio… não podemos pedir mais nada.
Napré-época chegou a ser testado a 10. O que falhou?
N – Se fosse neste momento, poderia funcionar. Nós agora estamos mais organizados e cada um sabe quais são as suas funções em campo. Cada um sabe que tem que as cumprir à regra, porque caso contrário algo vai falhar. Essa foi uma das vantagens que esta nova tática. Todos os jogadores entenderam o seu espaço dentro de campo, onde têm de estar. Se um colega está numa determinada posição, eu sei onde tenho de me colocar. Estamos a cumprir as nossas funções muito bem.
No seu primeiro regresso ao Sporting, conheceu Frederico Varandas como médico. Já se adaptou a esta realidade, ou ainda sente a tentação de pedir um conselho clínico?
N – [Risos] Nada disso! Já tenho muitos anos de futebol e sei diferenciar qual o meu papel e o papel dos outros dentro do clube. Quando o presidente tomou posse, no primeiro dia, disse… [risos] pronto, foi um pouco estranho, mas disse “senhor presidente”. Mas daí para a frente foi tudo muito mais fácil. É preciso ver as coi- sas, falar, para nos habituarmos às novas situações. Tem sido tudo muito fácil. As palestras que o presidente tem dado têm sido muito positivas. A mensagem tem sido entendida por todos.
Curiosamente, no balneário, lida com Hugo Viana e Beto, seus antigos companheiros de equipa. Como é esta convivência?
N – Não é uma relação igual à que temos com o presidente, pois com ele é preciso haver um limite, apesar da confiança e do conhecimento de alguns anos de outras funções. Frederico Varandas é agora o presidente e temos sempre de mostrar o respeito e a distância necessária entre jogadores e presidente. Sempre que assim for, as coisas vão correr bem e não vai haver problemas. Agora, com o Beto e o Hugo Viana há um bocadinho mais de confiança e liberdade para brincar. Mas isso é bom para eles. Esse é o papel que eles desempenham: estarem perto de nós, sentirem o pulso dos jogadores… Verem quem está contente ou triste, para eles poderem intervir se necessário. Devido a isso, temos mais proximidade com eles, apesar de já os conhecer há muito tempo.
No futuro, vê-se a assumir um cargo semelhante?
N – Bem… [engasga-se e ri] Tudo o que tenha a ver com futebol para mim e fácil. Precisaria de ganhar experiência, claro. Mas acredito que possa fazer muita coisa relacionada com o futebol.
Acha positivo os clubes integrarem antigos jogadores nas estruturas?
N – Concordo sempre que são pessoas competentes. Se são ex-jogadores que sabem o que é ganhar, que têm um historial no clube, e que sabem onde o clube quer chegar, tudo bem. É muito mais fácil trabalhar com pessoas que percebem os jogadores e que entendem o balneário.
Na Taça, primeiro o Feirense e depois o V. Guimarães ou… o Benfica?
N – Jogo a jogo. Connosco é sempre assim. O Feirense já mostrou que é uma equipa difícil. Já não há jogos fáceis. Vamos ter de estar no nosso melhor para podermos chegar às meias-finais. A Taça é um dos objetivos deste temporada.
Já pensou o que fazer quando acabar a carreira e acha que será algo ligado ao futebol?
N –Não necessariamente pois penso em outras coisas que posso explorar. Daqui até lá ainda muito pode acontecer. Já disse muita coisa no passado e depois fiz exatamente… o contrário.
Bruno de Carvalho promoveu o seu regresso ao Sporting em 2014/15. Como encara a situação que o ex-presidente está a viver?
N – Desculpe, mas prefiro não responder a essa pergunta.
Mas Alcochete foi um episódio para esquecer ou recordar?
N – Isso é para esquecer, é passado! Já ninguém se lembra disso! Quem gosta e vibra com o futebol já esqueceu. As pessoas que sofreram mais com essa situação já não se lembram. Não vale a pena falar mais sobre isso, pois a maioria tenta ao máximo que não se fale. Se falarmos, recordamos.
É fácil fazer isso tendo em conta as notícias diárias sobre o caso?
N – Ninguém vê notícias, ninguém liga… Estou a falar a sério. Nós temos a televisão sempre ligada ali e ninguém olha para isso.
Acredita que o vídeo-árbitro foi determinante para ajudar a corrigir erros e tentar alcançar a verdade desportiva?
N – Para a verdade desportiva é determinante, agora dizer se foi ou não… é que é difícil.
Como é que internamente vocês analisam os erros do vídeo-árbitro no o FC Porto-Portimonense ou no Sp. Braga-Rio Ave?
N – Eu não gosto de comentar o trabalho dos árbitros, nem gosto de criticar, porque são eles é quem decidem. Vou criticar para quê? Para depois, no próximo jogo, estarem ‘lixados’ connosco? Eles podem ‘lixar-te’ num jogo…
Sentem que isso acontece?
N – É normal, são seres humanos. Não é um sentimento de vingança, mas se te chateares muito num jogo… Eu aprendi a cultivar uma relação de respeito, e a única coisa que peço aos árbitros é que apitem da mesma forma para as duas equipas e depois que ganhe o melhor. Um dia um árbitro disse-me ‘Espetáculo, é isso mesmo’… É isso mesmo, mas até apitarem de igual para igual é que é ‘lixado’… É verdade! Quando vou para um jogo, não vou a contar com o árbitro. Para isso ficava em casa! Acredito nas minhas capacidades e nas dos meus colegas, e gosto de desfrutar. Quando ganhas, gostas de dizer que foste melhor e superior. Há jogos complicados, onde não sai nada, mas não peço a um árbitro para nos ajudar, peço é que seja verdadeiro. Se há um penálti, que o marque. Se não há, não é preciso inventar. Não sou a favor do antijogo, não gosto de ver um jogador a ficar no chão a reclamar. Aqui, em Portugal, é uma pouca-vergonha, desculpem-me dizer isto, mas é uma coisa que temos de melhorar.
Foi considerada a Liga europeia com menos tempo útil…
N – Então estão a dar-me razão! Nem sabia isso. Em qualquer lance ouve-se um ‘ahhh’… Gritos estúpidos. Fomos jogar com o Santa Clara e o lateral-esquerdo, o Mamadu, um gajo cheio de músculos que até me enervou. Cada vez que lhe tocava era ‘ahhh’! Eu só lhe disse: ‘Estás sempre a gritar, mano’…. Até o árbitro disse que era verdade e pediu-lhe para parar com os gritos. Qualquer toque com a mão na cabeça, por trás, ouve-se um ‘ahhh’! Também grito, não digo que sou um santinho, mas não é em todos os lances. É só sentir que estão pressionados e sentem um toquezinho. Não dá para jogar futebol assim! O futebol é mais bonito quando há duelos, é por isso que Inglaterra tem o melhor campeonato do Mundo, pois os jogadores vão para o campo para competir e dizer que são mais ‘homens’ do que tu… Se perder, é treinar na próxima semana para ser mais forte. No Manchester, tínhamos uma competição de ombro a ombro. Tínhamos o top 5 contra nós e a nosso favor… Ríamos tanto. Até pedíamos ao homem dos vídeos para nos mostrar os lances.
E o vencedor ganhava o quê?
N – Só valia o orgulho do jogador. Mais nada! E o jogador ia para o ginásio para não cair no próximo jogo. Eu também caí, dei muitos encontrões. Devido a isso o jogador torna-se mais competitivo e verdadeiro. Há lances em Portugal em que o jogador não faz força, pois tem medo de perder o lance e prefere atirar-se… e o árbitro apita!
Como é que vocês analisam casos na Justiça como o E-Toupeira?
N – Não ligo a essas polémicas, nem quero saber dessas coisas. Não muda nada, por isso não me aquece nem me arrefece. Só penso em jogar à bola no campo.
Como vê a crise do United e o que acha que levou à saída de José Mourinho?
N – Se fosse no início, quando saí de lá, talvez fosse mais fácil falar sobre esse assunto. Passaram alguns anos e há muitos jogadores novos. Não sei como está a mentalidade, nem como estão os egos, os comportamentos, mas acredito que a cultura do balneário não é a mesma. Tínhamos jogadores muito experientes, como o Ferdinand, Evra, Giggs, Scholes, Neville e esses jogadores equilibravam o grupo. Faltam referências com muitos anos de casa e com a capacidade de lidar com os momentos adversos. Vejo a saída do Mourinho com alguma tristeza. É um grande treinador, com um excelente currículo e que já demonstrou, várias vezes, que é um dos melhores do Mundo. Os resultados não aconteceram, mas sabemos que este tipo de processos levam tempo.
Acha que Mourinho devia ter tido mais tempo no United?
N – Pelo menos mais uma temporada. O problema é que um clube como o United não pode, nesta altura, esperar tanto tempo como há uns anos, quando Ferguson pegou na equipa. Ele esteve 10 épocas sem ganhar o título!
Qual era o segredo do sucesso de Alex Ferguson?
N – Para nós ele nem era treinador: era um pai, um líder, o ‘boss’. Toda a gente olhava para ele como a referência do clube. Se ele passasse por algum lado, toda a gente tinha de estar em sentido. Era uma pessoa muito alegre, muito bem disposta, mas quando tinha de chamar alguém à atenção, fazia-o ‘à séria’. Foi o treinador que mais me marcou.
Foi importante ter o Ronaldo quando chegou a Manchester?
N – Ajudou-me a entrar na equipa, a conhecer a cidade, a cultura… Na língua também me ajudou, pois não percebia nada e ele era o tradutor. Depois, a competitividade dele só fez com que eu ganhasse esse instinto de vencer. Tudo era uma competição!
Nunca se sentiu na sombra do Cristiano Ronaldo?
N – Não, pois antes de ir para Manchester já conhecia o Ronaldo. Gostávamos de estar um com o outro, pois tínhamos os mesmos hábitos e os mesmos gostos, fosse o pingue-pongue, fosse ficar no treino a bater livres, dribles ou mesmo na competição de palhaçada.
Como é que o Cristiano Ronaldo mantém o rendimento na Juventus com toda a polémica que o afetou fora dos relvados nos últimos meses?
N – É difícil. Não vou dizer que ele não sente as coisas, que não o possam ferir, porque é mentira. Mas acredito que… Presenciei várias coisas. Joguei vários anos na mesma equipa que ele e joguei muitos anos também na Seleção. Gosto de observar e gosto de retirar o melhor dos melhores. Aprendi muita coisa com ele. Quando vivi na casa dele, éramos sempre muito competitivos. Aprendi a ser competitivo com ele. Íamos treinar e não nos cansávamos. Competíamos todos os dias: nos treinos, na piscina, no campo de ténis, na mesa de pingue-pongue. Era até ir para a cama dormir, sempre a competir! A única coisa em que não competíamos era na PlayStation, que ele não sabe jogar. Mas era uma guerra! Todos os dias, dia e noite. Logo ali percebi que havia uma mentalidade vencedora. Ele quando perdia, tínhamos de fazer um jogo até ele ganhar. Só quando ganhasse é que saía dali. O que quer dizer com tudo isto? Tu habituas-te a trabalhar sempre para uma coisa. O teu foco está apenas naquilo. Ele acordava sempre à mesma hora. Quando eu acordava, já ele estava no computador. Fazia uma revisãozinha muito rápida, a ver as notícias. E eu… 5 minutinhos, vestiame e já estava a sair de casa para não nos atrasarmos! [risos] E ele já estava preparado há mais de uma hora. E era sempre assim. Todos os dias. Todos! Sempre com a mesma mentalidade. Já não é a primeira vez que estas coisas acontecem. São muitos anos, muitas histórias e muitas situações desagradáveis. Nesses momentos ele mostrou sempre uma enorme capacidade de concentração no jogo. Aliás, mesmo que não estivesse totalmente concentrado, conseguia disfarçar com a qualidade da exibição que fazia.
Falou com Cristiano sobre esta situação?
N – Não. Nada disso. Sei que a maioria dessas coisas são mentira. São pessoas que se querem aproveitar. Já aconteceram muitas coisas comigo no passado e sei o que é que a casa gasta. Imagina com ele… Ainda para mais… uma história que é ridícula. Na minha cabeça, tudo o que foi dito não faz sentido. Mas é a minha opinião. Vejo o Ronaldo assim: uma pessoa muito forte, física e mentalmente. Uma das armas dele é ser muito forte psicologicamente. Consegue sempre atingir o que quer.
Estas situações acabam por afetar mais devido ao impacto que tem no plano familiar?
N – É um dos nossos problemas, quando acontecem estas coisas, sabemos que é mentira e não nos afeta tanto. Mas perturba-nos mais em casa, com a família. Porque na cabeça deles fica sempre uma dúvida.
Como é possível gerir estas situações?
N – Nós, após tantos anos a viver este estilo de vida sabemos que já não somos pessoas normais. Por mais normal que sejas com os teus amigos e tentes mostrar a pessoa que eras antigamente todos sabemos que não é assim, temos de sempre de nos preocupar e resguardar. Não podes dar tudo pois há sempre alguém que se aproveita…Estás num grupo de amigos e se quiseres ser o ‘palhaço’ que é o que esses amigos gostam para poderem dizer que o gajo é simples e espetacular, mas há um sempre que vai atrás filmar. Quando te sentes feliz e satisfeito por poderes ser aquela pessoa está ali alguém com o objetivo de vender essa filmagem, ou só mesmo para mostrar e dizer ‘olha o que ele faz’. Há sempre alguém que tenta tirar vantagem dos momentos em que estamos a desfrutar com amigos. O que me faz mais confusão é que muitas vezes as pessoas não percebem que nós por vezes só queremos passear, ir ao shopping, estar tranquilo com a família e os amigos, como toda a gente gosta, sem estar preocupado que estejam a olhar para nós nos gestos mais simples como comer uma batata ou limpar a boca…As pessoas não percebem que sentimos essa necessidade e isso às vezes perturba muito. Esses momentos também são importantes para nós e depois, por vezes, classificam-nos de antipáticos ou arrogantes. *
Considera justa a Bola de Ouro a Modric?
N – Modric é um jogador fantástico. Na posição dele, é um dos melhores a desempenhar o seu papel. Mas, verdade seja dita, para ganhar uma bola de ouro e para estar à frente do Ronaldo, de Messis, Neymars e companhia… Não. O Ronaldo seria um justo vencedor.
Então para si o Modric nem estaria no top 3…
N – Para mim? Claro que não! Para mim os melhores jogadores do Mundo… sabemos de quem se trata. São aqueles que desequilibram no seu jogo individual e que fazem a diferença nos seus clubes. São aqueles que durante o ano se destacam muito mais do que todos os outros. E foi isso que aconteceu com Ronaldo. Que até estava na mesma equipa do que ele! Só agora se transferiu para a Juventus e, mesmo assim, continua a bater recordes. Tudo aquilo que o Modric alcançou no clube, o Ronaldo também o fez. E mais…!
Há poucos dias reabilitou o campo do Bairro de Santa Filomena. Que importância teve esse gesto para si?
N – Quando faço alguma coisa penso sempre que não é o suficiente, pois acho que posso fazer sempre mais dada a história que tenho naquele bairro onde cresci, as pessoas com quem convivi, por tudo o que passei, foram momentos muito felizes na minha infância. Gosto de fazer algo lá para recordar esses momentos, e há condições para dar às crianças e fazer com que as pessoas voltem ao bairro e se reencontrem. Este ano quis fazer algo de diferente e reabilitei o campo para se volte lá a jogar à bola, e lembrar que o bairro continua bem vivo pois é um sítio que jamais esquecerei ou desvalorizo.
Avisou que ia guardar os mortais para os momentos especiais. Já sonhou com algum?
N – o golo que estamos a precisar no último jogo do campeonato, no Dragão, no último minuto, aquele pontapé que a bola bate em três jogadores e entra.
Qual foi o golo que lhe deu mais prazer marcar?
N – Em termos de importância foi o da meia-final do Europeu, contra o País de Gales. Não é um golo bonito, mas foi importante. Mas este ao Qarabag… Não teve tanto impacto, pois o resultado foi 6-1. Se o jogo tivesse sido mais equilibrado, era uma obra de arte.
Estreou- se na Seleção Nacional há 10 anos. Sente que pode ser útil no próximo Europeu?
N – Acredito que sim. Tento manter o meu nível elevado e quero terminar esta época da melhor maneira. Quero estar muito forte. Estou a trabalhar diariamente para isto e estou focado em cada jogo que faço. Se as coisas correrem como espero, vou estar disponível. Fernando Santos não olha a caras ou idades e há sempre a possibilidade de regressar.
À partida, Portugal acabou por ser feliz no sorteio…
N – Há sempre lugar a surpresas neste tipo de competições, porque hoje em dia todas as seleções estão a evoluir do ponto de vista competitivo. Mas Portugal atingiu um nível que permite acreditar no apuramento. Temos de terminar no primeiro lugar.
Gostava de disputar a Liga das Nações?
N – Gostava de estar presente em qualquer jogo! Ser chamado à Seleção é sempre um orgulho, como sempre demonstrei em todos os jogos em que fui chamado. Mas a decisão caberá sempre ao selecionador. Quando surgir a oportunidade, estarei pronto para responder ao mais alto nível.
Deu- lhe mais prazer conquistar o Europeu ou a Champions?
N – O Europeu, sem dúvida. A Champions todo o Mundo vê mas nem toda a gente vai vibrar contigo porque ganhaste. Quando ganhas o Europeu tens o teu país inteiro, e mesmo os de fora, a dar-te os parabéns pela conquista. O Europeu foi o top dos tops.
Consegue recordar todas as emoções no momento do remate do Eder?
N – Foi muito estranho pois o Eder quando recebeu estava decidido a fazer aquilo, a meter a bola lá dentro. Quando ele dá o toque para rematar eu estava atrás, não sei se tiveram essa perceção, e disse-lhe ‘joga’ pois queria eu chutar a bola, estava mesmo preparado para rematar, não sei se saía um chouriço que ia para o alto. Aí vejo o Eder meter a bola lá dentro e senti um alívio, mas um alívio pois estava já tão cansado…Foi só celebrar e nem tive a noção para onde ia pois vi todos a irem numa direção e já estava muito longe para chegar lá, já nem conseguia correr. Foi espetacular, top mesmo. O mais engraçado é que dias antes no nosso hotel tínhamos o nosso espaço e fui dar uma volta com o Eder, a pé, para falar dos jogos e dos facto de estarmos a jogar ou não. A um dado momento disse ao Eder: ‘Toda a gente já teve a sua oportunidade, e os que a tiveram fizeram alguma coisa. Eu nem era para jogar e marquei, o outro fez isto, o outro aquilo. Só faltas tu! Vais entrar com calma e esperar pelo teu momento.’ Também digo isto porque ele estava a treinar muito bem, espetacular mesmo, fazia golos para caraças nos treinos…Tocava na bola e era golo. E isso aconteceu no último jogo… Espetáculo!
Curiosamente não chorou…
N – Quando senti a lágrima [faz o gesto de limpar o olho].
Foi um momento mágico …
N – O mais bonito foi termos tido uma folga antes e termos ido a um restaurante português. Só me diziam ‘Nani temos de ganhar, eles até já encomendaram o autocarro’. Depois, quando ganhámos, os portugueses tomaram conta daquilo tudo! Foi bonito. *
“Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões…”
“Ok, os verdadeiros adeptos do Sporting vão ficar chateados, pois ninguém gosta de ver os melhores jogadores a tomarem uma atitude dessas. Agora, tudo isso já foi ultrapassado há muito tempo. Se eles são verdadeiros adeptos do Sporting, no início da época qual era o problema com a equipa? Diziam que não jogávamos nada. Era o ‘joguem à bola’, o ‘suem a camisola’? Agora estamos a fazer o quê? Agora qual é o problema? Os adeptos do Benfica e do FC Porto já nos andam sempre a ‘queimar’ e, por isso, temos de olhar e pensar o que é preciso fazer para ficarmos bem. Eles [os adeptos] agora têm de ver o que está bem, apoiar o que está bem e continuar assim, de forma a melhorar o que ainda está menos bem. Nesse aspeto, em relação ao Bruno, é esquecer. Ele está a ter um bom desempenho e vai melhorar cada vez mais. Ele é adepto do Sporting e quem é adepto do Sporting tem de apoiar os seus jogadores.”
“O Bruno é um jovem, o que aconteceu, se calhar, não foi decisão dele, foi a decisão de outras pessoas que estavam por trás. Houve o interesse de outras pessoas para que ele tomasse essa decisão, pois era vantajoso para elas. Se calhar, outras pessoas disseram-lhe para voltar atrás, e muito bem, para voltar a assinar pelo Sporting. (…) Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola”, confidenciou Nani, lembrando de seguida que ainda tentou convencer outros a regressarem.
“Tentei fazer a minha parte. Pediram-me ajuda com alguns jogadores… Não quero referir nomes, pois não é o mais importante neste momento. Agora, o futuro dirá o que vai acontecer Depois, as pessoas vão ver se tomaram as opções certas ou erradas”.
Eu também não tenho grande coisa para dizer, mas já que aqui aparece todo tipo de pessoas de todo o lado gostava que me confirmassem, ou não, o seguinte:
– na noite da derrota com o Vitória, quando a equipa se dirigia para o autocarro, um aglomerado de adeptos (do Sporting e curiosos do Vitória), juntou-se para ver passar os jogadores a passar. Não houve um que se tivesse disponibilizado para dar um autógrafo… Alguns adeptos mais exigentes ainda soltaram um “… Para a próxima corram mais, é preciso mais vontade…”
Quando Varandas passou, vinha a rir-se sonoramente e ainda ouviu um “não é para rir, é para ganhar…”
Os jogadores esses nem olharam para fora do autocarro, entre risos e brincadeiras lá foram embora a jogar nas suas PlayStation…
Reparei que tinhm a cara limpinha, longe vão os tempos com o JJ que os jogadores apareciam com a cara toda suja e com a boca verde de comerem a relva em todos os jogos a lutar pela vitória. Menos quando iamos aos sintéticos, aí era mais dificil arrancar aquilo com os dentes.
Claro que de tanto mamarem na mangueira do velho alzhemico os 69 tiveram muito que engolir.
Nani fez um desenho para os mais acéfalos:
N – Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola.
Depois de tomar conhecimento da entrevista de Nani, nunca mais olharei para o jogador e homem do mesmo modo… terá sempre a minha condescendência quando fizer um mau passe, falhar um golo cantado ou tiver um jogo menos conseguido! Terá sempre a minha admiração enquanto homem e sportinguista! Quanto aos restantes…o sentimento vai no sentido inverso…!! Quanto mais se vai sabendo sobre os meses “quentes” do Sporting, mais nojo e repulsa sinto por alguns jogadores e dirigentes…
Oiiii é preciso vir o Nani para começar a abrir o livro, imagino a desilusão que deve sentir por partilhar braçadeira com um boneco como o BF , Ah e tal ouviu o Dlim dlim, mas agora isso nao importa porque está tudo bem. Então mas ele não tinha voltado a receber exactamente o mesmo e sem qualquer compensação?
Obrigado Nani por vires retirar da testa de muitos um pouco do gelado que lhes corre desde Junho. Mas não adianta muito, esta malta já está com o cérebro gelado.
Dlim dlim dlim o som que mais gostam de ouvir.
Ridiculo.
Convinha que não deturpasse as palavras do Nani. Nem é por causa do Bruno Fernandes, mas apenas para não colocar na boca do Nani qualquer comentário depreciativo do colega.
O que Nani disse sobre Bruno Fernandes foi claro: ” Ele (o BF) é adepto do Sporting (…). Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair].”
Esta entrevista do Nani demonstra toda a sua enorme qualidade humana. E comprova também a força da sua inteligência emocional e cinestésica, que lhe permitem aso 32 anos, parecer estar a jogar o melhor futebol da sua carreira
Não lhe ponham palavras na boca…… “Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões…”
Oi fui eu que escrevi isto? ???
Ou eu não sei ler, ou está aqui bem explicito que o Bruno Fernandes Fez o que Fez influenciado por outro alguém e em troca de Dlim Dlim……. Queres o quê agora?vir esfregar-me a mim um geladinho na tola?
Vai lá discutir com os acéfalos que engolem as tuas opiniões .
Oi bom dia…
Finalmente apanhei a porta aberta…
Ontem recebi um miminho…
Vou habitualmente a uma aldeia aqui do concelho ensaiar um grupo de senhoras para depois cantarmos na festa de Igreja no dia 26 de Dezembro..,
Ontem mais uma vez cumpri “a tradição “…
No final uma agradável surpresa que dispensava… mas que agradeci..,
Um saco…uma embalagem…
E dentro…uma garrafa de vinho do Porto… com o rótulo do Sporting (que não conhecia)… e um cachecol também do Sporting…
Não bebo…mas gostei da surpresa..,
SL
26 Dezembro, 2018 at 9:25
Bom dia para todos e continuação de Boas Festas…
Abraço para todos e SL
26 Dezembro, 2018 at 10:05
Era só para dizer que não tenho nada para dizer, tirando o facto de nesta tarde já ter a agenda cheia de reuniões com uns ingleses malucos por bola e às 18 dar um salto a… Alvalade 🙂
26 Dezembro, 2018 at 10:26
E eu a pensar que as primeiras reuniões eram com italianos de milão às 11H…. e depois às 14H para alem dos ingleses também havia italianos de Turim….
26 Dezembro, 2018 at 12:16
Às 11:30 não é reunião.
É trabalho interno de preparação para as reuniões.
:p
26 Dezembro, 2018 at 12:24
ENTREVISTA A NANI (Record)
Tudo o que aconteceu no Sporting nos últimos meses fê-lo, de alguma, forma repensar a sua decisão de regressar a Alvalade?
NANI – Só me deu mais força! Já tinha tomado a decisão. Queria estar mais tranquilo e, para o fazer desfrutando do futebol, tinha de ser no Sporting, em casa, perante os meus adeptos, no meu clube. Foi aqui que cresci e de onde parti para grandes palcos mundiais. Pensei e, apesar de tudo o que aconteceu na Academia, não tive nenhum problema em voltar. Pensei e cheguei à conclusão de que estaria a tomar uma boa decisão. Sabia que era um momento menos bom que o clube estava a atravessar, mas quando conseguíssemos resolver todos os problemas, tudo ficaria bem.
Estes primeiros meses vieram reforçar a sua decisão?
N – Sem dúvida. Ao início as coisas não foram fáceis. Muito trabalho, muita dedicação dos jogadores e treinadores, de todas as pessoas envolvidas no clube. Tivemos de trabalhar em conjunto para que o Sporting voltasse a ser unido, para toda a gente estar com o mesmo pensamento, o mesmo foco no objetivo, que era estabilizar a equipa e tornar o Sporting novamente competitivo. Um clube que está habituado a disputar tudo. Para isso ser uma realidade, tínhamos de começar por aqui. Unir toda a massa associativa, toda a gente à volta do clube. Especialmente os jogadores, porque são a peça mais importante neste projeto. Se os jogadores estiverem a render, estiverem satisfeitos e focados, estive- rem dedicados nas suas tarefas, tudo fica mais fácil.
Teme que a derrota em Guimarães coloque em causa o processo de crescimento que a equipa estava a apresentar desde a chegada de Marcel Keizer?
N – Não, os processos continuam a ser assimilados, e o crescimento da equipa não sai beliscado por este resultado. O mister já tinha dito que não iríamos ganhar sempre, não há drama. Vamos continuar todos a trabalhar, e ainda com mais força e união, para voltarmos às vitórias já no próximo jogo. Este grupo é demasiado forte para abanar com um resultado adverso.
Acha que há quem estranhe o facto de o Sporting estar a praticar um bom futebol?
N – Estranham porque o Sporting, devido a tudo o que se tem passado nos últimos anos, tem feito com que as pessoas acreditem menos. Tem feito também com que os rivais estejam mais confiantes para falar e criticar. Qualquer momento que não seja similar ao dos últimos anos, que seja favorável ao Sporting, vai provocar sempre alguma reação nessas pessoas. Umas vezes é para tentar desestabilizar o grupo, outras é para realmente salientar o bom trabalho.
Sentem que foram menosprezados por comentadores, imprensa e até mesmo algum rivais?
N – Não fomos: somos sempre! O Sporting e os seus jogadores são sempre menosprezados. São menos ovacionados por qualquer comentador ou jornalista. Meia palavra basta para se ver muita coisa. Quando se vê jogos na televisão, os comentadores têm dificuldades em abrir a boca para dizer a verdade. E a verdade é que o Sporting está a jogar bem e espero que continue assim até ao final da época. Vamos continuar a dar respostas positivas dentro do campo, porque não precisamos dessas pessoas.
Após a tomada de posse da direção e a alteração do técnico acredita que a equipa vai ter a estabilidade para atacar o título?
N – Com a experiência que tenho e com base em tudo o que já vivi, para falarmos do título é preciso fazê-lo a meio da segunda volta.
É cedo para pensar nisso?
N – Ainda é muito cedo! A meio da segunda volta, sim. Se estivermos nesta posição, com uma diferença de dois pontos ou menos. Aí sim, podemos falar em títulos. Há ainda muita coisa que vai acontecer, muita coisa para lutar, muita corrida para correr. As equipas que forem mais consistentes, que cheguem a essa fase da época em condições de lutar, aí sim, podemos falar no título. Temos de ter os pés bem assentes no chão. Temos feito bons jogos. Temos mostrado qualidade e evolução. Mas acho que temos de continuar a trabalhar da mesma forma, com a mesma humildade. Só dessa forma é que podemos atingir outros patamares. É isso que tem sido o nosso forte: trabalhar com humildade, sempre a pensar jogo a jogo e como foco na vitória.
Pelo que já viu das equipas, considera que o FC Porto é mais favorito, ou próximo clássico será determinante?
N – Jogos contra o Benfica, FC Porto e Sp. Braga são sempre determinantes. São confrontos diretos e, se tiras vantagem nesse jogo, ficas à frente. É simples. Se ganhares os mesmo jogos que eles, já estás à frente. Mas sabemos que o campeonato tem muitos jogos e temos perfeita noção de que podemos ganhar hoje a um dos grandes e perder com um dos pequenos. Já aconteceu com todas as equipas…. é isto que marca a diferença: a consistência da forma como vences.
O calendário ditou que o último jogo do Sporting no campeonato seja no Estádio do Dragão, diante do FC Porto..
N – (interrompe) Desculpa lá, estou aqui com uma dúvida: lembro-me de que, no primeiro sorteio, era ao contrário. Não eram eles que vinham cá terminar o campeonato? O que é que mudou?
Antes do erro no sorteio (o número 6 foi exibido como sendo o número 9, o que obrigou à repetição do processo) sim. O FC Porto acabava em Alvalade a época.
N – eu vi logo na aplicação e depois alterou-se tudo. Ela enganou-se mesmo? E alterou curiosamente esse jogo? Hum…
Já pensaram em comemorar o título no Estádio do Dragão?
N – Quem é que não pensa nisso? (risos). Isso era top. Era muito bom. Se me dessem a escolher ir disputar o jogo do título ao Dragão, assinava já! Íamos lá com tudo. E íamos ganhar.
Ainda se lembra do golo que marcou lá na Taça? Dá um gozo especial marcar no Dragão?
N – Sem dúvida, dá um gozo especial marcar naquele estádio. Tenho boas recordações.
A nível pessoa contabiliza 8 golos em 19 jogos. Acredita que aos 32 anos pode fazer a sua melhor temporada em termos estatísticos (12 golos em 37 jogos pelo Sporting)?
N – Acredito. Sinto-me bem e trabalho sempre para vencer, para estar cada vez melhor. Estou motivado e não podia estar melhor. Estou em casa, no clube em que sou acarinhado, em que as pessoas gostam de mim. Nunca me senti tão bem numa equipa, num plantel. Tenho todo o respeito dos meus colegas e eles merecem todo o meu respeito também. Estamos unidos, felizes. Trabalhamos em conjunto e, quando isso acontece, tens todas as condições para explorar as tuas capacidades.
Nos últimos anos está a revelar-se mais eficaz na concretização. É fruto da experiencia ou está a privilegiar o remate em detrimento da assistência?
N – Estou em dois momentos no Sporting. Passei uma fase, nos primeiros jogos, em que a equipa precisava de golos. Não tínhamos o Bas Dost, um jogador que quando está obriga a que haja muitos cruzamentos, já que ele é uma referencia na área. Jogávamos com o Freddy (Montero), que era um elemento mais de apoio e que proporciona que eu chute mais à baliza e que apareça mais vezes em zonas de finalização. Nessa altura fiz mais golos. Neste últimos jogos, também tenho feito golos e aparecido em zonas de finalização, mas acredito que neste momento tenho um papel diferente. Posso aparecer para finalizar, mas vou assistir muito. O estilo do mister Keizer assim o permite. Nos últimos anos, ganhei essas características, de ter uma maior capacidade na decisão na finalização e nas assistências. Faço passes mais precisos, mais certos. E quando vou para finalizar, faço-o com mais convicção e precisão. Talvez seja isso a contribuir para a média de golos.
Considera que no mercado de inverno a equipa precisa de reforços ou este grupo já tem qualidade suficiente para lutar por títulos?
N – Não sou treinador nem presidente! [risos] Para mim, a equipa está completa. Temos os jogadores que precisamos. Todos têm a consciência de que ainda podemos melhorar. É para isso que trabalhamos diariamente e que ouvimos tudo o que diz o nosso treinador. Estou confiante neste plantel. É muito positivo ver que alguns jogadores estão agora a mostrar qualidade, há uns meses muita gente poderia dizer que não tinham qualidade sequer para fazer parte do plantel do Sporting. Eram para mandar embora… E hoje estão a mostrar que podem ser dos elementos mais importantes da equipa. O Wendel, o Bruno Gaspar, por exemplo. Por isso, acho que ainda há muito para acontecer a esta equipa. Há muitos jogadores que ainda vão aparecer, vão mostrar qualidade. Há espaço para todos. Precisam é de trabalhar e mostrar que estão disponíveis para, quando a oportunidade aparecer… a agarrarem.
Regressou ao Sporting, mesmo a perder dinheiro, quando tinha outras ofertas mais atrativas…
N – Não é a primeira vez que deixo muito dinheiro para trás. Quando fui para o Valencia, por exemplo, tinha grandes propostas, de muito dinheiro, da China, que esteve sempre a bater à porta. Eu sempre olhei para o futebol como a paixão da minha vida. Muitas pessoas olham para mim e dizem que já devia era ir ganhar dinheiro… É verdade, ganhava muito dinheiro, mas eu nasci para jogar futebol e, em primeiro lugar, está a minha satisfação em jogar futebol. Se não tivesse dinheiro, podia pensar assim. Mas, graças a Deus, já ganhei algum dinheiro e acho que o valor material não é tudo nesta vida. Em primeiro lugar está a minha felicidade como pessoa e como jogador, e a da minha família. Neste momento, a minha família está muito mais feliz e tira muito mais proveito em desfrutar. O meu filho está numa escola onde fala a sua língua. Não podia ter tomado melhor decisão. Agora, se daqui a uns anos houver a possibilidade de ir ganhar dinheiro… posso ir. Mas, se não houver, também não estou mal na vida, graças a Deus. As voltas que já dei e as corridas que já fiz deixaram-me estável e tenho tudo para continuar com uma vida feliz.
Acredita que o Sporting podia ter mais pontos se o Bas Dost não se tivesse lesionado?
N – Não, não vejo por aí. O Bas Dost é um jogador fantástico e é muito importante para a equipa, mas eu acredito que o nosso destino está traçado e ninguém sabe como vai ser. Só o vamos conhecer no final. Falar em ‘ses’ pode dar o contrário… Se calhar não estávamos a fazer bons jogos, o Bas Dost podia não estar em forma. Ele chegou mais tarde e, como muitos jogadores, não estava em forma. Dizer se estivesse ou se não estivesse… Temos de deixar para trás o que foi feito, mas não esquecer por completo, pois há sempre que salientar o trabalho e a dedicação que nos permitiu chegar ao conforto em que estamos hoje e que nos permite desfrutar do futebol. Temos de pensar para o futuro.
Quem marca melhor os penáltis: o Nani ou o Bas Dost?
N – Eu não me importo com penáltis. Temos também o Bruno Fernandes, que bate bem. Eles já batiam nos anos anteriores, e foi algo que não exigi. Quando o fiz, foi uma escolha do treinador e quando vi que era muito importante para ele e para o Bruno afastei-me. Se não estiver um deles, vou assumir.
O ano vai terminar com os quatro primeiros juntos no topo da tabela. Vamos ter luta até ao fim ou antevê que o Sp. Braga possa quebrar?
N – Pelo treinador que têm, vão ser consistentes até ao fim. Conheço o Abel e ele agora é totalmente diferente daquilo que era enquanto jogador. Era muito calmo, muito pacato. Uma excelente pessoa, atenção! Fez com que o Sp. Braga se tornasse uma equipa muito competitiva, que joga um bom futebol. Gosto da maneira como ele fala nas conferências. É um motivador, muito seguro de si. Sabe do que fala e sabe o que quer. Isso vê-se no campo. O Sp. Braga tem um bom plantel, mas não está ao nível de Sporting, Benfica e FC Porto. Mas o treinador, neste momento, fez com que o Sp. Braga esteja ao nível dos grandes.
Por tudo o que se passou nos últimos meses no Sporting, a braçadeira de capitão vem com responsabilidades acrescidas?
N – Se fosse há uns meses teria mais, mas eu não fujo à responsabilidade! Quando tomei a decisão de voltar ao Sporting e assumir o barco como capitão, já sabia o que queria e o que ia acontecer. Quando entro num projeto, entro para vencer, e só não venço se os outros forem melhores e se o meu grupo não tiver condições para raciocinar, para estar empenhado. Só não venço se o meu plantel não estiver focado em seguir as normas e os objetivos. Neste momento, temos um grupo espetacular. Vocês dizem que eu sou o capitão, mas a meu ver, somos todos capitães, pois temos uma norma interna que estabelece que todos podem dizer algo e têm o direito a ser ouvidos. Sempre que existe respeito, há um líder e uma voz que está um pouco mais acima nos momentos importantes pois, caso contrário, não haveria mais responsabilidade e não significava nada ser capitão. Neste momento, a vantagem na nossa equipa é sabermos que o capitão ouve os companheiros e sabe lidar com eles e com a sua forma de ser. Devido a isso, a nossa relação é top, não podia ser melhor, e isso vê-se dentro de campo.
Já externamente há um grupo de adeptos que ainda contesta o nome de Bruno Fernandes no lote de capitães. Consegue compreender este sentimento?
N – Eu percebo as pessoas. Quando algo não corre bem, ficam frustradas no momento. Todos somos seres humanos, todos temos algo a dizer ou a criticar. Os adeptos veem os jogos, aplaudem, criticam, apoiam e dizem-nos se jogámos bem ou mal. Hoje, temos as páginas da internet onde eles vão desabafar e, no caso do Bruno, vão lá fazer isso. Esse grupo até pode ir ao estádio para reclamar. Eu vejo por outro lado e vou aproveitar para lhes transmitir uma mensagem: O Bruno é um jovem, o que aconteceu, se calhar, não foi decisão dele, foi a decisão de outras pessoas que estavam por trás. Houve o interesse de outras pessoas para que ele tomasse essa decisão, pois era vantajoso para elas. Se calhar, outras pessoas disseram-lhe para voltar atrás, e muito bem, para voltar a assinar pelo Sporting. Ok, os verdadeiros adeptos do Sporting vão ficar chateados, pois ninguém gosta de ver os melhores jogadores a tomarem uma atitude dessas. Agora, tudo isso já foi ultrapassado há muito tempo. Se eles são verdadeiros adeptos do Sporting, no início da época qual era o problema com a equipa? Diziam que não jogávamos nada. Era o ‘joguem à bola’, o ‘suem a camisola’? Agora estamos a fazer o quê? Agora qual é o problema? Os adeptos do Benfica e do FC Porto já nos andam sempre a ‘queimar’ e, por isso, temos de olhar e pensar o que é preciso fazer para ficarmos bem. Eles [os adeptos] agora têm de ver o que está bem, apoiar o que está bem e continuar assim, de forma a melhorar o que ainda está menos bem. Nesse aspeto, em relação ao Bruno, é esquecer. Ele está a ter um bom desempenho e vai melhorar cada vez mais. Ele é adepto do Sporting e quem é adepto do Sporting tem de apoiar os seus jogadores.
Então, como uma das maiores figuras da equipa, compreende a rescisão e o regresso?
N – Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola.
E os que saíram? Ainda tentou convencer alguns a voltar?
N – Tentei fazer a minha parte. Pediram-me ajuda com alguns jogadores… Não quero referir nomes, pois não é o mais importante neste momento. Agora, o futuro dirá o que vai acontecer Depois, as pessoas vão ver se tomaram as opções certas ou erradas.
Quais são as vossas expectativas na Liga Europa?
N – As reais expectativas passam por continuarmos a encarar a prova da mesma forma, pensar jogo a jogo, tentar ganhar sabendo que é uma competição em que podemos apanhar um adversário forte.
É possível a uma equipa portuguesa sonhar com a vitória nesta competição?
N – Podemos sonhar. Mas é preciso ter consciência das condições. Se a equipa chegar aos quartos-de-final aí já podemos sonhar… Nos ‘oitavos’ ainda pode calhar uma equipa razoável, mas nos ‘quartos’ temos o direito de sonhar. *
Considera que o empate no Estádio da Luz acabou por lançar a equipa numa fase em que os adeptos pouco acreditavam?
N – Sentia-se uma falta de autoestima e crença nos adeptos devido a tudo o que aconteceu anteriormente. Muita gente sabia que alguns jogadores estavam afetados psicologicamente, e o rendimento não estava a ser o melhor naquele momento. Além de tudo isto, houve muitas alterações no plantel, um treinador novo, muitos jogadores a entrar… Havia muito trabalho a fazer e muita coisa para construir. O treinador na altura era José Peseiro e fez um bom trabalho. Não era fácil estar no seu lugar. Juntamente com os jogadores mais experientes da equipa segurou o plantel. O objetivo inicial era ganhar pontos e autoestima, e foi isso que fizemos nos primeiros jogos. Conseguimos obter resultados e devido a esses resultados fizemos com que a maioria dos adeptos voltasse a acreditar que era possível. Só que havia sempre uma insatisfação face à forma como estávamos a conseguir chegar a esses resultados.
O futebol estava longe de agradar aos adeptos…
N – Exato! A forma não era bonita. Era sempre no esforço, sempre na raça. Eu estive sempre confiante. Disse várias vezes que preferia ganhar mal porque uma equipa não vai passar um ano inteiro a jogar da mesma forma. Se estiver mal vai melhorar; se estiver muito bem vai acabar por cair. Dizia sempre isto. Neste momento estamos muito melhores e acredito que ainda vamos melhorar mais.
Olhando para trás, sente que a saída de José Peseiro era uma questão de tempo?
N – Em relação ao anterior treinador nunca pensei que ele pudesse sair. Só estava focado no meu rendimento e em tudo o que podia fazer em cada jogo. Acabou por ser uma decisão que surpreendeu toda a gente, mas… Penso que as razões já foram explicadas…
E como reagiu o balneário à saída de José Peseiro?
N – A reação foi de surpresa porque aconteceu tudo muito rápido. Mas depois deram-nos uma explicação e tivemos de concordar. Há uma liderança neste clube e não somos nós, os jogadores, quem toma as decisões. Não temos de opinar sobre isso. Há um superior e temos de respeitar as suas decisões.
O Nani acabou por estar na origem de um caso disciplinar após a expulsão em Braga. Não acha que houve uma extrapolação do caso?
N – Basta olhares para a minha carreira. Já tive maus comportamentos e não sou nenhum santinho. Já tive situações menos agradáveis. Olhem para a minha carreira e, sempre que fui substituído, houve alturas em que saí mais satisfeito e outras menos. Todos os jogadores neste tipo de situação já mostraram insatisfação e disseram palavrões, ainda para mais a perder e com minutos para jogar quando sentem que não deviam estar a sair. Porquê tu? Isto independentemente de estar a jogar bem ou mal. Se calhar naquela altura nem estava a jogar tão bem, admito isso. Saí insatisfeito e falei o que falei. É tudo verdade. Só que se fossem outros talvez não focavam tanto. Está bem… é o Nani, o capitão de equipa e com uma carreira internacional de relevo. Não se pode comparar o papel dele com os dos outros. Ok, tudo bem. Mas se calhar não era necessário baterem tanto. Não era necessário tanto filme da parte de certas pessoas. Houve aproveitamento dessa situação, porque, como sabemos, houve situações de outros que não mereceram o mesmo tratamento.
Por parte de outros clubes ou outros jogadores?
N – Clubes e jogadores. Fez-se naquele momento… Para mim, podiam falar, podiam dizer: “O Nani saiu chateado e disse isto.” Isso tudo bem. Mas o que aconteceu depois, as outras coisas… isso não foi bom…
Mas sente que internamente o caso foi bem gerido?
N – Se calhar aí é que não foi tão bom. Não foi bem gerido. A opinião de umas pessoas é uma e a minha é outra. Toda a gente ficou surpreendida com o que aconteceu. Ainda por cima tinha feito um treino espetacular e estava a contar fazer um grande jogo. Fiquei de fora dos convocados. Toda a gente [em tom surpreendido]: “Como é que é possível?” Ficámos todos assim, chocados. Mas isto não me afetou nada, nem me enervei nem nada, não me aqueceu nem me arrefeceu. Tinha a consciência de que tinha tido uma atitude que não foi a correta. Eu já não era o Nani, o jogador. Era o Nani, o capitão. E tinha de ter dado o exemplo. Nos dias seguintes, independentemente de ser ou não castigado, dei o exemplo e fui dar uma satisfação aos meus colegas e ao meu treinador. Pedi desculpas e ficou tudo ali. A partir deste momento, tudo ficou muito melhor. Mas se me pergunta se fiquei contente, se achei que foi um pouco exagerado. Acho que foi exagerado.
Entende que, de alguma forma, serviu de exemplo, uma vez que no passado José Peseiro já havia sido acusado ser brando no aspeto disciplinar?
N – O treinador, se calhar, sentiu-se no dever de mostrar algo diferente. Até percebo e foi por isso que não guardei nenhuma mágoa a José Peseiro. Não fiquei chateado nem mostrei cara feia. No jogo seguinte, assim que me chamou para entrar, tive uma boa reação, uma boa prestação. E ele no fim veio ter comigo e deu-me os parabéns. “Tranquilo, míster. Vamos em frente. Olhar para o próximo jogo e vamos ganhar”. Disse-lhe eu. ..
Esta época têm surgido alguns jovens como o Jovane. Que conselhos lhe tem dado?
N – O Jovane na pré-época era um dos jogadores que vi que tinha mais em qualidade, mas em comparação com outros miúdos parecia-me que estava mais atrás. Parecia, mas não era, pois foi um dos que mais rapidamente se destacou no plantel principal. Ele cresceu muito em poucos meses. Tenho vindo a falar com ele, tal como o Carlos Mané, o Raphinha e o Wendel. Gosto muito dele e tento sempre dar uma palavra aos mais novos. Digo-lhe o que ele tem de melhorar, sobretudo a nível técnico e tático e também o aconselho a focar-se no teino. Ele tem tudo para explodir, só que isso pode demorar, ou pelo contrário, também pode aproveitar já as oportunidades.
Ele fez bem em optar pela seleção portuguesa?
N – Acredito que sim pois a seleção nacional permite uma projeção que Cabo Verde não dá.
Qual foi o jogo mais complicado que disputaram esta temporada?
N – Antes de jogarmos com o Portimonense, tinha visto o jogo deles com o Desp. Aves. Perderam 3-0, mas vi logo a qualidade dos jogadores. Aliás, disse logo a quem estava ao meu lado: “Vamos jogar o próximo jogo contra eles, em Portimão, com esta qualidade toda que eles têm e coma motivação extra? Vai ser complicado… Vai ser muito complicado!” Por acaso tinha tido uma conversa como treinador adjunto na altura. Tinha feito referência ao Nakajima e um miúdo brasileiro que se tinha estreado nesse jogo [Bruno Tabata]. Não tive dúvidas em dizer que íamos ter problemas nesse jogo. Eles jogam muito bem à bola e nós também gostamos de jogar. Quando é assim, vai haver duas equipas que vão tentar jogar. Vínhamos de um jogo a meio da semana, o que aumentava as chances de sermos surpreendidos. Dito e feito. Foi o jogo mais difícil que tivemos esta temporada.
Já se sente à vontade para apontar as diferenças entre o estilo de Keizer e o de José Peseiro?
N – A diferença é que, com José Peseiro, ainda não nos tínhamos encontrado como equipa. Dentro de campo, muitas vezes, perdíamos organização tática. Neste momento, estamos muito melhor, mais disponíveis para defendermos todos juntos e para atacarmos em bloco.
Foi alteração tática a ter esse efeito? A mudança do 4x2x3x1 para o 4x3x3 garantiu essa mudança?
N – A mudança tática ajudou muito. Assim que Keizer chegou fez-nos ver a sua tática, e nós conseguimos perceber muito rapidamente as suas ideias. Vimos de imediato que seria uma tática vantajosa para o estilo e características do nosso plantel.
Sente que agora tem mais liberdade criativa?
N – [Hesita] Sim. Da maneira que estamos a jogar tenho mais liberdade. Consoante o adversário, interpreto os espaços que me dão no jogo, de forma a estar mais livre para saber se vou para dentro ou para fora. Marcel Keizer sabe que sou um jogador que pode dar isso à equipa.
A equipa tem evoluído de forma consistente. Acredita que ainda tem margem de progressão ou já estão no vosso melhor?
N – Não sei. Sinceramente não sei o que será o máximo ou em que ponto é que estamos. Temos vindo a jogar bem, com muitos golos. Se conseguirmos fazer isto regularmente, com equipas de outro nível, a jogar desta forma… Não sei se será o máximo ou se ainda temos mais para atingir. O importante é continuar a ganhar os nossos jogos, a jogar bem e a fazer muitos golos. Isso dá-nos alegria e faz-nos desfrutar do jogo. Para quem vem ver os jogos, isso também dá motivação e dá ainda mais vontade de nos apoiar. Esta mudança terá, ainda, alterado um pouco a mentalidade dos nossos adeptos. Há alguns meses, alguns adeptos estavam frustrados e, em momentos menos bons do jogo, agiam de maneira incorreta e diziam até coisas que eu sei que não queriam dizer. Agora, sente-se uma energia positiva, sente-se o apoio. Quando jogamos bem, ganhamos etemos apoio… não podemos pedir mais nada.
Napré-época chegou a ser testado a 10. O que falhou?
N – Se fosse neste momento, poderia funcionar. Nós agora estamos mais organizados e cada um sabe quais são as suas funções em campo. Cada um sabe que tem que as cumprir à regra, porque caso contrário algo vai falhar. Essa foi uma das vantagens que esta nova tática. Todos os jogadores entenderam o seu espaço dentro de campo, onde têm de estar. Se um colega está numa determinada posição, eu sei onde tenho de me colocar. Estamos a cumprir as nossas funções muito bem.
No seu primeiro regresso ao Sporting, conheceu Frederico Varandas como médico. Já se adaptou a esta realidade, ou ainda sente a tentação de pedir um conselho clínico?
N – [Risos] Nada disso! Já tenho muitos anos de futebol e sei diferenciar qual o meu papel e o papel dos outros dentro do clube. Quando o presidente tomou posse, no primeiro dia, disse… [risos] pronto, foi um pouco estranho, mas disse “senhor presidente”. Mas daí para a frente foi tudo muito mais fácil. É preciso ver as coi- sas, falar, para nos habituarmos às novas situações. Tem sido tudo muito fácil. As palestras que o presidente tem dado têm sido muito positivas. A mensagem tem sido entendida por todos.
Curiosamente, no balneário, lida com Hugo Viana e Beto, seus antigos companheiros de equipa. Como é esta convivência?
N – Não é uma relação igual à que temos com o presidente, pois com ele é preciso haver um limite, apesar da confiança e do conhecimento de alguns anos de outras funções. Frederico Varandas é agora o presidente e temos sempre de mostrar o respeito e a distância necessária entre jogadores e presidente. Sempre que assim for, as coisas vão correr bem e não vai haver problemas. Agora, com o Beto e o Hugo Viana há um bocadinho mais de confiança e liberdade para brincar. Mas isso é bom para eles. Esse é o papel que eles desempenham: estarem perto de nós, sentirem o pulso dos jogadores… Verem quem está contente ou triste, para eles poderem intervir se necessário. Devido a isso, temos mais proximidade com eles, apesar de já os conhecer há muito tempo.
No futuro, vê-se a assumir um cargo semelhante?
N – Bem… [engasga-se e ri] Tudo o que tenha a ver com futebol para mim e fácil. Precisaria de ganhar experiência, claro. Mas acredito que possa fazer muita coisa relacionada com o futebol.
Acha positivo os clubes integrarem antigos jogadores nas estruturas?
N – Concordo sempre que são pessoas competentes. Se são ex-jogadores que sabem o que é ganhar, que têm um historial no clube, e que sabem onde o clube quer chegar, tudo bem. É muito mais fácil trabalhar com pessoas que percebem os jogadores e que entendem o balneário.
Na Taça, primeiro o Feirense e depois o V. Guimarães ou… o Benfica?
N – Jogo a jogo. Connosco é sempre assim. O Feirense já mostrou que é uma equipa difícil. Já não há jogos fáceis. Vamos ter de estar no nosso melhor para podermos chegar às meias-finais. A Taça é um dos objetivos deste temporada.
Já pensou o que fazer quando acabar a carreira e acha que será algo ligado ao futebol?
N –Não necessariamente pois penso em outras coisas que posso explorar. Daqui até lá ainda muito pode acontecer. Já disse muita coisa no passado e depois fiz exatamente… o contrário.
Bruno de Carvalho promoveu o seu regresso ao Sporting em 2014/15. Como encara a situação que o ex-presidente está a viver?
N – Desculpe, mas prefiro não responder a essa pergunta.
Mas Alcochete foi um episódio para esquecer ou recordar?
N – Isso é para esquecer, é passado! Já ninguém se lembra disso! Quem gosta e vibra com o futebol já esqueceu. As pessoas que sofreram mais com essa situação já não se lembram. Não vale a pena falar mais sobre isso, pois a maioria tenta ao máximo que não se fale. Se falarmos, recordamos.
É fácil fazer isso tendo em conta as notícias diárias sobre o caso?
N – Ninguém vê notícias, ninguém liga… Estou a falar a sério. Nós temos a televisão sempre ligada ali e ninguém olha para isso.
Acredita que o vídeo-árbitro foi determinante para ajudar a corrigir erros e tentar alcançar a verdade desportiva?
N – Para a verdade desportiva é determinante, agora dizer se foi ou não… é que é difícil.
Como é que internamente vocês analisam os erros do vídeo-árbitro no o FC Porto-Portimonense ou no Sp. Braga-Rio Ave?
N – Eu não gosto de comentar o trabalho dos árbitros, nem gosto de criticar, porque são eles é quem decidem. Vou criticar para quê? Para depois, no próximo jogo, estarem ‘lixados’ connosco? Eles podem ‘lixar-te’ num jogo…
Sentem que isso acontece?
N – É normal, são seres humanos. Não é um sentimento de vingança, mas se te chateares muito num jogo… Eu aprendi a cultivar uma relação de respeito, e a única coisa que peço aos árbitros é que apitem da mesma forma para as duas equipas e depois que ganhe o melhor. Um dia um árbitro disse-me ‘Espetáculo, é isso mesmo’… É isso mesmo, mas até apitarem de igual para igual é que é ‘lixado’… É verdade! Quando vou para um jogo, não vou a contar com o árbitro. Para isso ficava em casa! Acredito nas minhas capacidades e nas dos meus colegas, e gosto de desfrutar. Quando ganhas, gostas de dizer que foste melhor e superior. Há jogos complicados, onde não sai nada, mas não peço a um árbitro para nos ajudar, peço é que seja verdadeiro. Se há um penálti, que o marque. Se não há, não é preciso inventar. Não sou a favor do antijogo, não gosto de ver um jogador a ficar no chão a reclamar. Aqui, em Portugal, é uma pouca-vergonha, desculpem-me dizer isto, mas é uma coisa que temos de melhorar.
Foi considerada a Liga europeia com menos tempo útil…
N – Então estão a dar-me razão! Nem sabia isso. Em qualquer lance ouve-se um ‘ahhh’… Gritos estúpidos. Fomos jogar com o Santa Clara e o lateral-esquerdo, o Mamadu, um gajo cheio de músculos que até me enervou. Cada vez que lhe tocava era ‘ahhh’! Eu só lhe disse: ‘Estás sempre a gritar, mano’…. Até o árbitro disse que era verdade e pediu-lhe para parar com os gritos. Qualquer toque com a mão na cabeça, por trás, ouve-se um ‘ahhh’! Também grito, não digo que sou um santinho, mas não é em todos os lances. É só sentir que estão pressionados e sentem um toquezinho. Não dá para jogar futebol assim! O futebol é mais bonito quando há duelos, é por isso que Inglaterra tem o melhor campeonato do Mundo, pois os jogadores vão para o campo para competir e dizer que são mais ‘homens’ do que tu… Se perder, é treinar na próxima semana para ser mais forte. No Manchester, tínhamos uma competição de ombro a ombro. Tínhamos o top 5 contra nós e a nosso favor… Ríamos tanto. Até pedíamos ao homem dos vídeos para nos mostrar os lances.
E o vencedor ganhava o quê?
N – Só valia o orgulho do jogador. Mais nada! E o jogador ia para o ginásio para não cair no próximo jogo. Eu também caí, dei muitos encontrões. Devido a isso o jogador torna-se mais competitivo e verdadeiro. Há lances em Portugal em que o jogador não faz força, pois tem medo de perder o lance e prefere atirar-se… e o árbitro apita!
Como é que vocês analisam casos na Justiça como o E-Toupeira?
N – Não ligo a essas polémicas, nem quero saber dessas coisas. Não muda nada, por isso não me aquece nem me arrefece. Só penso em jogar à bola no campo.
Como vê a crise do United e o que acha que levou à saída de José Mourinho?
N – Se fosse no início, quando saí de lá, talvez fosse mais fácil falar sobre esse assunto. Passaram alguns anos e há muitos jogadores novos. Não sei como está a mentalidade, nem como estão os egos, os comportamentos, mas acredito que a cultura do balneário não é a mesma. Tínhamos jogadores muito experientes, como o Ferdinand, Evra, Giggs, Scholes, Neville e esses jogadores equilibravam o grupo. Faltam referências com muitos anos de casa e com a capacidade de lidar com os momentos adversos. Vejo a saída do Mourinho com alguma tristeza. É um grande treinador, com um excelente currículo e que já demonstrou, várias vezes, que é um dos melhores do Mundo. Os resultados não aconteceram, mas sabemos que este tipo de processos levam tempo.
Acha que Mourinho devia ter tido mais tempo no United?
N – Pelo menos mais uma temporada. O problema é que um clube como o United não pode, nesta altura, esperar tanto tempo como há uns anos, quando Ferguson pegou na equipa. Ele esteve 10 épocas sem ganhar o título!
Qual era o segredo do sucesso de Alex Ferguson?
N – Para nós ele nem era treinador: era um pai, um líder, o ‘boss’. Toda a gente olhava para ele como a referência do clube. Se ele passasse por algum lado, toda a gente tinha de estar em sentido. Era uma pessoa muito alegre, muito bem disposta, mas quando tinha de chamar alguém à atenção, fazia-o ‘à séria’. Foi o treinador que mais me marcou.
Foi importante ter o Ronaldo quando chegou a Manchester?
N – Ajudou-me a entrar na equipa, a conhecer a cidade, a cultura… Na língua também me ajudou, pois não percebia nada e ele era o tradutor. Depois, a competitividade dele só fez com que eu ganhasse esse instinto de vencer. Tudo era uma competição!
Nunca se sentiu na sombra do Cristiano Ronaldo?
N – Não, pois antes de ir para Manchester já conhecia o Ronaldo. Gostávamos de estar um com o outro, pois tínhamos os mesmos hábitos e os mesmos gostos, fosse o pingue-pongue, fosse ficar no treino a bater livres, dribles ou mesmo na competição de palhaçada.
Como é que o Cristiano Ronaldo mantém o rendimento na Juventus com toda a polémica que o afetou fora dos relvados nos últimos meses?
N – É difícil. Não vou dizer que ele não sente as coisas, que não o possam ferir, porque é mentira. Mas acredito que… Presenciei várias coisas. Joguei vários anos na mesma equipa que ele e joguei muitos anos também na Seleção. Gosto de observar e gosto de retirar o melhor dos melhores. Aprendi muita coisa com ele. Quando vivi na casa dele, éramos sempre muito competitivos. Aprendi a ser competitivo com ele. Íamos treinar e não nos cansávamos. Competíamos todos os dias: nos treinos, na piscina, no campo de ténis, na mesa de pingue-pongue. Era até ir para a cama dormir, sempre a competir! A única coisa em que não competíamos era na PlayStation, que ele não sabe jogar. Mas era uma guerra! Todos os dias, dia e noite. Logo ali percebi que havia uma mentalidade vencedora. Ele quando perdia, tínhamos de fazer um jogo até ele ganhar. Só quando ganhasse é que saía dali. O que quer dizer com tudo isto? Tu habituas-te a trabalhar sempre para uma coisa. O teu foco está apenas naquilo. Ele acordava sempre à mesma hora. Quando eu acordava, já ele estava no computador. Fazia uma revisãozinha muito rápida, a ver as notícias. E eu… 5 minutinhos, vestiame e já estava a sair de casa para não nos atrasarmos! [risos] E ele já estava preparado há mais de uma hora. E era sempre assim. Todos os dias. Todos! Sempre com a mesma mentalidade. Já não é a primeira vez que estas coisas acontecem. São muitos anos, muitas histórias e muitas situações desagradáveis. Nesses momentos ele mostrou sempre uma enorme capacidade de concentração no jogo. Aliás, mesmo que não estivesse totalmente concentrado, conseguia disfarçar com a qualidade da exibição que fazia.
Falou com Cristiano sobre esta situação?
N – Não. Nada disso. Sei que a maioria dessas coisas são mentira. São pessoas que se querem aproveitar. Já aconteceram muitas coisas comigo no passado e sei o que é que a casa gasta. Imagina com ele… Ainda para mais… uma história que é ridícula. Na minha cabeça, tudo o que foi dito não faz sentido. Mas é a minha opinião. Vejo o Ronaldo assim: uma pessoa muito forte, física e mentalmente. Uma das armas dele é ser muito forte psicologicamente. Consegue sempre atingir o que quer.
Estas situações acabam por afetar mais devido ao impacto que tem no plano familiar?
N – É um dos nossos problemas, quando acontecem estas coisas, sabemos que é mentira e não nos afeta tanto. Mas perturba-nos mais em casa, com a família. Porque na cabeça deles fica sempre uma dúvida.
Como é possível gerir estas situações?
N – Nós, após tantos anos a viver este estilo de vida sabemos que já não somos pessoas normais. Por mais normal que sejas com os teus amigos e tentes mostrar a pessoa que eras antigamente todos sabemos que não é assim, temos de sempre de nos preocupar e resguardar. Não podes dar tudo pois há sempre alguém que se aproveita…Estás num grupo de amigos e se quiseres ser o ‘palhaço’ que é o que esses amigos gostam para poderem dizer que o gajo é simples e espetacular, mas há um sempre que vai atrás filmar. Quando te sentes feliz e satisfeito por poderes ser aquela pessoa está ali alguém com o objetivo de vender essa filmagem, ou só mesmo para mostrar e dizer ‘olha o que ele faz’. Há sempre alguém que tenta tirar vantagem dos momentos em que estamos a desfrutar com amigos. O que me faz mais confusão é que muitas vezes as pessoas não percebem que nós por vezes só queremos passear, ir ao shopping, estar tranquilo com a família e os amigos, como toda a gente gosta, sem estar preocupado que estejam a olhar para nós nos gestos mais simples como comer uma batata ou limpar a boca…As pessoas não percebem que sentimos essa necessidade e isso às vezes perturba muito. Esses momentos também são importantes para nós e depois, por vezes, classificam-nos de antipáticos ou arrogantes. *
Considera justa a Bola de Ouro a Modric?
N – Modric é um jogador fantástico. Na posição dele, é um dos melhores a desempenhar o seu papel. Mas, verdade seja dita, para ganhar uma bola de ouro e para estar à frente do Ronaldo, de Messis, Neymars e companhia… Não. O Ronaldo seria um justo vencedor.
Então para si o Modric nem estaria no top 3…
N – Para mim? Claro que não! Para mim os melhores jogadores do Mundo… sabemos de quem se trata. São aqueles que desequilibram no seu jogo individual e que fazem a diferença nos seus clubes. São aqueles que durante o ano se destacam muito mais do que todos os outros. E foi isso que aconteceu com Ronaldo. Que até estava na mesma equipa do que ele! Só agora se transferiu para a Juventus e, mesmo assim, continua a bater recordes. Tudo aquilo que o Modric alcançou no clube, o Ronaldo também o fez. E mais…!
Há poucos dias reabilitou o campo do Bairro de Santa Filomena. Que importância teve esse gesto para si?
N – Quando faço alguma coisa penso sempre que não é o suficiente, pois acho que posso fazer sempre mais dada a história que tenho naquele bairro onde cresci, as pessoas com quem convivi, por tudo o que passei, foram momentos muito felizes na minha infância. Gosto de fazer algo lá para recordar esses momentos, e há condições para dar às crianças e fazer com que as pessoas voltem ao bairro e se reencontrem. Este ano quis fazer algo de diferente e reabilitei o campo para se volte lá a jogar à bola, e lembrar que o bairro continua bem vivo pois é um sítio que jamais esquecerei ou desvalorizo.
Avisou que ia guardar os mortais para os momentos especiais. Já sonhou com algum?
N – o golo que estamos a precisar no último jogo do campeonato, no Dragão, no último minuto, aquele pontapé que a bola bate em três jogadores e entra.
Qual foi o golo que lhe deu mais prazer marcar?
N – Em termos de importância foi o da meia-final do Europeu, contra o País de Gales. Não é um golo bonito, mas foi importante. Mas este ao Qarabag… Não teve tanto impacto, pois o resultado foi 6-1. Se o jogo tivesse sido mais equilibrado, era uma obra de arte.
Estreou- se na Seleção Nacional há 10 anos. Sente que pode ser útil no próximo Europeu?
N – Acredito que sim. Tento manter o meu nível elevado e quero terminar esta época da melhor maneira. Quero estar muito forte. Estou a trabalhar diariamente para isto e estou focado em cada jogo que faço. Se as coisas correrem como espero, vou estar disponível. Fernando Santos não olha a caras ou idades e há sempre a possibilidade de regressar.
À partida, Portugal acabou por ser feliz no sorteio…
N – Há sempre lugar a surpresas neste tipo de competições, porque hoje em dia todas as seleções estão a evoluir do ponto de vista competitivo. Mas Portugal atingiu um nível que permite acreditar no apuramento. Temos de terminar no primeiro lugar.
Gostava de disputar a Liga das Nações?
N – Gostava de estar presente em qualquer jogo! Ser chamado à Seleção é sempre um orgulho, como sempre demonstrei em todos os jogos em que fui chamado. Mas a decisão caberá sempre ao selecionador. Quando surgir a oportunidade, estarei pronto para responder ao mais alto nível.
Deu- lhe mais prazer conquistar o Europeu ou a Champions?
N – O Europeu, sem dúvida. A Champions todo o Mundo vê mas nem toda a gente vai vibrar contigo porque ganhaste. Quando ganhas o Europeu tens o teu país inteiro, e mesmo os de fora, a dar-te os parabéns pela conquista. O Europeu foi o top dos tops.
Consegue recordar todas as emoções no momento do remate do Eder?
N – Foi muito estranho pois o Eder quando recebeu estava decidido a fazer aquilo, a meter a bola lá dentro. Quando ele dá o toque para rematar eu estava atrás, não sei se tiveram essa perceção, e disse-lhe ‘joga’ pois queria eu chutar a bola, estava mesmo preparado para rematar, não sei se saía um chouriço que ia para o alto. Aí vejo o Eder meter a bola lá dentro e senti um alívio, mas um alívio pois estava já tão cansado…Foi só celebrar e nem tive a noção para onde ia pois vi todos a irem numa direção e já estava muito longe para chegar lá, já nem conseguia correr. Foi espetacular, top mesmo. O mais engraçado é que dias antes no nosso hotel tínhamos o nosso espaço e fui dar uma volta com o Eder, a pé, para falar dos jogos e dos facto de estarmos a jogar ou não. A um dado momento disse ao Eder: ‘Toda a gente já teve a sua oportunidade, e os que a tiveram fizeram alguma coisa. Eu nem era para jogar e marquei, o outro fez isto, o outro aquilo. Só faltas tu! Vais entrar com calma e esperar pelo teu momento.’ Também digo isto porque ele estava a treinar muito bem, espetacular mesmo, fazia golos para caraças nos treinos…Tocava na bola e era golo. E isso aconteceu no último jogo… Espetáculo!
Curiosamente não chorou…
N – Quando senti a lágrima [faz o gesto de limpar o olho].
Foi um momento mágico …
N – O mais bonito foi termos tido uma folga antes e termos ido a um restaurante português. Só me diziam ‘Nani temos de ganhar, eles até já encomendaram o autocarro’. Depois, quando ganhámos, os portugueses tomaram conta daquilo tudo! Foi bonito. *
26 Dezembro, 2018 at 12:48
“Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões…”
Curiosa escolha de palavras…
26 Dezembro, 2018 at 12:51
Esta entrevista vai dar um post… Mas ficam aqui 2 ideias engraçadas:
– Wendel e Bruno Gaspar são dois dos principais jogadores do plantel.
– os jogadores rescindiram por dinheiro
De resto este gajo sim, é o Capitão.
26 Dezembro, 2018 at 12:57
Nunca tive duvidas que o fosse. E ainda bem que voltou, apesar dos assobios que estão sempre guardados para ele desde que se estreou
26 Dezembro, 2018 at 13:16
E já agora…
Quem terá tomado a decisão de escrever aquelas cartas todas?
Cabalas.
26 Dezembro, 2018 at 14:04
Força Nani…
Sempre acreditei em ti…!!
“Juntos”…ainda vamos ter muitas alegrias…!!
SL
26 Dezembro, 2018 at 14:19
Ganda Eder caralho!
Nani, espero ir ao estadio do ladrao de cabelo pintado de verde e nunca à procura de um milagre.
26 Dezembro, 2018 at 14:19
“Ok, os verdadeiros adeptos do Sporting vão ficar chateados, pois ninguém gosta de ver os melhores jogadores a tomarem uma atitude dessas. Agora, tudo isso já foi ultrapassado há muito tempo. Se eles são verdadeiros adeptos do Sporting, no início da época qual era o problema com a equipa? Diziam que não jogávamos nada. Era o ‘joguem à bola’, o ‘suem a camisola’? Agora estamos a fazer o quê? Agora qual é o problema? Os adeptos do Benfica e do FC Porto já nos andam sempre a ‘queimar’ e, por isso, temos de olhar e pensar o que é preciso fazer para ficarmos bem. Eles [os adeptos] agora têm de ver o que está bem, apoiar o que está bem e continuar assim, de forma a melhorar o que ainda está menos bem. Nesse aspeto, em relação ao Bruno, é esquecer. Ele está a ter um bom desempenho e vai melhorar cada vez mais. Ele é adepto do Sporting e quem é adepto do Sporting tem de apoiar os seus jogadores.”
27 Dezembro, 2018 at 2:09
“O Bruno é um jovem, o que aconteceu, se calhar, não foi decisão dele, foi a decisão de outras pessoas que estavam por trás. Houve o interesse de outras pessoas para que ele tomasse essa decisão, pois era vantajoso para elas. Se calhar, outras pessoas disseram-lhe para voltar atrás, e muito bem, para voltar a assinar pelo Sporting. (…) Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola”, confidenciou Nani, lembrando de seguida que ainda tentou convencer outros a regressarem.
“Tentei fazer a minha parte. Pediram-me ajuda com alguns jogadores… Não quero referir nomes, pois não é o mais importante neste momento. Agora, o futuro dirá o que vai acontecer Depois, as pessoas vão ver se tomaram as opções certas ou erradas”.
26 Dezembro, 2018 at 12:25
Boas malta.
Essas festas estão a ser boas? Espero que sim!
Eu também não tenho grande coisa para dizer, mas já que aqui aparece todo tipo de pessoas de todo o lado gostava que me confirmassem, ou não, o seguinte:
– na noite da derrota com o Vitória, quando a equipa se dirigia para o autocarro, um aglomerado de adeptos (do Sporting e curiosos do Vitória), juntou-se para ver passar os jogadores a passar. Não houve um que se tivesse disponibilizado para dar um autógrafo… Alguns adeptos mais exigentes ainda soltaram um “… Para a próxima corram mais, é preciso mais vontade…”
Quando Varandas passou, vinha a rir-se sonoramente e ainda ouviu um “não é para rir, é para ganhar…”
Os jogadores esses nem olharam para fora do autocarro, entre risos e brincadeiras lá foram embora a jogar nas suas PlayStation…
… Preocupadíssimos com a derrota…
26 Dezembro, 2018 at 14:35
Reparei que tinhm a cara limpinha, longe vão os tempos com o JJ que os jogadores apareciam com a cara toda suja e com a boca verde de comerem a relva em todos os jogos a lutar pela vitória. Menos quando iamos aos sintéticos, aí era mais dificil arrancar aquilo com os dentes.
26 Dezembro, 2018 at 13:01
Claro que de tanto mamarem na mangueira do velho alzhemico os 69 tiveram muito que engolir.
Nani fez um desenho para os mais acéfalos:
N – Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões… É aquela ilusão! Por causa disto, muitos dão tiros nos pés, pois esquecem-se que, para enriquecer no futebol, é preciso jogar à bola.
26 Dezembro, 2018 at 13:20
Depois de tomar conhecimento da entrevista de Nani, nunca mais olharei para o jogador e homem do mesmo modo… terá sempre a minha condescendência quando fizer um mau passe, falhar um golo cantado ou tiver um jogo menos conseguido! Terá sempre a minha admiração enquanto homem e sportinguista! Quanto aos restantes…o sentimento vai no sentido inverso…!! Quanto mais se vai sabendo sobre os meses “quentes” do Sporting, mais nojo e repulsa sinto por alguns jogadores e dirigentes…
RESPONDER
26 Dezembro, 2018 at 13:23
Oiiii é preciso vir o Nani para começar a abrir o livro, imagino a desilusão que deve sentir por partilhar braçadeira com um boneco como o BF , Ah e tal ouviu o Dlim dlim, mas agora isso nao importa porque está tudo bem. Então mas ele não tinha voltado a receber exactamente o mesmo e sem qualquer compensação?
Obrigado Nani por vires retirar da testa de muitos um pouco do gelado que lhes corre desde Junho. Mas não adianta muito, esta malta já está com o cérebro gelado.
Dlim dlim dlim o som que mais gostam de ouvir.
Ridiculo.
26 Dezembro, 2018 at 13:25
Convém não perturbar a tranquilidade vigente.
Caso contrário corremos o risco de ser apelidados de parvos ou doentes.
Agora está tudo bem. Não passa nada.
26 Dezembro, 2018 at 16:49
Convinha que não deturpasse as palavras do Nani. Nem é por causa do Bruno Fernandes, mas apenas para não colocar na boca do Nani qualquer comentário depreciativo do colega.
O que Nani disse sobre Bruno Fernandes foi claro: ” Ele (o BF) é adepto do Sporting (…). Eu vou ser mais direto! Não foi o Bruno que tomou esta decisão! Talvez um empresário, um familiar. Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair].”
Esta entrevista do Nani demonstra toda a sua enorme qualidade humana. E comprova também a força da sua inteligência emocional e cinestésica, que lhe permitem aso 32 anos, parecer estar a jogar o melhor futebol da sua carreira
27 Dezembro, 2018 at 12:16
Não lhe ponham palavras na boca…… “Fizeram-lhe a cabeça e ouviram os ‘dlim-dlims’ [faz o gesto de moedas a cair]. Disseram-lhe logo que era uma oportunidade e uma hipótese de encaixar uns 5 milhões…”
Oi fui eu que escrevi isto? ???
Ou eu não sei ler, ou está aqui bem explicito que o Bruno Fernandes Fez o que Fez influenciado por outro alguém e em troca de Dlim Dlim……. Queres o quê agora?vir esfregar-me a mim um geladinho na tola?
Vai lá discutir com os acéfalos que engolem as tuas opiniões .
26 Dezembro, 2018 at 14:05
Rui Patrício muito mal na foto…
Fulham 1 – Wolves 0
27 Dezembro, 2018 at 10:15
Oi bom dia…
Finalmente apanhei a porta aberta…
Ontem recebi um miminho…
Vou habitualmente a uma aldeia aqui do concelho ensaiar um grupo de senhoras para depois cantarmos na festa de Igreja no dia 26 de Dezembro..,
Ontem mais uma vez cumpri “a tradição “…
No final uma agradável surpresa que dispensava… mas que agradeci..,
Um saco…uma embalagem…
E dentro…uma garrafa de vinho do Porto… com o rótulo do Sporting (que não conhecia)… e um cachecol também do Sporting…
Não bebo…mas gostei da surpresa..,
SL