Num jogo de sentido único, definitivamente sentenciado pela expulsão de Afonso Freitas, o Sporting bateu o Vitória de Guimarães por 3-0 e teve finalmente uma noite para apaziguar a alma dorida

A entrada em jogo foi elucidativa, da vontade do Sporting de transformar esta recepção ao Vitória de Guimarães num ponto final nas duras derrotas que vinha acumulando. A eliminação da Taça de Portugal, frente ao modesto Varzim, a derrota em Arouca, o ser relegado para a Liga Europa, perdendo em casa com o Frankfurt quando até bastava um empate, tudo coisas capazes de abrirem feridas que os Leões procuraram lamber desde o apito inicial. Nota, também, para uns surpreendentes 27 mil espectadores em Alvalade (pelo menos para mim), que apesar de meio amorfos e mais espicaçados pela estupidez dos adeptos adversários do que outra coisa, não quiseram deixar de dizer presente.

Ora, na ausência do lesionado Nuno Santos, Amorim entregou a ala esquerda a Nazinho, rapaz que, confesso, pouco me entusiasma e que me faz sempre perguntar onde anda Fatawu. Reis regressou ao trio de centrais, com Coates e Inácio, Morita regressou ao meio campo, Arthur manteve a titularidade ao lado de Paulinho e de Pote, relegando Edwards para o banco. Entraram todos prontos a não deixar o Vitória jogar, com uma pressão alta que impedia os vimaranenses de usar aquele tricotado de que gostam, com a bola de pé para pé, e antes dos vinte minutos já o pessoal nas bancadas se contorcia na perspectiva de mais uma noite de desperdício.

Pote abriu as hostilidades, com uma recepção que parecia um bailado e uma tentativa de chapéu em modo disparatado. Morita viu o redes dizer não, Porro apareceu qual locomotiva, a cabecear, mas por cima. Pouco depois, Afonso Freitas, lateral adversário, viu Esgaio no banco de suplentes e inspirou-se no que ele havia feito ali mesmo, em Alvalade, contra o Marselha, repetindo a entrada de sola que já lhe tinha valido o primeiro amarelo e que lhe valeu o segundo. Rua, aos 26 minutos.

Amorim não perdeu tempo e lançou Edwards para o lugar de Nazinho, numa mexida que fez mexer toda a equipa. Arthur veio para a esquerda, assumindo-se como um falso ala que é mais extremo, com a missão de usar o pé contrário para ir para cima dos defesa. Edwards ocupou o lugar que deve sempre ocupar, à direita, e no meio de tudo isto Matheus Reis continuou a ser o melhor em campo, a defender e a atacar, sendo dele a belíssima ida à linha de onde sai o cruzamento para a cabeçada vitoriosa de Porro, assinando o 1-0. Cinco minutos após ser desfeito o nó, Edwards abriu caminho entre uma floresta de pernas, levantou a cabeça e meteu no poste contrário, onde apareceu o samurai Morita a fuzilar. YáStá!

A entrada para o segundo tempo mostrou vontade em fazer o terceiro, sempre com Porro como o dínamo dos ataques e com Edwards naqueles por vezes irritantes pezinhos de lã, receita que levou o inglês da direita para o meio até sentir que estava tudo pronto para disparar à baliza, ainda de fora da área, com a bola a bater na cabeça de Bamba (gostei deste puto, é seguir com atenção) e a retirar quaisquer hipóteses de defesa a Varela.

Com o jogo mais do que decidido, Amorim procedeu a várias substituições, sendo a mais relevante a que tirou Porro e colocou Trincão como ala/extremo de pé trocado, à semelhança do que acontecia com Arthur no outro lado. Com isso, o Sporting foi uma equipa menos cruzadora e mais procuradora de de combinações por dentro, atraindo Paulinho ou Pote à zona da tabelinha, na esperança de meter a bola na ala contrária, quase sempre para tentar cruzamentos rasteiros que não tiveram resposta. Paulinho ainda fez o quarto, bem anulado por fora de jogo, mas mesmo antes do 20 mostrar os dentes já os de Guimarães tinham caído. No final, descemos a bancada com alma apaziguada, e, nem que seja por uma noite e sem sabermos muito bem em quê, com a esperança renovada.

And now outside you see the waves in her eyes
And I, I won’t mind what you decide to swear by
And now outside, you see the waves in her eyes
And I, and I won’t mind what you decide to swear by