Golos de levantar o estádio, goleada desperdiçada, vitória inequívoca. Ainda a gerir das dores da derrota na Supertaça, o Sporting recebeu e venceu o Rio Ave na abertura do campeonato, iniciando da melhor forma a defesa do título

Ninguém esqueceu, e é coisa para demorar um bocadinho mais a esquecer. Talvez lá para a quarta jornada, se tudo correr bem, e pudermos colocar um penso mais eficaz na brecha que aquele raio de carambola, em Aveiro, nos deixou no corpo.

De lá para cá, apenas uma mudança, com DeBast a dar lugar a Diomande no meio do trio de centrais, onde Inácio está de pedra e cal e Eduardo Quaresma parece ter finalmente convencido Rúben Amorim (pelo menos até St Crystal regressar). No restante, em equipa que mostrou saber jogar não se mexeu, com os deuses do futebol a divertirem-se e a voltarem a dar-nos momento para sorrir aos seis minutos de jogo.

Desta vez não houve uma bola parada de laboratório, mas houve um passe brilhante de Quenda, de primeira, a isolar a primeira cavalgada de Gyokeres. O puto, que obrigará Amorim pensar muito quando Nuno Santos regressar, lançou o sueco a quem todos batem, agarram, empurram, numa média de uma falta assinalada por cada quatro cometidas, e o louro que nos conquistou o coração chegou-se ao redes e meteu para o lado, onde Pote só teve que empurrar lá para dentro.

Nesta vontade de pressionar alto, que o Rio Ave trouxe para a primeira meia hora de jogo, o Sporting esteve sempre muito mais à vontade, feliz por poder atrair os adversários e ir queimando linhas com variações e lançamentos para as costas de uma defesa vilacondense pouco ou nada preparada para ter que acompanhar os três ou quatro leões que se escapavam constantemente rumo à área.

Aos 26′, o redes Jhonatan acreditou ser melhor com os pés do que provavelmente é, e arriscou um passe para o lateral, quando a armada leonina estava a pressionar ali bem em cima da área. Correu mal. A bola foi direitinha aos pés de Pote, que se lembrou do golo que viu Balakov marcar a Michel Preud’homme no YouTube e tratou de aplicar uma chapelada de classe ao aflito guardião adversário. Que golo, primeiro candidato a golo da época 24/25.

Luís Freire chamou os mais velhos ao banco, e o Rio Ave deixou de pressionar alto, tornando o jogo mais chato para quem via, e obrigando a doses extra de paciência os jogadores do Sporting, ou a arrancadas furiosas do impaciente Gyokeres, que mesmo resolvendo ser ele contra o mundo ainda encontrava forma de quase marcar.

Depois do intervalo, pouco ou nada mudou, com o Rio Ave à procura de uma transição rápida (sem os Boatengs da vida vai ser complicado) e o Sporting a trocar, variar, procurar. Logo a abrir, Gyokeres fez a bola tirar as medidas à barra, Quaresma tentou a sua sorte num remate de fora da área (dá para ver o quão recuado o Rio Ave chegou a estar), e Gyokeres conseguiu finalmente o golo que lhe permitiu colocar a máscara pela primeira vez esta época. Estavam decorridos menos de 65 minutos, o remate até foi enrolado, mas o que conta é a bolinha no aconchego da rede. 3-0 que, há quem diga, se tornou num dos resultados mais perigosos do futebol.

Depois, veio a dança das substituições, com a curiosidade de Mateus Fernandes voltar a entrar para ocupar a posição de Pote, e com a certeza de que Edwards é um corpo estranho neste plantel, pelo menos enquanto não resolver os problemas psicológicos.

Trincão tentou de fora da área, depois isolou Gyokeres, com o redes adversário a impedir o golo em ambas as ocasiões, sendo mais tarde substituído pelo poste quando o puto Rodrigo Ribeiro rematou cruzado. Antes, na área contrária, Clayton teve momento de inspiração, aproveitou a ansiedade de Diomande, e reduziu para o Rio Ave, na única vez que os de branco e verde remataram à baliza em toda a partida.

Arranque do campeonato com uma vitória inequívoca, na ressaca de uma Supertaça que ninguém esqueceu, e é coisa para demorar um bocadinho mais a esquecer. Talvez lá para a quarta jornada, se tudo correr bem, e pudermos colocar um penso mais eficaz na brecha que aquele raio de carambola, em Aveiro, nos deixou no corpo. Vamos ver.