Godinho & Companhia vieram para o Sporting de Fé-mista. Uns terão vindo de boa-fé, outros para se encherem. Todos vieram armados até aos dentes e encheram-nos os pés de tiros. O Sporting, que não eles, ficou com os pés todos escavacados. Eles ficaram bem, como ficam bem sempre, todos os pistoleiros.que assaltam gente de bem, desarmada e de boa-fé.

A demolição a que se dedicaram sem alma nem coração atingiu todas as áreas do Clube e da SAD. Não me quero nem sei detalhar os trabalhos de demolição, apenas constato os resultados e os resultados mais evidentes são muito maus. Há ruínas que se não podem ver porque, dos edifícios erguidos com a dedicação de gerações apenas restam fundações enegrecidas e enterradas. Doutros edifícios, fachadas periclitantes estão agora apoiadas e escoradas e a reconstrução começou. A formação de jogadores é um deles. As intervenções têm sido profundas e o edifício quase renascido das cinzas, feito Fénix titubeante.  Agora há que atacar os aspectos estéticos e cuidar de pormenores cuja utilidade marginal é alta. No Sporting de hoje não pode haver lugar a desperdícios e daquilo que, nos últimos anos, se nos esvaiu entre os dedos há que aproveitar no futuro todas as potenciais mais valias por isso, Brumas, Iloris, Diers e Bubakus Djalós não nos podem voltar a acontecer. Há uma artéria aberta da qual se nos está a escoar precioso sangue e vida.

O Leão lambeu as feridas e agora tem de caçar e tem de alimentar-se para regressar às forças perdidas, tornar-se matreiro e não se deixar, de nada, fazer presa. Benfica e Porto, sendo incapazes de criar riqueza, roubam-na sempre que podem. Para isso servem-se de todas as ferramentas disponíveis na panóplia do ladrão. Sem honra, corrompem; sem valores retalham; viciados na preguiça, tornam-se fazem-se parasitas das forças alheias. Empresários subordinam-se-lhes na mira do lucro fácil e imediato, árbitros assumem como sua a ambição dos patrões que manobram na sombra, conselhos de disciplina agem de acordo com os ditames que lhes são impostos, traidores alinham ao seu serviço e assignam-lhes vantagens de todas as naturezas, desde datas de jogos, a inscrições de jogadores fora de prazo até à partilha de direitos televisivos no quadro da centralização da decisão que à sua distribuição presida, favorecendo-os nos critérios, assegurando a exacta transmissão aos votantes do sentido da voz do dono.

Urge que o Sporting estabeleça um modo de tornar estanques e impregnáveis, blindando contra eventuais intervenções externas os frutos da sua formação. Insisto na minha, o agente de alunos da nossa academia terá de ser uma organização do próprio Sporting. O curriculum da formação tem de ser enriquecido com matérias que desenvolvam a mente. O “Curso de Futebolista” da Academia do Sporting tem de obter o reconhecimento de se tratar de uma verdadeira “Licenciatura” em futebol. Os contratos com os formandos têm de ser passíveis de aplicação após os 18 anos. Os direitos económicos e desportivos dos jogadores provenientes da academia terão de estar na total e exclusiva disponibilidade do Sporting Clube de Portugal, até, no mínimo, aos 23 anos. Os jogadores poderão escolher o seu próprio agente quando saírem do Sporting. Não antes.

Até esse momento, uma “sociedade de mediação de jogadores” pertença do Clube deverá deter na íntegra os passes dos jogadores. Como se faz não sei mas, não queremos outro Bubaku Djaló no futuro.

 

ESCRITO POR Mário Túlio

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]