“Não concordo com o que estão a fazer ao presidente do meu clube”
Era assim, simples. Mas o Record preferiu “Presidentes devem ser avaliados pelo seu desempenho, postura, princípios e valências”, alterando a seu belo prazer as frases “Não concordo com o que estão a fazer ao presidente do meu clube. A avaliar quaisquer pessoas com estes cargos deverá ser pelo seu desempenho, postura, princípios e valências, digo eu!”

Um nojo, apenas mais um nojo.

Fica o texto escrito por João Benedito, na íntegra.

E o desporto, onde está?
São dias de grande turbulência não-desportiva aqueles que atravessamos. Não são só de agora. Constantemente somos invadidos por casos, arrufos e trocas de palavras de gente crescida que mais parece crianças. São comuns as alusões nos media a críticas, bate-boca, ‘diz que disse’ e ‘fez que não fez’.

Estamos, não tenho quaisquer dúvidas, perante um mercado paralelo que vive engordado por estes impropérios e quezílias. Em meu entender, isto só acontece devido à existência de um número elevado (mais do que a conta, convenhamos) de pessoas, e até empresas, que existem publicamente porque alimentam e se alimentam deste clima onde falham os valores. Isto é tudo menos desporto, pois os princípios não são os preconizados e transmitidos nesta área.

São estas ‘piranhas do sangue’ derramado que potenciam e semeiam estes ventos, por vezes de forma conspurcada e pouco ética, com o único intuito, dissimulado mas claro aos olhos dos mais preocupados, de presenciar e viver as tempestades e delas retirar contrapartidas financeiras ou mediatismo fácil. Cabe a quem representa os órgãos sociais de instituições desportivas, e também aos adeptos do desporto, lutar contra este adversário e não se deixar levar por estas manobras.

A minha questão é simples e direta: e o desporto, onde está? Vamos mas é falar da tática, da bola que entra, dos atletas, dos heróis, avaliar as pessoas pelos projetos a que se propuseram e celebrar pela conquista do clube de cada um. Nisto faço gosto! É correto, na minha forma de estar na vida, dizer bem ou mal dos jogadores pela boa jogada ou pelo golo e avaliar os dirigentes através do sucesso desportivo e qualidade/posicionamento de gestão ou social. Tudo o resto não me interessa. E incomoda-me!

Como é do conhecimento público, Bruno de Carvalho tem sido causticado pela imprensa! E já não é só a imprensa dita popular – na medida em que também os órgãos de comunicação social generalistas, desportivos e de referência lhe têm dedicado largo espaço.

É, na verdade, impressionante como a vida privada do presidente do Sporting Clube de Portugal tem sido dissecada no espaço mediático, espaço esse em que, cada vez mais, se confunde a atividade e a performance de Bruno de Carvalho ao serviço do clube com as incidências da sua vida privada e respetivas nuances pessoais.

Nestes últimos tempos tenho tido, por vezes, a sensação de que não é justa a forma como essa pressão tem sido desencadeada e mantida. Em rigor, não devemos considerar como admissível que o mandato público de líderes, seja qual fora área de ação, possa e deva ser reduzido à sua escala privada e ao seu universo mais íntimo. Creio que a aplicação prática desse princípio tolda a perspetiva pura e objetiva sobre o desempenho e resultados do exercício dos responsáveis com visibilidade pública. Não concordo com o que estão a fazer ao presidente do meu clube. A avaliar quaisquer pessoas com estes cargos deverá ser pelo seu desempenho, postura, princípios e valências, digo eu!

Na próxima semana joga-se, em Odivelas, a UEFA Futsal Cup – a Champions League do Futsal. Quero transmitir aos meus anteriores colegas de equipa aquele abraço unificador e carregado de boas energias que nos levou a tantos títulos. Durante muitos anos a preparação desta competição foi o meu mundo. Uma fase em que carregava a alegria de poder jogar e a vontade de satisfazer milhões de sportinguistas. Este foi sempre o objetivo maior da minha carreira desportiva, tornar o Sporting … “tão grande como os maiores da Europa”. Moveu-me, motivou-me e despertou em mim o desejo de conquistar o título europeu de clubes. Infelizmente, como jogador, não consegui ajudar a lá chegar. Ainda posso, como adepto e sócio. Quero muito que isso aconteça. Vamos, equipa, vamos para cima deles! Acabando pelo começo, é por este insucesso e pelos 23 títulos que ajudei a conquistar que espero ter os 22 anos de atleta analisados. Só assim faz sentido dar-se ouvidos.