Enquanto os jornais do costume teimam em inventar notícias sobre alegados convites a Leonardo Jardim, a Tasca do Cherba sabe que as verdadeiras pressões estão centradas no balneário adversário.

Jorge Jesus é, hoje, um treinador sem margem de manobra, arrastando consigo a presidência de LFV. O presidente encarnado é, cada vez mais, o único defensor do trabalho de Jesus, pautado por pouco sucesso desportivo para tantos milhões gastos. E são esses milhões que estão em causa no jogo de amanhã, com o treinador a saber que uma derrota será meio caminho andado para a contestação ao seu trabalho subir para níveis insuportáveis.

Mas não é apenas com a desconfiança da direcção e dos adeptos que Jorge Jesus tem que preocupar-se. Internamente, existe um profundo mal estar em relação à forma como o técnico gere a utilização de jogadores portugueses e ninguém se esquece do facto da equipa encarnada ter começado o último clássico, frente ao FCPorto, sem um único atleta nacional.

Num balneário dominado por jogadores estrangeiros, maior parte deles pagos a peso de ouro, Jesus tenta gerir egos maiores do que as prestações em campo e a Tasca pode avançar que, nesta última semana, a tensão subiu de tom.
Lima não gostou que Cardozo lhe tivesse tirado a oportunidade de apontar a grande penalidade oferecida por Bruno Paixão e os jogadores praticamente não se falam. Mais descontente, ainda, está Rodrigo, que depois de uma boa série de jogos e de golos decisivos, volta a ver-se relegado para terceira opção do ataque. Sobra o clã sérvio que, sempre que pode, envia recados, via empresário, manifestando o seu desconforto pela parca utilização.

Problemas, vários, para Jorge Jesus resolver, num Benfica gerido de uma forma que, cada vez mais, desagrada aos seus próprios adeptos e faz com que o clube da Luz parta para este dérbi jogando verdadeiramente sobre brasas.