Entre o muito que li e ouvi desde que terminou o jogo frente ao Paços, há algumas posições que me levaram a fazer a pergunta que dá título a este post: haverá Sporting para lá dos números? Frases como «em 15 jogos oficiais conseguimos ganhar 6, tá bom! Temos azar»; «no tempo do Godinho é que ficávamos em sétimo» ou «só ganhamos às equipas mais fracas», podem ser meros desabafos venenosos, mas também podem representar a forma de pensar de um elevado número de pessoas.

Efectivamente, o Sporting ainda só conquistou vitórias frente a equipas que estão no meio da tabela ou abaixo dessa linha: Arouca, Penafiel, Gil Vicente e Marítimo. Sofrida a primeira, com elevada nota artística as outras três. Perdeu e bem, em Guimarães, no único jogo em que nada fizemos para ganhar. Depois, empates: Académica, Benfica, Belenenses, FC Porto e Paços de Ferreira. Aceitando o 1-1 na visita à Luz, creio que em qualquer um dos restantes jogos o Sporting fez mais do que suficiente para ganhar. Teve um pecado capital: a finalização. Aliás, se este post fala de números, é bom não esquecermos a alarvidade de remates à baliza e de oportunidades de golo que a actual equipa do Sporting, jogando contra adversários fechados no seu meio-campo, consegue criar. Falha demasiado? É verdade. 

Fruto desse pouco acerto na finalização ou de más decisões da equipa de arbitragem (fcp, em casa, Maribor, fora, Schalke, fora, Paços, em casa), chegamos aos tais 15 jogos oficiais e apenas seis vitórias, com um inesperado e angustiante sétimo lugar na tabela classificativa (que até pode transformar-se em oitavo). Obviamente que ninguém pode estar satisfeito com isto e que é legítimo que os adeptos questionem os pormenores que lhe parecem estar na base dos oito pontos que, à décima jornada, nos separam do primeiro lugar.

E onde é que eu pretendo chegar com esta conversa? Precisamente à pergunta do título e a uma opção que cada um dos Sportinguistas, pode fazer: olha friamente para os números e atira “isto é uma merda e está tudo igual” ou consegue perceber que o trabalho que está a ser feito não se traduz nos números.
No fundo, e é curioso como volta não volta vimos dar a esta questão, este é um daqueles momentos em que se percebe se quem diz que o Dortmund devia ser modelo, que a paciência do ManU com Ferguson é o que nos faz falta, que a nossa aposta deve ser a formação e que isso requer paciência ou que jura a pés juntos que se fosse preciso o Sporting refundar-se lá estaria a gritar num campo pelado, o faz porque gosta do som que faz o eco ou o faz porque realmente acredita no que diz.

Eu, com uma azia que ameaça prolongar-se por mais uns dias, no que é que acredito? Que existe um Sporting para lá dos números. Que, ao contrário de um passado recente, existe um trabalho sério e que, mesmo com algumas limitações, existe uma equipa na qual vale a pena acreditar, mesmo que não conquistemos o tão desejado título. Ontem, o “tribunal” de Alvalade mostrou pensar exactamente da mesma forma, mas a verdade é que estamos a falar de menos 30 mil num universo de bem mais de três milhões de Sportinguistas. E será sempre a maioria a decidir se o universo leonino está disposto a dar tempo a que exista um Sporting para lá dos números.