Não há como esconder que estes dias não têm sido fáceis. Falhámos quando não podíamos falhar, não foi cumprida a promessa secreta se não perder mais pontos até ao final da primeira volta. A margem de erro era nula e o erro foi cometido. Escondermo-nos atrás de matemáticas improváveis e contas absurdas não vai recuperar a frustração que sentimos ao olhar para a classificação nesta altura. Nada apaga mais de noventa minutos de completa apatia e falta de motivação, que deixou a bancada em completo estado de nervos.

Há uns meses estaríamos a pedir uma equipa talhada para grandes jogos. Hoje já temos isso, mas cedemos constantemente pontos em casa com equipas que lutam para não descer. Por muitas teorias que os sportinguistas arranjem (algumas são bastante criativas) ninguém consegue compreender como é que passamos de um futebol apaixonante para um medíocre no espaço de dois ou três dias. E ninguém pode explicar porque ninguém sabe a resposta, nem mesmo o Marco Silva.

Ainda assim, para todos os promissores profetas da desgraça, nada está perdido e ainda temos muitas semanas para corrigir os erros que fomos cometendo e subir a grande velocidade na tabela classificativa. Para quem opta já por colocar rótulos no que podemos esperar desta época, esse é um caminho pelo qual não gosto de enveredar. Lutar pelo segundo lugar ou pelo terceiro, esperar ser candidato, etc. Neste momento as probabilidades de chegar ao segundo são tão simples como: dois empates do Porto e estamos lá. Por isso mesmo, fazer esquemas, assumir objectivos nesta altura parece-me tão produtivo como dizer que temos a obrigação de vencer a Liga Europa. O importante, a partir deste momento é jogar um jogo de cada vez. Passar quarta mais uma eliminatória, ganhar na Madeira, colocar os putos na mais alta roda e tentar vencer.

O pessimismo que abunda entre as hostes leoninas, peço desculpa, mas roça quase o mais primário lampionismo. Sabemos que o objectivo principal está quase perdido, mas teremos de ser os primeiros a assumir que a probabilidades nunca estiveram propriamente do nosso lado. Deixar de acreditar no projecto e apontar insistentemente dedos a um e outro jogador não resolve absolutamente nada. Se o individual não se destaca é porque o colectivo não o permite. Esse é o motivo pelo qual vimos autênticos flops nossos brilhar com outras cores, noutros países.

Este Sporting continua a ser o que não consegue pagar grandes ordenados, continua sem poder gastar mais de dois milhões num jogador. Continua a ser o que herda a pesada herança da desorganização e, acima de tudo, é um Sporting que tem de agir como pequeno nos negócios e como enorme em campo. Não pode ser tarefa fácil… Não podemos nunca esquecer-nos que, para chegar aqui, abdicamos de muita coisa. Do nosso orgulho, da nossa competitividade, de muitas pérolas da Academia, de muitos jogadores experientes e com alta rotação. Tudo o que perdemos, todas as facadas ingratas, todos os maus resultados, todas as desilusões e humilhações tiveram sempre um objectivo no horizonte: salvar o Sporting Clube de Portugal.

Tudo se fez graças a nós, adeptos e sócios. Somos os melhores a construir e os melhores a destruir, tudo no espaço de horas apenas. Para quem ainda não compreendeu, ou não tem um parzinho para o assumir, esperam-se novas cenas nos próximos meses que vão provar: a luta ainda vai a meio e está longe de estar terminada. Para quem quer lutar e apoiar o melhor clube do mundo, óptimo. Quem quer fazer críticas construtivas, óptimo. Quem quer apenas “botar abaixo”, sem argumentos nem destreza mental, este não é o vosso momento. Por favor, não usem o nome Sporting para tentar provar a vossa suposta superioridade intelectual. Vamos a Vizela avançar até ao Jamor e, como esperamos, levantar pelo menos um troféu no final desta temporada!

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa