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Segundo os dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (http://www.apct.pt), o jornal Record vende actualmente cerca de 44.000 jornais por dia. Menos de metade do que vendia quando começou a ser publicado diariamente (1996: 102.000 jornais/dia). Nos últimos 5 anos vendeu, em média, menos 5.000 jornais a cada ano. Se este ritmo se mantiver, em 4 anos estará a vender abaixo dos 20.000 jornais por dia, menos de metade daquilo que vende hoje; dentro de 8 anos (mais trocos) não venderá qualquer jornal (antes disso, imagino, fechará por ser considerado economicamente inviável, se é que não é já hoje considerado como tal…).

Devemos acrescentar o facto de que o Record custa apenas 0,90 EUR… Mas o Twitter custa 0,00 EUR! Um jornalista profissional com uma conta no Twitter consegue chegar a uma vasta audiência. A título de exemplo, o jornalista italiano Pippo Russo tem actualmente no Twitter mais de 8.000 seguidores; são, potencialmente, mais de 8.000 pessoas que ficarão a par quando Pippo decidir publicar mais um dos seus excelentes artigos, detalhando com coragem e rigor os meandros das negociatas do futebol. 8.000 pessoas informadas instantaneamente e por 0,00 euros.

Se preferirem um exemplo mais perto de casa, o Mestre de Cerimónias, autor do blog “O Artista do Dia”, para além de artigos de opinião de grande interesse e qualidade, assumidamente de carácter sportinguista, publica também algumas “peças” de enorme relevância para a generalidade do futebol nacional, como é o caso da análise minuciosa que faz da influência dos árbitros na classificação da Liga, a qual faz encaracolar o cabelo de vergonha a qualquer “liga real” da nossa praça. O “Artista” é seguido no Twitter por mais de 2.000 pessoas, cerca de 4,5% dos 44.000 exemplares diários do Record. Apenas 1 pessoa, por 0,00 EUR faz chegar informação de qualidade, sem grande esforço, ao equivalente a 4,5% da audiência do Record. Considerando todos os outros utilizadores e respectivos seguidores, no Twitter e noutras redes sociais, se isto não faz os profissionais que, por enquanto, lá trabalham pensar muito bem no que andam a fazer então não sei o que fará…

Fica, pois, o meu conselho (que, tal como o Twitter, é de borla): caros jornalistas do Record, pensem bem nos servicinhos que aceitam fazer aos agentes e demais comissionistas que infectam o desporto que todos nós amamos. Pensem que, por cada servicinho que aceitarem fazer, por cada vez que dessa forma faltarem ao respeito ao vosso público (o que ainda vos resta), no dia a seguir vão vender menos uns quantos jornais.
Pensem bem! Porque quem vai ficar a falar sozinho serão vocês, literalmente, daqui a uns (poucos) anos.

 

ESCRITO POR Leão de Trafalgar

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]