É um dado público de que o Sporting, nos seus tempos áureos de Godinhos e seus compinchas, comprava mais do que podia, mais do que precisava e oferecia muito mais do que o razoável. E, consequência deste reboliço de ofertas e deste esbanjar de dinheiro, foram jogadores jovens, promissores e com talento reconhecido, que acabaram por estagnar nos seus chorudos ordenados e desorganização geral no clube.

Labyad, Viola e Diego Rubio, por exemplo, são alguns dos casos mais flagrantes de negócios que até se conseguiram a um preço baixo para o clube, mas que foram compensados com percentagens repartidas, salários de milionário e comissões que trouxeram prejuízo ao clube. Ainda assim, a mais valia desportiva, julgo eu, não poderá ser colocada em causa. Labyad e Viola, ainda com contrato em vigor com o Sporting, podem não ser craques à dimensão de um Carrillo ou de um Bryan Ruiz, podem não ter a classe do Montero ou o poder de fogo do Slimani, mas são sem dúvida excelentes opções de banco para um clube de linha média europeia, como é o caso do Sporting.

Sei que recebem muito, que são mal comportados, que não gostam de treinar e que até que foram dispensados pelo mister Jorge Jesus. Mas, ninguém no seu perfeito juízo, pode acreditar que um treinador prefira ter de integrar um jogador com seis meses de equipa B, caso de Matheus (que não deixa de não ser um craque), a ter no banco um titular no campeonato holandês, fortemente aclamado pela crítica como um dos melhores da passada temporada.

As questões de gosto pessoal aqui não se colocam. Coloca-se sim a pergunta de porque é que num clube como o Sporting, com os problemas financeiros que se conhecem, se opta por investir no mercado quando, dentro de portas existem duas ou três opções capazes de dar mais opções de qualidade ao plantel. É que o ordenado destes jogadores continua a cair no fim do mês, não se conhecem situações em que tenham dado mau ambiente ao balneário nem estão a enfrentar um processo disciplinar. Não são integrados porque são pagos a peso de ouro. Essa é a única explicação que passa para todos os sportinguistas. Se existe outra, então seria excelente poder ter conhecimento da mesma. E, neste caso, junto nomes como Wilson Eduardo, um avançado mal aproveitado que podia muito bem acumular minutos, Iuri Medeiros, a quem todos adivinhávamos a presença no plantel principal mas que acabou por ser emprestado de novo e, até, Diego Rubio, que facturou dezenas de golos na segunda metade da época e acabou por desaparecer das opções.

Acredito que quem guia os destinos do clube saiba melhor que eu quais os contornos de cada um dos processos, e que toma as decisões em consciência, acreditando naquilo que é melhor para o clube a longo prazo. Mas não deixa de me fazer alguma confusão esta gestão dos excedentários de luxo. Porque são de luxo e deviam estar a ser valorizados (nem que seja depois para vender por uns fracos milhões) porque desportivamente não prejudicam a qualidade do plantel e porque, num percurso tão longo como o nosso, tínhamos mais capacidade de atacar as várias frentes com atletas integrados, que aumentassem o número de jogadores e a competitividade do plantel.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa