A rivalidade entre Benfica e Sporting é tão antiga como os próprios clubes. As diferenças entre ambos também. Não vou cair no pretensiosismo de achar que somos melhores, embora para mim isso faça plenamente sentido, mas somos em tudo e até no nada…diferentes. Dou de barato que um adepto rival pense o mesmo e isso deverá ser sempre assim. Mesmo que muitos o ignorem, sem este derbie, o país desportivo seria mais cinzento…Lisboa e onde quer que exista um vermelho e um verde ficariam menos vivos. A história do nosso futebol escreve-se ao ritmo destes jogos e embora o Porto tenha trazido umas pinceladas geográficas à coisa, não há nada mais empolgante que um “Old Firm” à antiga portuguesa.

Esteja a tabela classificativa como estiver, a ordem de lugares, os cofres ou as estrelas…nada interessa tanto como o embate daquelas camisolas, das duas culturas, dos dois públicos. Nada é dado com perdido, tudo vale para poder ganhar. Meio a zero é a glória suprema, uma derrota pesada é o holocausto perfeito. Nada fica na mesma no final do jogo. Nem o público. Nem os treinadores. Muito menos os jogadores. Constroem-se lendas apenas nos derbies…que duram uma época inteira. Destroem-se créditos e fama numa má exibição. O “ódio” atravessa as cadeiras…e despeja-se no relvado. Os jogadores sentem. Seja chinês, pernambucano ou saudita. Sentem que este é um jogo diferente.

Após dois confrontos entre as duas equipas, teme-se o “aburguesamento” de um lado e a euforia do outro. O Benfica precisa de ganhar…é uma necessidade, de sobrevivência para Rui Vitória, de oxigénio para a estrutura. O Sporting precisa menos, mas pode desejá-lo mais, pode estar mais confortável depois de duas vitórias. Até porque desta vez é em sua casa e…isso conta. Tal como conta a desconfiança dos adeptos encarnados na sua própria equipa face ao “cérebro”. A criatura sem o criador ficou manca, Jesus sabe onde manca mais e faz gozo de o dar a entender. No final da noite de Sábado poderá tê-la destruído. É que não parece que a “estrutura” seja sólida para aguentar 3 derrocadas em derbies. Para o coitado do Rui Vitória seguir-se-á uma viagem ao cu de Judas e um regresso com vista directa para o canudo de Braga. Perder de vista os 3 pontos é o mesmo que “não chegar ao Natal”.

Estou confiante. Não sou tonto, sei que nada está garantido. Mas penso que existem diferenças na qualidade das duas equipas. Existe diferença na moral com que entrarão no relvado. Diferença no que ambas estão habituadas a conseguir dos seus jogos. O Sporting de JJ não é o Benfica do ano passado. O treinador do Sporting é inteligente e sabe que nada poderá ser transponível de um clube para o outro…só a estrutura é que ainda não entendeu isso e persiste em reanimar o fantasma do bicampeão, como se esse fosse o Sporting. Sem o saber pratica Vodu nela própria. E já dizia o outro “…and the winter is coming.”

Veremos como corre o jogo. Se repete. Se traz novidades. Se vai nascer algum novo herói ou vilão. De uma coisa eu tenho a certeza: no final continuarei a ser sportinguista, ganhe ou perca, Leão.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca