Porque não deverão, afinal, os sportinguistas andar orgulhosos e confiantes? Porque não deverão eles estar satisfeitos, empolgados, seguindo o trabalho da equipa atentamente e enchendo cada vez mais estádios? Porque não podem, os adeptos leoninos, cantar um pouco de galo quando, depois de muito tempo, se encontram finalmente em posição privilegiada perante os seus dois rivais? O Sporting não é, afinal, o porquinho em cima de uma árvore, que ninguém sabe como foi lá parar, mas que eventualmente vai cair? Porque se dão tanto ao trabalho de criticar a alegria e confiança de alguém que, à partida, sabem que vai aterrar com toda a força no chão? Devem os adeptos de certos clubes ser privados de momentos de euforia, pois podem arrepender-se mais tarde, enquanto outros davam o campeonato como ganho antes de começar ou outros que achavam que mandar o treinador bicampeão embora seria a mesma coisa?

Estamos em posição de ter confiança, alegria, vontade de ver a nossa equipa jogar e estar mais perto dos nosso objectivos. O que não deve, em circunstância alguma, ser confundido com arrogância. O Sporting não vai vencer todas as competições em que está inserido. O Sporting não vai golear rivais todos os jogos, não vai vencer todos os jogos, nem vai ter um percurso simples e fácil. Percebermos isso, não significa que deixemos de exultar com as vitórias que já aconteceram nem que não nos alegremos com os bons resultados.

Dizem os nossos rivais, naquele tom paternalista com que suspiravam “um Sporting forte faz falta ao futebol português”, que é bom que o Jesus vença o campeonato, depois de tudo isto. Que é bom que ganhe em casa, para a Taça. Que é bom que agora se aplique na Liga Europa.
Anunciam-no com um desejo escondido de desgraça anunciada, como quem não sabe bem distinguir se está a dar um conselho ao seu amigo sportinguista ou se estão a explicar-lhe que tudo o que pode correr bem, vai correr mal.

Eles querem a nossa queda, nós queremos a queda deles. Porque sem eles o Sporting era uma espécie de Celtic, abandonado aos títulos e refugiado nos confrontos para a Taça com o seu eterno rival, sem ninguém que lhe faça frente, sem qualquer entusiasmo no seu campeonato. O facto de não termos o melhor plantel, do presidente ser sempre o alvo de preferência, de termos um treinador com tiques de vedeta, tudo isso aumenta a nossa obrigação de nos controlarmos em momentos de felicidade. Caso contrário, dizem eles, será o fim do mundo. O que eles não sabem, mas nós não esquecemos, é que o Sporting já assistiu a muitos “fins do mundo”. Já sofreu as humilhações e as desgraças anunciadas todas. E, os seus adeptos, são o mesmo que passaram por este deserto sempre com confiança desmedida, sempre com uma amor inexplicável. Se perdermos o campeonato, será triste, ficaremos todos desiludidos, mas isso não é nada comparado com as provas de fogo que este clube e estes adeptos já tiveram de superar.

No Sábado, no fundo, espero apenas isto. A confiança de quem está na frente e tem vindo a vencer os jogos importantes internamente, a alegria de quem não tem nada a perder mas muito a ganhar, e que deixemos de lado a arrogância de acharmos que tudo está ganho. Agora, existe algo que não podemos negar. O Sporting joga melhor, tem um melhor treinador, tem uma linha de jogo mais inteligente, tem jogadores competentes em todas as posições, joga em casa e perante os seus incansáveis adeptos. Temos de assumir o favoritismo sem qualquer preconceito, por muito que possamos falhar o objectivo. Temos dizer claramente que somos melhores, já o provámos por duas vezes e estamos prontos para a terceira. Isto não tem nada de bazófia, nem de arrogância, mas tem muito de verdade.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa