Muitos responderiam a esta pergunta pedindo o último Orçamento e Contas disponível. Outros iriam directos à contabilidade do número de sócios. Alguns preocupar-se-iam em verificar em que lugar da tabela classificativa se encontra o emblema. Muito poucos fariam a pergunta, para mim, mais essencial: quantas crianças vão ver os jogos deste clube.
O presente do Sporting navega entre a sobrevivência como candidato crónico a vitórias e o equilíbrio financeiro de uma operação com demasiadas tentativas falhadas, demasiados “planos” e “projectos” que beneficiaram mais terceiros que o clube em si. Todos estes “cunning plans” embebidos de génio e calculadoras falham terrivelmente a razão é apenas uma – as vitórias e o sucesso, a glória, conquistam-se no terreno de jogo e não nas almoçaradas com patrocinadores ou financiadores. Esses são triunfos que não chegam às fantasias de quem pergunta “o Sporting ainda vai ser campeão?” quando a 3 jornadas do fim existem 10 pontos de distância.
O futuro do Sporting conquista-se no presente. Em duas vias.
1- Disputando títulos (o que é tão importante como vencê-los…sim já sei…)
A festa dura 2 ou 3 dias. A vibração e expectativa de disputar um título dura uma época. A motivação dos adeptos quando reúnem as condições para disputar um troféu gera energias que chegam aos futuros sócios do clube de uma forma pura e constante. A celebração é importante, é um marco que fica, mas se entendermos o fenómeno das épocas desportivas como campanhas publicitárias… a disputa consegue tanta “taxa de retorno e adesão” como a conquista do título.
2- Aproximando os adeptos do clube
Qualquer pessoa se pode fazer sócio, mas muitas menos conseguirão que outros façam o mesmo. O futuro de Sporting passa muito pela capacidade de expandir a sua marca e por mais que ache bom que o faça fora do espaço nacional, é cá dentro que continuaram a surgir a esmagadora maioria de activos contabilizáveis na hora de vender o produto do clube. A expansão do clube e da marca Sporting não é a mesma coisa. Esse é o erro em vigor. O crescimento clube expande-se pelo número de crianças que crescerá idolatrando o Leão Rampante. A marca crescerá com sucessivos bons contratos com parceiros, operadoras, jogadores, treinadores, agências de comunicação.
Se no primeiro parâmetro penso que a direcção de BdC está a conseguir atingir as metas mais ambiciosas e até surpreender nos resultados, na segunda vertente existe muito trabalho a ser feito. Principalmente por se confundir clube e marca, o Sporting está a ficar demasiado dependente da vertente genealógica e da estrondosa e mediática acção de BdC e a apostar tudo nas escolas de formação e Pavilhão. Não está errado, até está extraordinariamente acertado…mas não chega.
O Sporting tem (porque quer e precisa) de ser o primeiro clube a chegar ao coração dos “adeptos por ser”. O Jubas tem de ser a primeira mascote a entrar no quarto de uma criança. A verde às listas tem de ser a primeira camisola desportiva a entrar no guarda-roupa. O Estádio de Alvalade tem de ser o estádio de baptismo para todos. O grito pelo Sporting tem de ser das primeiras palavras de ordem apreendidas, mesmo quando não há domínio da linguagem. O verde não é uma cor, é “a” cor. O leão não é um animal, é o rei dos animais.
O nosso clube pode e deve ajudar os pais, avós, tios, primos ou amigos a “angariar” os novos adeptos. Aproximar é ouvir, é estar junto dos adeptos, é compreendê-los. Fechados nas SADs, túneis, restaurantes e escritórios de advogados…os dirigentes continuam a ser adeptos, mas deixam de os escutar. E ouvir os adeptos não é ouvir as claques…essas têm canais directos (às vezes demais) para chegar às direcções. Os adeptos são muito mais que as claques, são famílias que crescem e se espalham, que emigram e perdem empregos, são pessoas que se dividem por empregos, escolas e creches. Compreender os adeptos é entender as pessoas e as suas necessidades. Os horários dos jogos, a presença em escolas e creches, o preço dos bilhetes, os descontos para os mais velhos e mais novos, as mensalidades e categorias de sócio, a ligação aos núcleos, a comunicação nos media externos, a comunicação nos media internos…o merchandising desportivo e não só. Em tudo isto há uma montanha de coisas por mudar e melhorar.
Não podemos fazer tudo de uma vez, especialmente as que dependem de verbas e do acordo de terceiros. Mas há muita coisa que depende primeiro da preocupação dos dirigentes e é a essa que me dirijo. Nem todas as batalhas serão vencidas nas capas dos jornais, nem todos os sucessos serão medidos em aplausos e cânticos. O maior sucesso de um clube qualquer é garantir o seu presente pensando no futuro e muitas das lutas (eternamente adiadas) do Sporting escondem-se por detrás de gestos aparentemente minúsculos.
*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca
10 Dezembro, 2015 at 8:48
Em relação ao post propriamente dito, que haja alguém q o esfregue nas trombas de quem tem tido a infeliz ideia de cobrar bilhetes a crianças dos 3 aos 6 anos!
10 Dezembro, 2015 at 9:17
As crianças dos 3 aos 6 (até acho que é 7) não pagam bilhete !
O que passou a acontecer é teres de levantar o bilhete para a criança o que pode ter os seus problemas logísticos. Aí concordo mas se for por medidas de segurança só temos de aceitar !
10 Dezembro, 2015 at 10:01
Se achas que é assim como escreves, vai ao site oficial e consulta a tabela de preços para o jogo de hoje. Abraço.
10 Dezembro, 2015 at 10:03
Medidas de segurança para bancadas com lugares disponíveis e com o colo dos pais igualmente disponível!?! Argumentação duvidosa.
Gostava de ser esclarecido oficialmente.
10 Dezembro, 2015 at 10:25
http://www.sporting.pt/pt/comprar-bilhetes?EventId=58
“Regras de acesso ao Estádio José Alvalade
– Proibida a entrada a menores de 3 anos
– Maiores de 3 anos (inclusive) necessitam de comprar bilhete”
Ai e tal os outros também fazem isso!
Quero lá saber dos outros! Se os outros decidirem que quem compra bilhete tem que dar 3 cabeçadas na parede…. também vão dizer “ai e tal os outros também fazem”.
10 Dezembro, 2015 at 11:22
Tal e qual.
10 Dezembro, 2015 at 16:37
Só agora tive oportunidade de ler este post! Brilhante e, de facto, muito importante!!
O sportinguismo necessita de ser transmitido. Essa transmissão é efetuada, na maioria das vezes, por sangue. Mas cada vez mais é necessário incutir esse sportinguismo com a primeira ida ao estádio (futuramente também com a primeira ida ao pavilhão), com a primeira camisola, o primeiro leão, o primeiro cartão de sócio, a primeira fotografia de leão rampante, o primeiro cachecol, etc.
Só com preços competitivos será possível encher todos as casas, carros e quartos de Sporting. Só com preços competitivos poderemos ter imensas primeiras idas ao estádio e ao pavilhão.
E não nos devemos dirigir, apenas e só, às crianças. Devemos também procurar aqueles sportinguistas que, por viverem longe ou outro motivo qualquer, encontram-se mais desligados do clube. É preciso que essas pessoas, mesmo longe, sintam a verde e branca e que demonstrem o sentimento no dia-a-dia.
Penso que toda esta “guerrilha de marketing” passará não só pelas parcerias, mas também por uma reformulação profunda da loja verde (penso que passará a estar integrada no pavilhão);
Pelo aumento do stock de produtos, nomeadamente, camisolas e outras peças de vestuário, o que fará também com que o preço diminua e torne mais fácil qualquer sportinguista ter o seu “kit”;
O regresso de uma loja verde itinerante que acompanhe as deslocações do clube pelo continente e ilhas;
Descontos direcionados aos sportinguistas residentes no estrangeiro ou, por exemplo, a oferta de 2 bilhetes por época 1 para o futebol e 1 para uma modalidade de pavilhão (mediante reserva);
Promoção de GB + camisola de época;
Disponibilizar na loja verde as camisolas das modalidades (se somos de um clube eclético não faz sentido só vendermos as camisolas de futebol na loja verde);
Uniformização das núcleos sportinguistas espalhados pelo país e pelo mundo, permitindo a encomenda de merchandising, a venda directa de bilhetes, promovendo encontros regulares com a presença de figuras do clube;
Promover o clube junto dos estudantes de Erasmus em Lisboa. O clube poderá desta forma não conquistar um novo sócio mas conquistar um novo sportinguista que faça com a verde e branca se espalhe e seja reconhecida em todos os cantos do mundo.