Schelotto, Bruno César e Zeegelaar.  «Penso que não vai entrar mais ninguém. Mas isto no futebol, tudo muda de um dia para o outro. Por exemplo, se houver uma lesão… De qualquer forma, estamos muito satisfeitos com aquilo que temos.» As palavras são de Jorge Jesus, retiradas de uma entrevista à TVi que será transmitida por estes dias e a elas devemos juntar a recente afirmação de Bruno de Carvalho: «em Janeiro não sai nenhum jogador que consideremos essencial». Assim sendo, olhemos para o que podem valer os reforços e que a sua chegada por significar.

Schelotto e Zeegelaar são jogadores que apontam a duas posições: defesa lateral ou extremo. E, em comum, têm também um pormenor: acrescentam dez centímetros de altura a cada uma das nossas laterais defensivas, algo que, tendo em conta a importância que as bolas paradas costumam ter nas equipas de Jorge Jesus, não pode ser visto como mera coincidência. Mas analisemos individualmente.
Do lado direito, Schellotto procura, aos 26 anos, recuperar a aura que o levou à selecção italiana e que fez com que o Inter o fosse buscar à Atalanta. Dono de remate fácil com ambos os pés, ganhou a alcunha de Galgo pela velocidade e passada larga que o caracterizam e traz consigo a experiência de cerca de 150 jogos na série A. Será Jesus capaz de inverter a curva descendente da sua carreira? E será Schellotto capaz de justificar, em seis meses, o prolongamento do contrato por mais três anos?
Do lado contrário, Zeegelaar, jogador com escola e que, já esta época, foi um verdadeiro pesadelo para Esgaio na nossa visita a Vila do Conde. Desse jogo, fica a imagem de um verdadeiro cavalo de corrida, capaz de galgar o seu corredor de forma incisiva e sem receio de partir para cima dos adversários. Ganha bem a linha e aposta, preferencialmente, nos cruzamentos rasteiros, sabendo, ainda, aparecer em zonas de finalização. Como já se percebeu, estamos a falar de um jogador que tem sido aposta como extremo, mas cuja formação é como lateral desse mesmo lado. Esse será o grande desafio de Jesus: dar ao holandês a consistência defensiva sem abdicar das suas potencialidades atacantes.

E o que significam estas duas entradas? Assim, de repente, tudo aponta para que Jonathan tenha bilhete de volta para a Argentina, deixando a lateral entregue a Jefferson e Zeeg. Opção questionável, até porque o brasileiro divide opiniões e parece um jogador cada vez mais desequilibrado entre os erros defensivos e as assistências que faz todos os jogos. Além disso, grande percentagem de adeptos leoninos reconhece enorme potencial e margem de progressão a Jonathan, mas… nós somos apenas adeptos, certo?
Do lado contrário, vida complicada para Esgaio. João Pereira é aposta pessoal de Jorge Jesus e a chegada de Schellotto deixa o nazareno com menos espaço. Claro que Schellotto pode ser aposta como extremo (o próprio Esgaio pode fazer essa posição), mas tudo aponta para que o jogador formado em Alvalade passe a segunda metade da época noutro clube. A confirmar-se, que saibamos escolher o clube a que o emprestamos (Moreirense ou Vitória de Setúbal parecem-me boas apostas) e, caso Schellotto justifique mais três anos de contrato, que tenhamos a decência de deixar Esgaio seguir a sua vida sem a eterna esperança de se afirmar de Leão ao peito.

Entretanto, também na entrevista que será emitida, Jesus recupera o tema Carrillo. «O Sporting perdeu as duas referências que tinha na época passada: Nani e Carrillo. O Carrillo ainda pode ser uma possibilidade, mas quem está com o dossier e pode mediar a situação é o presidente. Aquilo que eu gostava? Toda a gente sabe o valor do Carrillo… Mas quem vai resolver é o presidente e ele sabe perfeitamente o que é que a equipa e o clube precisam. Portanto, tudo o que ele fizer está bem feito.» Ora, isto abre uma clara possibilidade de Schellotto e Zeegelaar serem apostas como extremos e de, por exemplo, Esgaio se manter no plantel. E, muito sinceramente, seria fantástico se existisse a possibilidade de voltar a contar com Carrillo. Por muito que João Mário se esteja a transformar num falso ala de excelência, por muito que Matheus transpire classe e Gelson seja uma promessa cada vez mais firme, Carrillo seria um reforço bombástico para a segunda metade da época (mesmo que com acordo para sair no final da mesma para um clube estrangeiro).

Falta Bruno César, a contratação que ainda hoje me deixa espantado. Mas, passado algum tempo sobre o anúncio da chegada do brasileiro, consigo perceber que nos traz capacidade de remate de meia distância, capacidade de gerir os ritmos de jogo e mais experiência. Podendo jogar descaído para uma ala (esquerda) ou claramente no miolo, o médio é um jogador de inteira confiança de Jorge Jesus e, à partida, a sua chegada poderá implicar a saída de André Martins que, até o momento, não renovou contrato.

Estes são o três nomes que chegam para dar a Jorge Jesus as opções que permitirão gerir a equipa de forma diferente entre campeonato, Liga Europa e Taça da Liga (Ruiz vai agradecer alguns minutos de descanso, bem como a possibilidade de poder jogar mais vezes no meio). Confesso que não me agrada a ideia de ver sair jogadores formados em Alvalade ou de perder um pouco do sotaque português que continua a imperar no onze principal, mas sou capaz de perceber a importância de ser campeão. E que, conseguindo sê-lo, será muito mais fácil continuar a integrar jovens talentos oriundos da Academia. Já agora e porque me parece fundamental ter outro avançado com a presença física de Slimani, gostava muito que a capa da Bola de hoje fosse verdade, mas que Suk não estivesse só de prevenção. O coreano já deu várias provas do que vale e, por muito que goste dele enquanto pessoa e lhe reconheça algum talento, Tanaka não me parece um jogador capaz de nos oferecer mais do que já mostrou poder oferecer. Além de nos continuar a dar visibilidade no oriente, esta seria uma troca que, pelo menos para mim, faria todo o sentido e que nos deixaria claramente mais fortes nesta luta que durará até maio.