Uma semana complicada, marcada pela eliminação precoce da Taça de Portugal e pela primeira derrota no campeonato, o que nos impediu de chegar líderes ao Natal, só poderia piorar com o anúncio da decisão no caso Doyen, favorável ao fundo de investimento que minou a transferência de Rojo para o Manchester United e que assinou contratos claramente prejudiciais para o Sporting Clube de Portugal.

Importa discutir as derrotas, com a devida percepção do que fizemos mal e daquilo que nos impediu de vencer. Importa perceber que possibilidades temos para continuar a bater-nos com os fundos de investimento e de que forma podemos dar a nossa contribuição para a melhoria do mundo do futebol, percebendo que nem sempre vamos ganhar, que nem sempre vamos ter uma decisão que nos pareça justa, mas que a causa vale muito mais do que o orgulho pessoal ou do clube.

O caso Rojo foi uma das bandeiras de Bruno de Carvalho e da sua Direcção, que exposeram sem preconceitos alguns dos contratos ilegais e prejudiciais que estavam a ser assinados entre clubes e fundos, sempre com um benefício pornográfico para quem não potenciava qualquer atleta. O facto do tão apregoado “caso Doyen” não ter corrido da forma que todos desejaríamos, não implica que seja o fim de uma guerra que está a ser destapada um pouco por todo o mundo do futebol.
E, se juntarmos a tudo isto, um inédito segundo lugar desta temporada, temos mais que motivos para sentir alguma preocupação, incerteza e frustação, tudo porque a equipa não merecia a situação que encontrou na Madeira e em Braga.

São estas as alturas para olharmos para trás, e nem precisamos de ir muito longe, e percebermos que em quase todos os Natais deste século estávamos já arredados da luta pelo título há muito. Agora é um ponto, um mísero e injusto ponto, que pode ser já revertido no dia 2, quando o Porto visitar Alvalade. Por isso, e porque o nosso objectivo está intacto, e porque ainda vamos lutar na Liga Europa e na Taça da Liga, é que não podemos transformar esta paragem num drama muito maior do que aquilo que realmente é. Uma semana péssima não pode apagar muitas semanas de grande qualidade, de orgulho, de vitórias e até de um título.

Importa discutir que reforços chegam, se a lesão de Teo obriga a ir ao mercado, porque nos é tão difícil marcar a equipas fechadas, quais as mexidas de Jesus e o que podemos melhorar na formação e equipa B. Importa perceber o que trazem Marvin, Schelotto ou Bruno César, onde falhámos nos jogos que deveríamos ter trazido os três pontos e temos sempre de nos erguer contra a injustiça ou contra os resultados mentirosos. Importam as nossas modalidades, que títulos vão discutir, o que pode ser melhorado. Importa a nossa comunicação, que mensagem se passa aos sportinguistas, qual o contacto que é mantido com os sócios e quantos sócios novos ganhámos na campanha de Natal. Não interessa perdermo-nos em dramas que não o são, em assuntos que não merecem sequer o nome Sporting e em discussões com irmãos leões.

Todos juntos, em torno de uma equipa incrível, carregada de talento e de entrega, que nos tem enchido os fins-de-semana de alegria e que até tem despoluído a nossa timeline no Facebook. Que se discuta aquilo que parece importante à vida do Sporting, que se apoie quem nos colocou na rota dos títulos e que nos preparemos para uma das maiores batalhas da época: o dia em que calamos de uma vez um espanhol e os seus muchachos de ouro, para definitivamente termos a confiança que necessitamos rumo ao 19º título da nossa história.

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa