Por mais que deixasse o tempo passar para assimilar o que tinha visto o Sporting jogar, a conclusão a que chegava era sempre a mesma: a forma de estar na Liga Europa não tem sido e não voltou a ser a mesma que temos visto no campeonato e que vimos na Taça de Portugal. E a verdade é que, cada vez mais, se sente que o foco estava nessas duas competições e que as restantes viriam por acréscimo e seriam geridas como desse para gerir.

Ora, comecemos precisamente por aí. Quer-me parecer que se existia oportunidade de tentar abocanhar a eliminatória, essa oportunidade era ontem. O jogo com o Boavista é segunda-feira e a margem de recuperação, além de maior, é feita sem ter que realizar viagens. Nada disso aconteceu e a equipa acabou nem ser carne, nem ser peixe, muito menos Leão. Não me parece que tenha existido falta de empenho, não me parece que as camisolas tenham ficado por suar, mas parece-me, claramente, que o chip “o campeonato é que importa” condicionou e de que maneira quase todos os movimentos (não, não foi o frio da noite que nos tornou mais lentos, emperrados, quase sempre sem ideias ou com ideias parvas, como a que valeu a expulsão).

E se o Bayer mostrou ser uma equipa em óptima forma física e capaz de chegar a ter quatro homens a pressionar o portador da bola, não é menos verdade que aquilo que já vi o Sporting fazer esta época me diz que, sim, a eliminatória é dura, o adversário complicado, mas era o que faltava não termos equipa para vencê-lo. E essa ideia saía reforçada de cada vez que Ruiz enxovalhava o central matacão, de cada vez que Mané acelerava (vão assobiar o raio que vos parta ao meio, pode ser?), de cada vez que William recuperava bolas, de cada vez que Coates parecia ainda maior do que aquilo que já é. O problema estava na cabeça, não nas pernas. Uma cabeça dividida entre a vontade de ganhar este jogo e aquela máxima de que o campeonato é a prioridade (até os adeptos pareceram chipados). E não colocando em causa a importância da conquista do campeonato (sim, precisamos dele como de pão para a boca), é óbvio que nenhum adepto gosta de sentir que quem lá está dentro apenas fica “semi-fodido” por perder e, com razão, milhares e milhares lembrarão que o Sporting nunca foi clube de dizer que tinha que abdicar do que quer que fosse para lutar pelo campeonato.

Não é fácil gerir esta sensação, bem pelo contrário. Resta-nos tomar uma aspirina, mudar o chip e, segunda-feira à noite, apoiar a equipa como temos feito até agora.