A pressão era máxima e não havia forma de disfarçá-lo: a visita ao Estoril, reduto onde o Sporting tem regularmente deixado pontos nas últimas épocas, colocava à prova uma equipa sem margem para errar e a quem a derrota no dérbi havia dado um rude golpe na alma.

E foi consciente da importância do jogo que os Leões se atiraram aos canários desde o primeiro minuto. Pressão alta, total ausência de espaço para o adversário e Slimani a inventar um golo de levantar qualquer estádio. À entrada da área, o argelino domina, vê Ruiz solto na esquerda, mas opta por tirar um defesa da frente e disparar uma bomba colocadíssima. Explosão de alegria num estádio pintado de verde e branco, onde os adeptos leoninos deixaram claro que, no que depender deles, este campeonato está longe de estar terminado.

O Estoril mal passava do meio-campo, o Sporting tinha total domínio da partida e só falhava no transformar em jogadas de golo a posse de bola que era cada vez maior (mesmo com a vontade do bem conhecido Mota em equilibrar a balança, numa sucessão vergonhosa de faltas a favor do Estoril). Ainda assim, Teo teve oportunidade de fazer o segundo e Ruiz voltou a deixar os adeptos leoninos de mãos na cabeça, falhando o remate após uma “assistência de coice” inventada por Slimani. E seria esta dupla, em papéis invertidos, que fabricaria o segundo golo, mesmo em cima do intervalo. Teo foge bem à esquerda, Ruiz troca a habitual diagonal por uma arrancada rumo à linha final. O cruzamento nem sai bom, mas Slimani aproveita a ausência de sincronia entre o redes e o lateral esquerdo para subir a primeiro andar e ampliar a vantagem.

Resultado justo ao intervalo, num jogo que ficaria decidido assim que surgisse o terceiro. Teo teve a oportunidade de fazê-lo, mas chegou tarde ao desvio. Na resposta, o Estoril consegue libertar-se pela primeira vez e Mendy surge isolado na cara de Patrício, com o número um de Alvalade a ser enorme na saída aos pés do avançado. O Sporting continuava a dominar, mas já sem a pressão do primeiro tempo, o que permitia à equipa da linha subir um pouco mais. Ganhava espaço o ataque leonino, mas os lançamentos acabavam invariavelmente por ficar curtos ou por serem demasiado longos. Jesus troca Teo por Bruno César e a equipa desliga-se. Em falência física, Aquilani já não era o fiel escudeiro de William e Ruiz não parecia capaz de preocupar os médios defensivos adversários como havia feito o colombiano.

Ainda assim, à passagem do minuto 70, João Mário tem nos pés a oportunidade de matar o jogo: recepção fantástica, domínio de craque, falhanço inacreditável na cara do redes ao tentar colocar a cereja de trivela no topo do bolo. Do lado contrário, primeira grande desatenção defensiva do Sporting e… golo do Estoril. Faltavam cerca de 15 minutos e o jogo voltava a ficar em aberto. Não porque o Estoril se mostrasse capaz de criar jogadas de golo, mas porque a concentração leonina já não era a mesma e porque os jogadores mostravam ser humanos e sentir o peso dos três pontos em disputa.

No último segundo, Patrício seguraria a vitória depois de uma bola perdida e mal resolvida na área, dando novamente a liderança do campeonato a um Sporting que justificou plenamente os três pontos, mas que correu o risco de voltar a perdê-los em função do desacerto ofensivo. Valeu o suspeito do costume, Slimani, o mesmo que não deverá tardar a ser castigado (a não ser que estejam à espera das idas ao dragão e à pedreira), num cenário que leva, obrigatoriamente, os adeptos leoninos a perguntarem «e quando tu não estiveres, Slimani?»