Recuemos ao início desta temporada atribulada, intensa e imprópria para cardíacos. Começámos o campeonato tal como terminámos o transato – com um saboroso título, ainda mais arrecado a quem foi! (O Algarve teve mais encanto vestido de verde e branco). Começámos bem! E todos, mas todos mesmo, em todas as frentes, desde o plantel aos adeptos, desde o staff à curva sul, de norte a sul do país, nas ilhas e por todo o mundo, envergámos as nossas cores e com dentes cerrados partimos para a luta!

Ao longo de todos os minutos disputados, os nossos rapazes deixaram a força anímica em campo e nós, nas bancadas, demos as nossas vozes (que nem mesmo roucas se calaram). Transformámos uma onda verde num brutal tsunami arrasador! Arrepiámos tudo e todos com “O Mundo Sabe Que”. Protagonizámos vitórias históricas e bailámos ao ritmo dos golos soberbos assinados pela turma do leão rampante! Vivenciámos reviravoltas históricas e cheia de garra! Assinámos por baixo a revolta de uma impunidade sentida no campeonato português, que o nosso Presidente fez chegar aos holofotes da comunicação social.

No entanto, e em grande parte devido ao último ponto que acabo de enunciar, a luta foi 90% das vezes desigual. O sentimento de injustiça apoderou-se, com toda a certeza, de toda uma nação verde e branca que ainda acreditava, que se a justiça divina existe-se, havia-se de “escrever direito por linhas tortas”. Mas no fim, nada disso aconteceu. No entanto, desengane-se quem ache que este império de corações de leão gravado deitou a toalha ao chão. Somos daquela raça que nunca, mas nunca verga. Caímos de pé nesta luta desigual e apesar de campos inclinados e jantaradas pelo Museu da lampionagem, perdão, Cerveja, à mistura, soubemos ser uns autênticos leões e a nunca desistir porque a crença naquela equipa era mais que muita.

Eles e nós fizemos o nosso trabalho, a nossa parte, aquela que nos competia. Muitos foram os jogadores, do nosso plantel, a agradecer o apoio avassalador que ao longo da época foi prestado. Não têm de quê. Obrigada, nós rapazes! Obrigada por nunca terem desistido e por terem verdadeiramente honrado esta verde e branca tão especial. Esta época foi um verdadeiro espelho, do que é o nosso lema. O esforço impressionante, uma dedicação sem igual, uma devoção sem limites e a glória, essa, não foi sentida nos níveis apoteóticos que gostávamos que tivesse atingido, mas fica com toda a certeza um sentido de dever cumprido, porque agora o Sporting Clube de Portugal está onde merece, no topo e na luta, para futuramente se voltar a pintar Portugal de verde e branco.

E em agosto quando tudo começar de novo, quando voltar a sentir as pulsações a mil, porque o Sporting vai jogar, nós estaremos todos lá. Tal como em todos os jogos que se disputou por esta temporada fora. E vai ser tal e qual como aquele cântico, que os que foram apoiar a nossa equipa nos derradeiros 90 minutos na pedreira entoaram: “Cá estaremos cá estaremos, Para o ano outra vez, Na liga da mentira, No campeonato português.” A bazófia lampiã levou a melhor, mas com certeza não será sempre assim.

ESCRITO POR Margarida Bibe
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]