Rúben Semedo foi o jogador que mais o surpreendeu no V. Setúbal?
Não, não foi. Mas ele vem do Sporting como médio defensivo. O Jorge Jesus chegou a utilizá-lo nessa posição. Eu achei que tinha qualidades para central, porque era um jogador rápido. Quando queres jogar em pressão alta precisas desse tipo de jogadores e não há muitos centrais como ele. Tem um jogo aéreo fortíssimo, tem qualidade a sair a jogar. Mas surpreendeu-me pela personalidade ao não ter medo de assumir.

Semedo foi um pedido seu?
Sim. Na altura andávamos à procura de soluções e sabíamos que o Sporting estaria disponível para emprestar o Rúben. Eu disse logo que sim, até porque podíamos utilizá-lo como médio-defensivo ou como central. Avançámos logo. Neste ano ele também acaba por ter alguma… sorte, entre aspas, porque jogava numa equipa de ataque. Quando ele chega ao Sporting e tem de jogar numa defesa subida, acaba por não estranhar, porque jogávamos de uma forma quase igual.

Disse que Jorge Jesus utilizou-o como médio-defensivo. Sente que também tem a sua parcela de responsabilidade pelo facto de Rúben Semedo ter conseguido assumir-se como titular na defesa do Sporting?
[risos] Não quero estar agora a dizer que fui eu. Mas o Rúben estava a ter alguma dificuldade como médio-defensivo no Sporting e naquela altura faltava o William. O espaço dele no Sporting não era muito na altura. O que faz com que ele regresse ao Sporting é essa capacidade, que demonstrou connosco, de jogar numa defesa com um bloco alto. Jesus deve ter visto essas qualidades que ele tinha: facilidade com que conseguia anular o adversário, o jogo aéreo e a facilidade na construção do jogo. É evidente que ele cometeu erros no Vitória que não poderia cometer no Sporting e eu disse-lhe isso na altura. Se falhasse uma vez, dificilmente teria uma nova oportunidade. Eu dei-lhe essa confiança. Se não lhe desse essa liberdade, ele não era o mesmo jogador e não tinha evoluído.

Esperava que ele chegasse ao Sporting e se assumisse rapidamente como titular?
Ele também aproveitou o facto de alguns jogadores terem levado cartões e outros se terem lesionado. Nas oportunidades que teve demostrou que tinha capacidade. Naldo e Paulo Oliveira são bons jogadores, mas ele acabou por demonstrar que podia ser ele o dono daquele lugar.

Mas ficou surpreendido?
Não. Ele fez 16 ou 17 jogos connosco. E Jesus viu que ele tinha qualidades para jogar num grande. Conseguiu antecipar-se e quis o regresso dele. Perceberam rapidamente todas as qualidades que ele tem.