«Ena pá, os gajos quase nem treinaram e já estão todos na equipa principal!»
O pensamento terá passado pela cabeça de dezenas de milhares de Sportinguistas, ao verem o onze escolhido por Jorge Jesus para iniciar a partida contra o Wolfsburg. Com o regresso dos Aurélios o técnico não perdeu tempo em colocar em campo a equipa que na época passada tão boa conta deu do recado e a música foi, obviamente, outra.

A turma de Alvalade entrou mantendo os bons velhos hábitos: posse de bola, pressão alta, vontade de mandar no jogo. E, aos poucos, o cerco à área de equipa alemã foi-se fazendo sentir. João Mário deixou o primeiro aviso, depois fez cheirar a golo, a passe de Bryan Ruiz. Golo que viria poucos minutos depois, pelo inevitável Slimani, aproveitando um erro do central para, com classe e tecnicismo, enviar a bola para o fundo da baliza.

Por esta altura já Bruno César (em grande forma) de perfilava como uma das figuras da partida e depois do centro que havia resultado no golo do argelino, o chuta chuta calibrou a mira e enviou uma bomba a rasar o poste. Com a corda toda, o brasileiro brincou ao tiki taka com Bryan e com João Mário e foi derrubado quando entrava na área. Penalti claro que Adrien Silva não desperdiçou, dando um colorido ao marcador pelo qual Alvalade ansiava.

William ia dominando tudo ao seu redor, mas com o passar dos minutos aquele ritmo da primeira meia hora foi diminuindo e o Wolfsburg teve, então, oportunidade de chegar-se à frente. Altura para ver uma defesa leonina bem calibrada e para, mesmo em cima do intervalo, ver Rui Patrício voar e ir buscar uma bola de golo que parecia indefensável. Era a cereja no topo do bolo de uma primeira parte capaz de encher a barriga aos adeptos verde e brancos (mesmo com meia equipa sem ritmo).

No recomeço, Iuri surgiu no lugar de João Mário, mas a viu-se que a tarefa do jovem Leão não seria fácil. A equipa estava claramente em curva descendente e a entrada para o segundo tempo mostrou isso mesmo: agora eram os alemães a terem mais bola e a dominarem o rumo da partida. Não criavam grande perigo, é verdade, mas o jogo entrava naquele banho maria que nunca deixa perceber bem o que se seguirá. Palhinha entrou para o lugar de Adrien, Alan Ruiz substituiu Slimani e os adeptos leoninos abriram ao boca de espanto pelo facto de Barcos ficar no banco e de Jorge Jesus não o testar ao lado de Bryan na frente de ataque.

Mas era lá atrás que alguém continuava a brilhar: Rui Patrício, claro, agora liderando uma defesa onde João Pereira e Jefferson eram os laterais e sentiam dificuldades para acompanhar as arrancadas de uma das surpresas da noite, o jovem Donkor. Seria, aliás, ele a marcar o golo do Wolfsburg, numa altura em que Naldo e Ewerton eram a dupla de centrais e em que Aquilani, Podence e Matheus já estava em campo. Os alemães acreditaram no empate e pressionaram, o jogo entrou numa espiral de agressividade e só não acabou de forma menos bonita porque os nossos meninos puxaram dos galões. Primeiro Palhinha recuperou, de para Matheus e este serviu Podence para um remate que o guarda-redes parou. Depois, grande jogada entre Iuri, Matheus e Podence, colocando Aquilani na cara do golo para um falhanço inacreditável.

Teria sido um bonito ponto final no jogo, mas o essencial estava conseguido: manter o Troféu em casa e sossegar os adeptos mais inquietos. É que com o quinteto fantástico composto por Rui, William, Adrien, João Mário e Slimani, a dança táctica do Leão é completamente diferente e o muito talento dos restantes elementos do plantel surgirá com maior facilidade. Não tão fácil será ir buscar os dois ou três jogadores que virão fechar o plantel, a não ser que Jesus esteja certo e uma das peças desta máquina bem oleada rume a outras paragens, garantindo um encaixe financeiro que permitirá atacar o mercado com a carteira recheada.