“Fomos desagradavelmente surpreendidos pelo facto de a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), através de um vice-presidente – Paulo Bernardo -, ter dispensado do cargo de Técnico Nacional o director técnico do Departamento de Atletismo do Sporting Clube de Portugal, Carlos Silva.

Fora uma decisão de carácter técnico ou profissional e nada haveria a dizer ou apontar. Sucede, porém, que a comunicação foi feita por telefone sob a justificação de que as funções exercidas por Carlos Silva no Sporting são incompatíveis com as que exercia, até agora, na Federação. Deste modo, a FPA ficou sem qualquer técnico nos seus quadros ligado ao Sporting CP. Mas, eis que permanecem em funções dois técnicos do Benfica, Pedro Rocha e João Abrantes, a quem se somam mais uns quantos ligados a outros clubes.

Ou seja, o regime de incompatibilidades decretado pela Federação Portuguesa de Atletismo apenas se aplica ao Sporting CP, já que outros técnicos podem continuar a exercer funções simultâneas nos clubes e na FPA.

Parece assim verificar-se uma ligação privilegiada a, pelo menos, um clube, uma vez que o responsável do Gabinete Médico da FPA, Ricardo Antunes, é, ao mesmo tempo, médico do Benfica sem que se entenda também que existe qualquer conflito de interesses ou incompatibilidade. E, para cúmulo que nos abstemos de qualificar, a actual directora do atletismo do Benfica e responsável pelo gabinete olímpico do clube, Ana Oliveira, exerce também funções técnicas em uma federação.

Não é admissível o que aconteceu com o Carlos Silva que, além de falta de educação e respeito, classifica mal uma federação que devia pautar a sua conduta pelo respeito pelo trabalho efectuado pelo técnico e não abona nada à sua isenção e independência face aos clubes. Na verdade, o que daqui resulta é que a FPA aparenta ter espírito sectário e estar ao serviço de um anti-sportinguismo primário”.