caparecord-2017-01-03-3fdba3«NA LUZ HAVIA UMA GARRAFA DE ÁGUA PARA 18 PESSOAS»
RECORD – Um presidente deve dar assim tanta importância e protagonismo a comentadores ligados ao Benfica? Não se deveria preocupar unicamente com aquilo que o presidente rival diz?
BRUNO DE CARVALHO – Se apenas comentasse o que o meu rival diz, então era o homem mais feliz do Mundo, porque só tinha de falar uma vez por ano.

R – Era uma forma de o fazer…
BC – Respondo com uma pergunta: repararam quantos foram os meses em que apenas deis os parabéns a equipas e atletas? Têm noção? Há muita gente que não tem.

R – Voltou ao registo do ‘passado’ a partir de outubro…
BC – Não voltei ao registo! Reagi, porque já estava demais. E para reagirmos a assuntos vamos buscar vários fatores. Dizem assim: ‘Ele está a falar desta pessoa’. Uso a pessoa para falar de um assunto. Para não parecer maluco, tenho de utilizar uma pessoa para falar. Estou-me a borrifar para a pessoa em si. Aliás, o maior bicho-papão [Pedro Guerra], eu já lá estive cara a cara e percebi que a montanha pariu um rato. Eu pego nisso e depois falo é do assunto. Dos títulos, dos vouchers, dos assuntos que para mim, enquanto presidente do Sporting, não consigo pactuar com toda a manipulação que é feita. Uma mentira repetida várias vezes pode tornar-se uma verdade. O que tenho de fazer? Tenho de dar um murro na mesa! Há exercícios para o ‘tico e o teco’. Mas como eles [comentadores] não fazem este tipo de exercícios, eu falo no assunto e eles ficam duas semanas a falar sobre isso, colocando o meu assunto na mesa de discussões. Combato as mentiras, obrigo-os a contar mais mentiras e eles vão ficando danados. Tenho de arranjar o tal exército para fazer tudo isto.

R – Era aí que íamos chegar. É o presidente do Sporting que se está a dar ao desgaste perante os comentadores …
BC – Mas isto remete-nos para a entrevista enquanto candidato [publicada ontem por Record]. Tenho de arranjar o tal exército. Comecei por estar farto, depois irritado e nos últimos tempos parecia o maluquinho à janela. Tenho de alterar isso. Mas há coisas… Tenho pena, por exemplo, quando me fazem a pergunta sobre os comentadores. Eu sei que não devia entrar por aqui, mas por exemplo, a mim custa-me tudo aquilo que se diz de mim e depois saber… As pessoas têm de ter conhecimento do que é o mundo do futebol e a hipocrisia do que é este mundo. Ainda por cima vejo inúmeros artigos a vangloriarem a personalidade de certas pessoas e a mandarem-me sempre abaixo. Conto apenas um episódio que me chateia que nenhum comentador do Sporting tenha tido a frontalidade de o dizer, pois é preciso acabar com este mito do culto de personalidades na televisão e nos jornais.
Quando o Sporting corta relações com o Benfica, fizemos uma proposta que visava a ‘extinção’ dos lugares lado a lado na tribuna nos dérbis. O que se devia fazer era o mesmo que nos países civilizados: um camarote para um e um camarote para o outro. Porreiro. Se já acho mal para os outros clubes, quanto mais entre clubes com relações institucionais cortadas… Ao contrário do que toda a gente julga, acho que o futebol português deve dar uma imagem de elevação. Eles iam para a tribuna, nós faríamos o mesmo. Ficavam com um camarote. Na tribuna são 8 pessoas e no camarote eram 18. Ainda nos pediram 4 senhas adicionais e, se bem me lembro, demos. Ou seja, no total foram 22 pessoas do Benfica. Nós fazíamos o mesmo lá. Primeira coisa que eu queria que as pessoas soubessem: vieram as 22 pessoas… mais oito. Aceitaram o acordo, mas vieram as 22 pessoas para o camarote, mais 8 para a tribuna. Segunda coisa: vamos nós lá, em pleno verão. Nos órgãos sociais do Sporting há pessoas com 70 e 80 anos. Um calor descomunal. Não foram para a tribuna mas sim para o camarote. Chegados lá, havia uma mesa com uma água no meio, para 18 pessoas.

R – Uma garrafa de água?
BC – Sim. Uma única garrafa de água em cima da mesa. Acabou a água e depois de falarem com uma pessoa que estava lá do clube, tentaram pedir mais água. A resposta foi: ‘Não. Se quiserem mais água, vão encher a garrafa à casa de banho’. Mas, no entanto, eu tenho, de há 4 anos para cá, de ouvir que sou um labrego, um bélico, um bruto, que tenho uma personalidade ‘sui generis’ e quiçá condenável… Mas isto aconteceu. O que eu queria era que os sportinguistas que têm voz não esperassem que fosse o presidente a dizer tudo. Este tipo de atitudes é que demonstram uma personalidade ‘sui generis’. E não preciso de dizer mais nada… Não tenha dúvidas de que a pessoa que disse isto teve a coragem de o dizer e de o fazer pois sentia as costas quentes. Toda a gente diz que tenho um discurso bélico e a verdade é que desde que cheguei ao Sporting nunca houve nenhum incidente que fosse causado por elementos vinculados ao clube. Como é que um líder de discurso bélico consegue que, até hoje, não tenha acontecido nada? Como?

«JESUS CONTINUA A SER O HOMEM CERTO POR TUDO»
Apesar da distância pontual para o primeiro lugar do campeonato, o presidente do Sporting mantém a convicção de que os leões vão festejar em maio, fala sobre o atual momento do clube, aborda questões de mercado e ainda lança algumas ‘farpas’ ao Benfica.

RECORD – Continua a acreditar que Jesus é o homem certo no lugar certo?
BRUNO DE CARVALHO – Claro que sim! Por tudo: pelo conhecimento que tem do futebol e pelo trabalho magnífico que tem estado a fazer. Infelizmente, a verdade dos factos é que podíamos estar à frente do campeonato e não estamos, devido a erros de um árbitro [Jorge Sousa]. Podíamos estar à frente e de certeza absoluta que os resultados seguintes teriam sido diferentes, pois haveria outra mentalidade, outra disponibilidade. Depois, também se acha que os jogadores são robôs… É lógico que não podemos retirar a responsabilidade dos jogadores. Estamos a falar de pessoas que ganham muito dinheiro e que têm de ser altamente profissionais. Mas a verdade é que também têm o seu lado de ser humano. Continuamos com uma fé inabalável de que maio está longe e que ainda vamos ser felizes. Mas Jorge Jesus… Sem dúvida nenhuma! Tem tudo para continuar a ser o nosso treinador. Este projeto do Grande Sporting tem de envolver grandes coisas. Portanto… temos de ter um grande treinador.

R – Mas o investimento feito na contratação de Jorge Jesus não obriga à conquista de títulos?
BC – Mas, neste momento, nós apenas por azar saímos da Europa. De resto, estamos ainda a discutir as três competições em Portugal. Se cumprirmos os restantes objetivos definidos para esta época, será uma temporada maravilhosa.

R – E se não ganharem títulos? O lugar de Jorge Jesus está em risco?
BC – Não. Não. Nada disso!

R – Sem falsas esperanças e deixando o politicamente correto, o Sporting vai a tempo de ser campeão?
BC – O Sporting ainda está muito a tempo de ser campeão. Verifiquem só o que aconteceu na época passada. Por esta altura, há cerca de um ano, perguntavam-me se estava contente e eufórico e eu sempre disse que não. Nunca me interessou ser campeão de inverno. Portanto… isto está parecido. Porque é que não pode acontecer o contrário?

R – Assumiu a ‘culpa’ pelo empate (3-3) do Sporting em Guimarães. Fez isto para proteger a equipa?
BC – Exatamente, porque… Espero que depois não me falem do assunto Marco Silva, porque já garanti que só irei falar sobre isso no dia certo e no momento exato…

R – Certo.
BC – Fiz exatamente o que um líder deve fazer. Quando as pessoas que trabalham consigo fazem um trabalho sério e são leais, merecem que o líder dê o corpo às balas e que assuma a culpa. Foi o que fiz.

R – Não vencer o título esta época, com o dobro do investimento em salários do que em 2015/16, será o mais duro golpe desde que assumiu a presidência do Sporting?.
BC – Se já lhes disse o quanto sofro com cada resultado negativo… Se esse cenário for uma realidade, vai ser… [prolongado silêncio] uma infelicidade… bem, tenho a minha mãe, o meu pai, as minhas filhas… certamente será uma das maiores infelicidades que terei na vida.

R – Ganhar a Taça de Portugal e a Taça CTT é o mínimo exigível?
BC – Neste momento, continuamos a exigir os três títulos nacionais. E estamos confiantes nos três. Agora, no dia em que deixar de sofrer… Só para terem uma ideia, eu sofri na primeira [época]! Sofri horrores quando não ganhei o primeiro e não tinha um centavo!

R – Aquele em que o Sporting ficou em 7.º lugar?
BC – Nada disso! Na época de Leonardo Jardim. Nesse ano, do 7º lugar, sofri horrores, mas foi com o que vi e assisti. Aquela conversa do jogo a jogo foi importante para acalmar os adeptos, mas nós lá dentro o que queríamos era ganhar.

R – Não foi frustrante a forma como o Sporting saiu da Europa?
BC – Sem dúvida. Até o próprio treinador o mencionou. Ficamos todos muito tristes. Ele até disse algo que vai ao encontro do raciocínio que sempre tive, que o Sporting tem de ter e que ele também tem: o nosso objetivo era continuar na Liga dos Campeões. Fantástico. Depois, foi dito pelo treinador, que o facto de nos podermos qualificar para a Liga Europa não iria retirar aquilo que era o nosso objetivo. Magnífico. É isso mesmo. Quando nem à Liga Europa vamos… foi um dia de profunda tristeza e consternação para todos nós.

R – Tendo como base o seu discurso (e também o de Jesus), estavam a apontar já para a conquista da Liga Europa esta temporada?
BC – As pessoas têm de ter os pés assentes na terra e obrigatoriamente teremos de começar pelo nacional e só depois passar para o plano internacional. A Liga Europa é muito mais exequível do que a Liga dos Campeões. Vamos ter de trabalhar muito para lá chegar, mas quem sabe… Na Grécia, perguntaram-me sobre a Liga Europa e a minha resposta foi simples: estando nessa competição, o meu objetivo é atingir a final. Mas isso… Se me pergunta qual é o meu desejo para a Liga dos Campeões, é ir à final. Agora, digo-lhe o seguinte: se o Sporting não tivesse tido o azar descomunal que teve na Polónia [pára de falar]… Bem… uma das músicas de que mais gostei da Seleção portuguesa foi uma que era ‘quero mais, quero mais’.

R – “Menos ais, menos ais. Queremos muito mais”…
BC – Exatamente! Sempre gostei dessa música [Hino da Galp, ‘Quero Mais’, de 2004] e não quero ser eu a fazer isso no Sporting. O raciocínio tem de ser esse. Deixar a coisa do azar, do árbitro e afins. Temos de conseguir resultados. Ponto! Não conseguimos, mas foi um jogo de manifesto azar para o Sporting. Mas temos de saber ultrapassar em campo os azares. Se temos continuado na Liga Europa, penso que tínhamos tudo para fazer uma excelente carreira. Daí a tristeza e a consternação.

R – Mas é ‘só’ isso que tem limitado a equipa? O que falta para sustentar a candidatura ao título?
BC – O futebol pode ser dividido em quatro partes: 25 por cento para o treinador; 25 por cento para o plantel; 25 por cento a comunicação social e 25 por cento para a comissão de arbitragem e a comissão de disciplina. Passando todos os exageros, mantenho esta opinião. De há um ano para cá, houve mudanças no conselho de arbitragem, as quais considero muito positivas. Não consigo deixar de olhar com tristeza para aquilo que foi a atuação do árbitro no dérbi, mas isso não retira a minha alegria por ver a mudança que foi feita e a vontade que se tem demonstrado em continuar a mudar. Temos de continuar a deixar que esta comissão faça o seu trabalho. Ainda há muito ‘velho do Restelo’ dentro das estruturas e ninguém consegue fazer todas as alterações de um momento para o outro. Estão a fazer uma rutura e isso leva tempo. Mais cedo ou mais tarde, a comunicação social também vai dar o devido destaque às coisas boas que o Sporting faz. Sinceramente, acho que o João Mário é um rapaz giro. Além de ser um fabuloso jogador, acho que é giro. Não percebo porque é que não teve direito a capas. É por ser careca? Foi a maior venda de sempre de um jogador português a atuar em Portugal e há outros jogadores que já tiveram dezenas de capas e ele… nada. Porquê? Acham que isso não tem influência? Quando se veem capas com uma série de jogadores e se diz: ‘clube x vai fazer 200 milhões em vendas’. E, afinal, quem podia ter chegado a esse valor éramos nós. Sem dúvida! Se eu tivesse vendido tudo, cuidado! Ui, Jesus. Vocês sabem lá as propostas que cá chegaram…

R – Por Adrien, William e Patrício…?
BC – Ui…! Sim, sim… foi demais! Mas são exatamente este tipo de coisas que movimentam. Quando falo de comunicação social, é exatamente para perceber quando é que estarão dispostos a deixar cair um mito. O mito de que existe um clube que representa quase Portugal inteiro. Porque isso influencia tudo! Empresas, políticas, árbitros, tudo! É tão poderoso, tão poderoso que influencia tudo! Por isso é que a comunicação social está nos tais 25 por cento. Não é para dizer mal. Agora, se é tudo favorável [ao Benfica], se mesmo quando estão na mó de baixo, estão na mó de cima… Criou-se este mito que é terrível. E o pânico é transversal à sociedade. Parece que há uma entidade que é um ‘bicho-papão’ e que o resto não tem direito a existir.

«VITÓRIA NO RESTELO TIROU-ME UM GRANDE PESO DE CIMA»
RECORD – Pela primeira vez desde que assumiu a presidência do clube, sentiu a contestação dos adeptos… (Nacional, por exemplo, esta temporada). Como reagiu?
BRUNO DE CARVALHO – Foi um dos momentos que eu já referi e que a pessoa [Pedro Madeira Rodrigues] se esqueceu de que fui eu que fui lá para fora, sozinho. Adepto a adepto, sócio a sócio. Eles queriam este e aquele. E fui dizendo aos jogadores e treinadores para entrarem diretamente no autocarro. Fui eu que estive ali. Depois vinha a polícia e eu dizia: “Em paz!”. Os adeptos disseram o que tinham para dizer; eu disse o que tinha a dizer. Houve contestação. É um facto. E quem esteve lá fui eu. Não me venham com histórias. Faço-o porque tem de ser assim. Hipocrisias de fingir muita satisfação… isso não. Sou altamente agradecido a toda a gente e em praticamente todas as minhas intervenções referem a importância do 12º jogador. A contestação é uma novidade? Temos de saber conviver com isto. Para mim, especificamente, não foi uma novidade.

R – Não nos recordamos de atitudes de contestação idênticas desde que assumiu a presidência…
BC – Está bem. Mas para mim, enquanto sportinguista, isto não é nenhuma novidade.

R – Estávamos a falar de Bruno de Carvalho enquanto presidente.
BC – Aí sim. Foi uma novidade enquanto presidente, mas mal falei com os adeptos parou tudo. E no jogo a seguir, tivemos novamente uma assistência magnífica. Isso, para mim, é que é de realçar. Porque é perfeitamente legítimo que as pessoas mostrem a sua preocupação e a sua contestação. É sinal de que se preocupam! E muito daquele aperto no coração, eu também o partilho. Tenho o meu aperto e o de mais de 3 milhões e meio de pessoas, porque eu também sinto. Mas é que ninguém tenha dúvidas disto. Só quem convive comigo é que sabe quem sou eu enquanto pessoa a sofrer por este clube. No entanto, dou sempre a cara. Mas muito mais importante: houve contestação, sim. Mas, este é um Sporting completamente distinto. As pessoas sentiram que foram ouvidas, confiam na pessoa com a qual falaram e pararam de imediato. Fomos embora e as pessoas aplaudiram o autocarro. No jogo a seguir, em Alvalade, o estádio estava com uma mancha tremenda. São estas atitudes que me aumentam a responsabilidade. Não sou capaz de olhar para o lado, ver as coisas e nada fazer. Vocês chamam-lhe contestação, eu chamo-lhe frustração. Contestação é o que havia antigamente: pedradas, carros partidos, estádio vazio… Aquilo foi uma coisa normal. No Restelo, por exemplo, o Sporting podia ter ficado com uma distância ainda maior para os rivais e os adeptos não pararam de acreditar, apoiando de uma forma incrível a equipa. Por isso é que me senti na obrigação de ir ter com eles no final do jogo, agradecer-lhes.

R – Essa vitória, no Restelo, tirou-lhe um grande peso de cima?
BC – A mim tirou-me um grande peso de cima como presidente, porque acho que era uma injustiça total. Tirou-me enquanto sportinguista, pois acho que é de uma injustiça total nós estarmos na posição em que estamos. E tirou-me perante as pessoas porque eu só olhava e pensava ‘não é justo, não é merecido’. E mesmo para a própria equipa. Mais uma vez, não era merecido que não tivéssemos ganho ao Belenenses. Um caudal ofensivo tremendo e… mais uma vez poderíamos ter tido um mau resultado. Vá lá, acabaram-se os ‘ais’… Ao contrário do que toda a gente pensa, não tenho o coração ao pé da boca. Tudo o que digo é pensado milimetricamente. Mas há uma coisa de que não sou capaz, que é fingir que não tenho responsabilidade. Quando vim para o Sporting sabia que ia ter nas minhas costas o coração de 3 milhões e meio de pessoas que acreditam e confiam.

«QUESTÃO DOS 22 TÍTULOS É DE ELEMENTAR JUSTIÇA»
RECORD – O que o leva a ter tanta certeza sobre a questão dos 22 títulos?
BRUNO DE CARVALHO – É de elementar justiça! No próprio site da FPF está escrito que o campeonato de Portugal é aquele que apura o campeão da modalidade. Confrontada com esta questão, a comunicação social recebe uma resposta [por parte da FPF] que diz ‘não interessa a definição, o que interessa são os documentos’ e não fazem mais nada…! Então, mas está escrito no site da FPF e depois, afinal, há um documento? Portanto, há um documento em 1900 e carqueja, mas esse documento andou sempre perdido quando se construiu o site e quando se fizeram as normais atualizações ao mesmo, certo? Andou sempre perdido! Foi um documento que nunca deu origem a nada, a não ser vantagens a outros. Estará num Relatório e Contas? Vá lá que não está escrito num guardanapo depois de um almoço qualquer… Desculpem lá, mas não percebo como é que ainda por cima sou gozado devido a esta questão. O Conselho de Arbitragem está a fazer um bom trabalho, mas tenho muitas dúvidas existenciais quanto ao resto…

«GELSON AINDA TEM MUITO PARA CRESCER»
RECORD – Em que ponto se encontra a renovação de Gelson Martins?
BRUNO DE CARVALHO – O homem tem contrato até 2021…!

R – Certo, mas terá de concordar que tendo como base aquilo que ele está a fazer esta temporada, o seu contrato deveria ser revisto em alta, colocando-o ao nível dos habituais titulares, ou não?
BC – Terei de concordar que vocês estão desatentos aos salários que se praticam em Portugal…

R – Portugal enquanto país, ou está apenas a falar no futebol?
BC – No futebol, claro. Portugal país… coitado. Por isso é que eu às vezes olho para o futebol e fico completamente exaurido com os valores. Há titulares noutras equipas que ganham o que o Gelson Martins ganha atualmente.

R – Está a falar de equipas com os mesmos objetivos, certo?
BC – Equipas com os mesmos objetivos. Portanto… vamos com calma. Nem ele está nervoso, e isso vê-se pelas suas exibições, nem eu estou nervoso.

R – E, perante a resposta que o jogador tem dado esta época, acredita que poderá manter Gelson no final desta temporada?
BC – Por isso é que eu falo no perfil que um presidente deve ter: caráter, ‘know-how’, estômago, etc., etc., etc., porque ser presidente não é só ter um sonho ou amar o clube. Das coisas mais difíceis é esse equilíbrio, porque estamos a falar de pessoas, do que são os desejos do Sporting e os desejos de cada um dos jogadores e conciliá-los. Mas aí eu peço imensa desculpa, dentro desta democracia que é o Sporting, a relação é que no fim do dia a decisão é do Sporting.

R – De Bruno de Carvalho, então…
BC – Do Sporting. Se o presidente é o Bruno, decide o presidente. E tem sido assim. Desde que cheguei que me dizem que o William Carvalho ia sair. Agora é o Gelson e depois não sei quem…

R – Mas o William não saiu porque ainda não apareceu a proposta certa, ou seja, os 45 milhões de euros da cláusula de rescisão.
BC – Se aparecer a proposta certa, o que posso eu fazer? Outro ponto que tenho aqui de alertar: fui muito gozado pela comunicação social quando estabeleci que seriam 60 milhões de euros [nas cláusulas de rescisão] para avançados e 45 milhões para todos os outros jogadores. Todos começaram a imitar-me…

R – Mas há também as cláusulas ‘inusitadas’ de Cissé e Tanaka…
BC – Mas já lhes disse: na minha cabeça é tudo limpinho e compartimentado. Essa coisa do ‘feeling’… isso é música. E música não é comigo. Avançados: 60 M€; todos os outros 45 M€. É menos uma discussão na altura de definir os pormenores dos contratos. Chame-se Afonso, Manel, Joaquim, Itiquique ou Corucucu. Não me interessa. É a regra que está estabelecida e não tenho qualquer discussão com os agentes. É menos uma. E vocês não sabem o que é discutir contratos… E isto é até ao dia em que não me apeteça meter os avançados com 150 M€. E vocês vão ver jogadores na equipa B com cláusulas de 100 milhões. Não me interessa. Se me apetecer, é assim. Querem, querem. Não querem, não querem. Cada um gere como acha que deve gerir. Eu criei esta regra.

R – Mas Slimani não tinha uma cláusula de 60 M€ [n.d.r.: a cláusula estaria fixada em 30 M€].
BC – Cuidado… Cuidado…

R – Pelo menos publicamente…
BC – Cuidado… Vá, próxima pergunta [risos].

R – Pelos ecos que recebeu do mercado, acha que os 60 M€ fixados na cláusula de Gelson serão suficientes para evitar a saída do jogador a curto prazo?
BC – O Gelson Martins é um miúdo espetacular e, desta vez, estou a falar como pessoa, que como jogador já toda a gente percebeu o que ele vale. Tem muito para crescer. Atenção que não estou a mandar recados a ninguém, porque até nem sinto nele vontade de sair do Sporting. A verdade é que às vezes na vida cometemos erros. E no Sporting cometiam-se erros, quer num lado quer no outro: as direções que não sabiam o que estavam a fazer e os atletas, que não tinham ninguém que lhes fosse capaz de dizer ‘não’ por isto, isto, isto e isto. Por muito que não gostem de ouvir, os jogadores devem sair na altura certa. Isto é uma casa, uma família, e às vezes os nossos pais dão-nos na cabeça. Mas não é isso que faz com que deixem de ser os nosso pais e que deixem de querer o nosso bem. Quando sai de casa e vai para a casa de outro, ou é o ‘ser’ perfeito, ou começa a levar forte e feio. Os jogadores devem sair daqui com dois fatores: terem dado títulos ao Sporting e estarem preparados para enfrentar a alta competição. Neste momento, acho que o Gelson ainda não tem nem um, nem outro. É a minha opinião.

R – Então o Bruno de Carvalho é da opinião de que Gelson Martins deve esperar, pelo menos, mais uma temporada antes de sair?
BC – Não sei se será mais um ano ou não. Eles podem achar tudo, menos que eu não sou justo, sincero e frontal. Se eu chegar à conclusão de que, no final da época, ele já tem tudo… então só faltará que venha a verba que eu quero. Não me parece que, com a idade que ele tem, atinja já o que pode atingir. É muito diferente crescer em casa do que lá fora, onde é só assobios. E depois querem voltar. Acreditem que eu já assisti a isso. Acho que o Gelson é um jogador tremendo e considero-o inteligente o suficiente para o continuar a ver com a mesma humildade, com a mesma vontade apesar de tudo o que é dito. Por isso quando digo que é um assunto em que estamos os dois muito calmos, é porque é mesmo verdade.

R – Nestes últimos meses, já algum clube o convidou para se sentar e discutir a compra do Gelson?
BC – Não.

R – Esperava mais de alguns jogadores que vieram no verão?
BC – O Jorge [Jesus] tem uma maneira muito particular de jogar. É um treinador diferente e é por isso que é o melhor. O Jorge sabe o que quer e como quer, em cada posição, em cada momento. Os jogadores têm de se adaptar a isto. Porque não é tudo ao ‘molho e fé em Deus’, tendo fé na capacidade criativa de cada um. É isso que eu gosto no Jorge. É muito metódico e, a partir do último terço do terreno, venha lá a criatividade toda à tona. Há jogadores que assimilam mais rápido e há jogadores que assimilam menos rápido. Infelizmente para o Sporting, os jogadores estão a assimilar menos rápido. Mas acho que estamos no bom caminho. Com o Jorge Jesus, os jogadores têm de estar muito bem preparados para mudar o que sabem e reaprenderem um pouco, isto tudo sem perderem as suas características individuais e a criatividade. Têm de saber mudar o chip, pois o Jorge sabe muito bem aquilo que pretende para cada posição.

R – Então, a chegada tardia de alguns jogadores, pode explicar a má primeira metade de época?
BC – Claro. Não ajudou. Não ajudou. Foi o que deu para fazer. Mas o que eu gostava enquanto presidente do Sporting é que os adeptos continuem a acreditar naquilo que foi ouvido no final do mercado. Que de facto temos o melhor plantel dos últimos tempos. Possivelmente, se tivessem cumprido a pré-época estariam num estado de adaptação mais avançado.

«NÃO VAMOS PERDER DINHEIRO COM ALAN RUIZ»
RECORD – O Alan Ruiz custou 8 milhões de euros ao Sporting. Não acha que é um valor excessivo?
BRUNO DE CARVALHO – Eu bem sei que estamos a falar de Sporting, mas lá tenho eu de abrir o leque para o futebol português: este valor, e pegando nas palavras de Jesus, é ‘peanuts’ para o que os outros fazem!

R – Não é nada! 8 M€ é muito dinheiro. Seja para que clube for.
BC – Não brinquem comigo! Há 550 mil transferências de 8, 9 ou 10 M€. Do Sporting, sim. Certo. Calma! O que digo é que o Alan acabou de chegar e não veio para Lisboa em forma. Esteve a trabalhar para recuperar a forma e é um daqueles jogadores que de facto ainda tem um longo caminho a percorrer até perceber o que é o Sporting e a metodologia de treino de Jorge Jesus. Mas isso… temos a obrigação de o fazer entender rapidamente estas duas coisas. Agora, que ele tem valor para esse dinheiro e que não vamos perder dinheiro com ele, isso tenho a certeza.

R – O empréstimo de Markovic é o que mais dúvidas levantou até agora, até pela expectativa criada. Esperava mais?
BC –Markovic vai continuar até ao final da época e acho que será um jogador importante. Temos de dar tempo ao tempo. O talento está todo lá e acho que, mais cedo ou mais tarde, vai explodir. Ele nos últimos anos tem muitos jogos nas pernas? Não me parece. Tinha um grau de exigência enorme quando trabalhou com o Jesus. Depois jogou pouco e agora está a voltar. É quase como alguém que faz todos os dias 10 quilómetros e que, durante dois anos, faz apenas 100 metros. Depois colocam-nos novamente nos 10 quilómetros e chega o ‘ai’. Markovic tem de ultrapassar o ‘ai’ o mais depressa possível. O campeonato é longo e é por isso que temos plantéis.

«É UMA QUESTÃO DE TEMPO ATÉ COATES SER DO SPORTING»
RECORD – Quanto a Coates, é público que o Sporting quer manter o jogador em definitivo. Como estão as negociações com o uruguaio?
BRUNO DE CARVALHO – Há uma cláusula de compra de 5 milhões de euros. É uma questão de tempo até Coates ser jogador do Sporting a título definitivo. Sem dúvida nenhuma.

R – A saída do João Pereira obriga o Sporting a ir ao mercado?
BC – Não.

R – O treinador ainda não lhe pediu um lateral-direito?
BC – Ainda não.

R – E há alguma explicação para o Meli não conseguir ser opção nem na Taça CTT, onde normalmente jogam os menos utilizados?
BC – Essa é uma questão que deveria ser colocada ao treinador e não ao presidente. Compreendo que o Meli tenha sido ‘prejudicado’ com a chegada do Elias. Tapou-lhe possivelmente o espaço…

R – Então não estará nos planos do Sporting ativar a opção de compra por este jogador, certo?
BC – Vamos ver. O grande problema de Meli foi de facto a entrada de Elias. Podia chegar alguma coisa interessante para o Adrien e então contratámos o Elias. Como ficaram todos… o Meli perdeu espaço.

R – Pegando pela continuidade de Adrien, manter o capitão foi uma das maiores ‘contratações’ que fez para esta temporada. Foi um processo complicado?
BC – Adrien é alguém que me agrada muito enquanto profissional e também como pessoa. Está no lote dos atletas mais bem pagos do Sporting, por isso também não podemos olhar para o Adrien e pensar: ‘Coitado, está a passar por uma situação terrífica’. Além disso, é sportinguista de alma e coração. Ele e a família toda. Por isso, acho que foi muito bom, quer para o Sporting quer para o jogador.

R – Mas foi feita ao Adrien a promessa de uma eventual saída em janeiro ou no final desta época?
BC – Respondo de uma forma abrangente: nunca, jamais, em tempo algum hei de prometer alguma coisa a alguém. Jogadores, treinadores, dirigentes, nunca. Nunca! ‘Não sais agora para saíres daqui a uns tempos’. Zero. Simples. Até porque a mim ninguém me promete nada também. E quem disser, como eu ouvi, que prometi alguma coisa, é falso. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca. Somos todos muito crescidos e temos de saber gerir as emoções. Eu também gostava de estar no 1º lugar, de ter sido campeão três vezes e de ter ganho a Liga dos Campeões. A vida é mesmo assim.

R – Há a hipótese de Bryan Ruiz ser negociado para a Turquia?
BC – Nada. Não chegou proposta nenhuma e estou ansioso que ela chegue para poder dizer que não.

R – Bryan Ruiz tem mais um ano de contrato. É para renovar?
BC – Possivelmente.

«ESTAMOS A TRAZER PATRIMÓNIO PARA O CLUBE»
RECORD – Para quando está prevista a inauguração do novo pavilhão?
BRUNO DE CARVALHO – Para o primeiro trimestre de 2017. Gostava de inaugurar antes das eleições, mas gostava que as pessoas tivessem uma noção clara: esta vontade não tem nada a ver com as eleições. Nada! Vivi a minha infância na Assembleia da República, mas não tenho nada de político no meu sangue. É pura e simplesmente para que as equipas tenham um local só deles. É um drama o que se passa atualmente com as modalidades.

R – Mas não tem uma baliza temporal mais reduzida?
BC – Infelizmente não. Espero poder dizer alguma coisa durante este mês. Tem sido das coisas que mais tenho pedido, porque isto é uma família. Os jogadores são como filhos para mim, apesar de terem o dobro do meu tamanho.

R – Será este o grande legado que pretende deixar aos sócios?
BC – É, sem dúvida, uma das minhas grandes honras. Mas o meu grande legado é um dia poder meter ali [na parede que tem as fotografias de todos os presidentes do clube] a minha fotografia. Significa que ainda há clube, pois por esta altura podia nem haver a parede. Vou dizer aos meus netos: ‘Tu és do Sporting porque com a ajuda de uma série de pessoas, o teu avô conseguiu pegar num clube que ia falir e transformá-lo no grande Sporting’. Esse será o meu legado. O pavilhão é um orgulho. É uma obra importantíssima, pois estamos a trazer património para um clube que foi delapidado do seu nos últimos anos, tudo sem aumentar o endividamento.

R – Além do futebol, o Sporting fez um grande investimento em praticamente todas as modalidades mais emblemáticas, como o andebol, o hóquei, o atletismo e o futsal. Qual é o plano?
BC – Ser campeão em tudo. Fazer o pleno. E ainda continua a ser.

R – Mas no hóquei está difícil…
BC – Pleno. É o meu objetivo.

«EU SOU ‘CONDENÁVEL’ E AO OUTRO SUSPENDEM-LHE O CASTIGO?»
RECORD – Tem sido um dos grandes críticos ao trabalho do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD)…
BRUNO DE CARVALHO – Acho inacreditável como é que o TAD se dá ao luxo de não ser factual e de fazer comentários sobre a minha personalidade ou o meu caráter. Aquela frase hedionda ‘da personalidade sui generis, quiçá condenável’ já vinha quase igual da decisão do último CD. Isto não é admissível. Como é que é possível termos uma decisão exatamente ao contrário da minha em termos de personalidade e perfil? ‘A este senhor vamos retirar o castigo porque senão irá denegrir’, foi mais ou menos isto, ‘a imagem do senhor [Luís Filipe Vieira]’. Então eu sou condenável socialmente e o outro, para não o ser, suspendem-lhe o castigo? Sou muitas vezes acusado de ter um discurso agressivo. Até hoje, só me viram uma vez numa situação de stress. E houve um apagão coletivo. Foi quando fui presidente do Sporting e deixei de ser 2 minutos depois. E viram-me numa situação em que estava mãe, pai, filha e mulher a serem ameaçados e ainda por cima deixei de ser presidente. Acabei de perder o meu sonho de criança sem saber ler nem escrever da forma mais hedionda, pois bastava que o juiz tivesse dado provimento e tivesse entrado naquela sala e… havia uma foto [olha para a fotografia de Godinho Lopes] que não estava ali. E se calhar o Sporting tinha menos 100 M€ de dívidas. E se calhar até já tínhamos comemorado títulos… O que é que eu fiz? Bastava uma palavra minha e o estádio vinha abaixo. E eu parei com tudo. Onde é que se conjuga o bélico, agressivo e de coração na boca?

«CARLOS PINHO? UMA VEZ ESTÁ BEM. DUAS JÁ NÃO»
RECORD – Consegue explicar, com esta distância, o que realmente se passou no túnel de Alvalade, após o jogo com o Arouca?
BRUNO DE CARVALHO – Saí do jogo com o Arouca satisfeito. Havia alguém que me diz muito que, no fim, tinha sido assistida pelos bombeiros, pois não se tinha sentido bem. Fiquei preocupado. Ainda por cima, não podia ir ter de facto com a pessoa [Joana Ornelas] pois a nossa relação ainda não era pública. Pedi para chamarem o meu pai da tribuna. Acabo por conseguir falar com a pessoa, que me diz que, mesmo sentindo-se mal, vai pegar no carro e vai ao hospital. Imagine a minha preocupação… Durante os jogos bebo muita água e, por isso, estava com uma enorme vontade de ir à casa de banho. O meu pai começa a demorar e eu acabo por perguntar ao Vasco [Santos], o nosso responsável pela segurança: ‘Estou aflito para ir à casa de banho’. E foi-me dito: ‘Há aqui uma mesmo em frente, que é na sala do doping’. Não conhecia. Aliás, vou-lhes dizer que, até ao dia de hoje, ainda não entrei uma vez no balneário visitante. Não tenho interesse, por isso nunca lá fui. Seguindo… Sorte do destino, estou a sair da casa de banho e cruzo-me com o presidente do Arouca. Ele passa e… para mim é igual.

R – Mas há uma troca de palavras.
BC – Ele passa por mim, dá dois passos, vira-se e diz qualquer coisa como ‘você é um vigarista, um mentiroso’. Fecho a porta e borrifo-me. A minha preocupação estava na outra pessoa. O meu pai continua a não descer e eu cada vez mais preocupado. Eis senão quando, já depois da passagem do Jefferson e do Campbell, vem o [Carlos] Pinho, de dedo levantado, a dizer ‘você é um vigarista’. Eh lá! Uma vez está bem. Duas já não. A única coisa que lhe disse foi: ‘O que é que você quer?’. E toda a gente vê que quando ele mete o dedo no ar coincide comigo a inspirar o fumo do cigarro eletrónico. O senhor empurrou-me! Ora, se tiver fumo dentro da boca e se lhe der uma pancada na barriga, o fumo sai-lhe. A partir daí só perguntei aos delegados se estavam a escrever o que se estava a passar.

R – E depois o que se passou?
BC – Já dentro do carro, através do rádio, ouço uma pessoa do Arouca a dizer baboseiras. O que é que a comunicação social fez? Disse que um dirigente do Arouca disse isto e isto. Não. O Joel é filho do presidente e isso muda tudo. ‘O filho do presidente do Arouca, que por acaso também é diretor desportivo, e porteiro e lavadeira, etc., disse o seguinte’. Ele está a falar do pai. Se o meu pai tivesse sido cuspido ou agredido eu não tinha aquele discurso hermético. Passava era o tempo seguinte a tentar apanhar e abocanhar a pessoa que tinha feito aquilo. Primeiro: quem é que acredita que alguém que vê o pai a sofrer tudo aquilo que ele disse, está perfeitamente estruturado numa conferência de imprensa? Segundo: então se ele tivesse sido cuspido, que para mim é das coisas mais de verme que uma pessoa pode fazer, não era a primeira coisa que ele dizia? É preciso ter uma capacidade de encaixe tremenda para aguentar aquilo que aguentei. Veio uma vez e depois voltou. Questiono é a segunda. Não há história aqui? Já me tinha chamado vigarista e mentiroso do não sei o quê. Outra vez porquê?

«SÃO PRECISOS 40 MILHÕES PARA MANTER MAIORIA NA SAD»
RECORD – Os bancos vão passar a deter 154 milhões em VMOC?
BRUNO DE CARVALHO – Estava previsto na restruturação financeira, tal como o prolongamento das VMOC até 2026.

R – Na sua opinião qual seria a melhor solução? Esperar por 2026 ou resgatar antes ?
BC – Para cumprir com aquilo que eu acredito ser o Sporting, que é manter a maioria na SAD, teremos de resgatar cerca de 40 M€. Esqueçam o resto. O Sporting mantém a maioria na SAD e não me interessa quem é que está do outro lado. Para sermos honestos, podemos considerar que esses 40 milhões de euros são dívida, pois fazem parte de uma promessa que eu sempre fiz aos sócios. Simples.

R – E o investidor de 18 milhões, quem é?
BC – Não digo. Posso esclarecer que já investiu, esse dinheiro já entrou, mas por agora não digo a ninguém de quem se trata.

entrevista sacada do site Tu Vais Vencer