Como vão ter oportunidade de verificar, se continuarem a ler, o título nada tem a ver com a crónica desta semana. Mas dá para lançá-la para que cada um de vós a apanhe e siga com ela apertada debaixo do braço.
Desde o princípio, aquando o meu pequerrucho começou a mostrar inclinação para o desporto da bola oval, houve algumas coisas que me foram dando algumas indicações, e desfazendo medos.
A dificuldade que ele tinha e tem em comunicar, e por conseguinte em fazer amigos, a sua constante predileção por estar sozinho, ou a brincar sozinho. No parque perto de nossa casa não foram raras as vezes em que tive que acalmar mamãs e papás que corriam esbaforidos a retirar os seus pimpolhos de ao pé daquela criança que gesticula muito e não fala… Depois o rapazito tinha e tem um pouquinho mais de força que a média da malta da idade dele… e as diferenças de opinião eram resolvidas de forma quase sempre… física.
Já nesses tempos recuados o bebé levava a bola oval (e o espírito oval) para onde quer que fosse…
Mais tarde houve uns comportamentos que eu observei quando íamos ao Estádio Universitário de Lisboa ver os nossos Lobos jogar… No fim dos jogos ele queria sempre ir para o relvado, ter com os jogadores de que gostava, pedir autógrafos, e eu andava que nem uma barata tonta à procura dele, por vezes deixava de o ver.
E entrava em pânico, como quase todos os pais, que de repente se veem rodeados de estranhos e sem contacto visual com os filhos.
Totalmente ao contrário da minha reação natural, os pais dos putos, quando eles lhes diziam que iam a algum sítio, e com quem iam, deixavam-nos ir sem stresses, e depois eles encontravam-se sempre…
Tratavam os filhos como indivíduos, davam-lhes responsabilidade… e aqui só me lembrei da minha meninice, de jogar às escondidas até às duas da manhã no Verão, ir jogar futebol a pé 5, 6 km, pela berma da estrada… e tive saudades.
Comecei a pouco e pouco a perder o medo que o meu pequeno se perdesse, a confiar nele, e a dar-lhe confiança, começou ele mesmo a arranjar amigos, que não o punham de parte, que o respeitavam, que o ajudavam na procura de autógrafos. Que quando o reencontravam vinham pedir-me para ele ir com eles, pois estavam 4 ou 5 filas na bancada mais abaixo…
O rugby trouxe o meu pequeno de volta à minha infância, proporcionou-lhe confiança nele próprio, e confiança dele nos amigos. Deu-lhe o sentido de responsabilidade, do dever. E trouxe-lhe amigos, e um resto de infância feliz, e também por isto eu agradeço ao Rugby e tanto, tanto, ao nosso Clube que tão bem o recebeu.
*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio
12 Janeiro, 2017 at 17:50
Quanto mais confiança se transmite melhor os vossos filhos se desenvolvem!… um dia, pela ordem natural da vida, não estaram cá para os amparar.
A melhor maneira de o fazerem é à distância, deixá-lo cair e ve los levantar… mesmo que isso leve algum tempo e vos doa na alma.
A nossa força vem de dentro… nunca dos pais!
Tenho a certeza que o teu rapaz vai ser um campeão e muito feliz!
Para cada mão há uma luva!
( a minha avó dizia me isto em criança,… demorei a entender o provérbio… mas faz todo o sentido )
Ele já encontrou a sua! 😉
12 Janeiro, 2017 at 18:01
( Escondinho, só para dizer que li e que está mais um texto brutal. Não deixas grandes hipóteses de dizermos mais alguma coisa. 🙂 )
( Ah, posso dizer isto : )
O teu filho é um LEÃO!
12 Janeiro, 2017 at 18:49
+1. Muitos parabéns pelo que escreveu!
SL
12 Janeiro, 2017 at 18:27
Eu sei… é Leão e Indomável.
12 Janeiro, 2017 at 18:36
boa malha escondidinho…
como não há raguebi por aqui vejo futebol americano.
12 Janeiro, 2017 at 20:53
Bom texto. Deixa-me acrescentar-lhe este artigo: http://www.elmundo.es/papel/todologia/2017/01/11/5874d407268e3e6f3a8b45bc.html
SL
12 Janeiro, 2017 at 21:53
Na mouche. Caro Antão, os meninos da turma do meu pequeno brincam consigo, vão às festas de anos uns dos outros, etc… e desde os 3/4 snos de idade.
O meu vai dormir fora, vai sozinho para estágios, com os colegas, vai para a Academia e para a A.R.S. e não há cá choradinho…
Afinal acho que o título tinha algo a ver com o texto 😉
12 Janeiro, 2017 at 22:38
Valentes Cumps, Escondidinho. Abraços para ti e para o pimpolho de outro ex rugbista 😉 SL
13 Janeiro, 2017 at 0:30
Só mesmo para dizer que tens um grande leão e que por mais ou menos comentários que esta crónica tenha, nunca deixes de escrever que gosto muito destes teus textos 🙂
13 Janeiro, 2017 at 10:00
Adorei o texto 🙂
13 Janeiro, 2017 at 17:59
Escondinho é um prazer ler tudo o que escreves
A capacidade que tu e o teu pequeno tiveram de dar a volta a um estereotipo
A capacidade que tiveste de lhe dar independência para o tornar mais forte (sou pai e sei o quanto é difícil o fazer)
A capacidade que tiveste de o fazer apaixonar pelo Rugby e pelo Sporting
e acima de tudo a capacidade que tens de me fazer ficar preso nos teus textos e voltar a apaixonar por um desporto que de leve pratiquei e só nos grandes torneios costumo acompanhar
forte abraço para ti e para o teu campeão
SL